quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

3358 - GUERRA RUSSO-JAPONESA

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História do Partido Comunista (Bolchevique) da URSS
Comissão do Comitê Central do PC(b) da URSS
Capítulo IV — Os Mencheviques e os Bolcheviques Durante o Período da Reação Stolypiniana. Os Bolcheviques Passam a Formar um Partido Independente (1908-1912)

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5 — A Conferência do Partido em Praga (1912) — Os bolcheviques passam a formar um Partido marxista independente.

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A luta contra os liquidacionistas e os "otsovistas", assim como a luta contra os trotskistas, criava aos bolcheviques a tarefa imediata de reforçar a coesão de todos os bolcheviques e de formar com eles um Partido bolchevique independente. Era isto absolutamente necessário, não só para acabar com as tendências oportunistas dentro do Partido, tendências que semeavam a discórdia entre a classe operária, como, além disso, para levar a termo a obra de concentrar as forças da classe operária e prepará-la para o novo avanço da revolução.

Porém, para poder cumprir esta tarefa, era necessário, antes de tudo, limpar o Partido de oportunistas, de mencheviques.

Agora já nenhum bolchevique duvidava de que a convivência dos bolcheviques com os mencheviques num só partido era algo inconcebível. A conduta traidora dos mencheviques durante o período da reação stolypiniana, suas tentativas de liquidar o Partido proletário e de organizar um novo partido, de tipo reformista, levaram à ruptura com eles. Convivendo num partido com os mencheviques, os bolchevistas assumiam de um modo ou de outro uma responsabilidade moral pela conduta daqueles. E os bolcheviques não podiam, de modo algum, carregar com nenhuma responsabilidade moral pela conduta descaradamente traidora dos mencheviques, a menos que quisessem converter-se também eles em traidores do Partido e da classe operária. A unidade com os mencheviques dentro de um só partido convertia-se, pois, numa traição à classe operária e ao Partido desta. Era necessário, portanto, levar a termo a ruptura efetiva com os mencheviques, romper com eles de um modo formal e orgânico, expulsá-los do Partido.

Este caminho era o único pelo qual se podia restaurar o Partido revolucionário do proletariado, com unidade de programa, unidade de tática e unidade de organização de classe.

Era o único caminho pelo qual se podia instaurar dentro do Partido uma unidade efetiva (e não meramente formal), unidade que havia sido quebrada pelos mencheviques.

Tal era a tarefa que a VI Conferência geral do Partido tinha de cumprir, conferência preparada pelos bolcheviques.

Porém este problema não era mais que um dos aspectos do assunto. A ruptura formal com os mencheviques e a formação de um partido a parte com os bolcheviques constituíam, indubitavelmente, uma tarefa política muito importante. Mas se apresentava aos bolcheviques, além disso, outra ainda mais importante. Não se tratava somente de romper com os mencheviques e constituir um partido independente, mas se tratava, antes de tudo, de criar, rompendo com os mencheviques, um novo partido, de criar um partido de novo tipo, um partido diferente dos partidos social-democratas correntes dos países ocidentais, um partido livre de elementos oportunistas e capaz de conduzir o proletariado à luta pelo Poder.

Em sua luta contra os bolcheviques, todos os mencheviques, sem distinção de matizes, desde Axelrod e Martinov até Martov e Trotsky, se serviam invariavelmente de armas obtidas no arsenal dos social-democratas do Ocidente da Europa. Queriam possuir na Rússia um partido como, por exemplo, o Partido social-democrata alemão ou francês. E lutavam contra os bolcheviques, precisamente porque pressentiam neles algo novo, insólito, diverso da social-democracia ocidental. E que eram, então, os partidos social-democratas do Ocidente? Uma mistura, um conglomerado de elementos marxistas e oportunistas, de amigos e inimigos da revolução, de partidários e adversários da causa do Partido, numa conciliação ideológica gradual dos primeiros com os segundos e uma submissão gradual e efetiva daqueles a estes. Conciliação com os oportunistas, com os traidores da revolução, em nome de quê?, perguntavam os bolcheviques aos social-democratas da Europa Ocidental. Em nome da "paz dentro do Partido", em nome da "unidade", respondiam-lhes. A unidade com quem, os oportunistas? Sim, respondiam aqueles; com os oportunistas. Era evidente que partidos assim não podiam ser partidos revolucionários.

Os bolcheviques não podiam deixar de observar que, depois da morte de Engels, os partidos social-democratas da Europa Ocidental haviam começado a degenerar de partidos da revolução social em partidos de "reformas sociais", e que todos eles se haviam convertido, como organizações, de forças dirigentes em simples apêndices de seus próprios grupos parlamentares.

Os bolcheviques não podiam desconhecer que um partido assim não é capaz de conduzir a classe operária à revolução.

Os bolcheviques não podiam desconhecer que o proletariado não precisa de partidos como estes, porém de um partido diferente, novo, um autêntico Partido marxista, irreconciliável em sua atitude frente aos oportunistas, e revolucionário em sua atitude frente à burguesia, um partido que fosse o Partido da revolução social, o Partido da ditadura do proletariado.

Um partido assim, um partido novo deste tipo, era precisamente o que os bolcheviques aspiravam criar. E, com efeito, os bolcheviques criaram, forjaram este partido. Toda a história de sua luta contra os "economistas", os mencheviques, os trotskistas, os "otsovistas", os idealistas de todos os matizes, até chegar aos empiro-criticistas, não era, precisamente, senão a história da preparação deste tipo de partido. Os bolcheviques aspiravam forjar um partido novo, o Partido bolchevique, que pudesse servir de modelo para quantos quisessem criar um partido marxista autenticamente revolucionário. Este era o Partido que os bolcheviques vinham preparando já desde os tempos da velha "Iskra". Entregaram-se à sua preparação tenaz e ardorosamente, destruindo todos os obstáculos. Neste trabalho de preparação desempenharam um papel decisivo trabalhos de Lenin tais como "Que Fazer?", "As duas táticas", etc. O livro de Lenin "Que Fazer?" preparou ideologicamente este tipo de partido. Seu livro "Um passo adiante, dois passos atrás" preparou-o no terreno da organização. O livro "As duas táticas da social-democracia na revolução democrática" o preparou no terreno político. Finalmente, o livro de Lenin "Materialismo e Empiro-eriticismo" o preparou no terreno teórico.

Pode-se afirmar com segurança que jamais houve na história nenhum grupo político tão conscientemente preparado para formar um partido, como o grupo bolchevique.

Em tais condições, a formação de um Partido bolchevique independente era algo perfeitamente preparado e amadurecido.

A missão da VI Conferência do Partido consistia em coroar a obra, já madura, com o ato da expulsão dos mencheviques e a formação de novo partido, do Partido bolchevique.

A VI Conferência nacional do Partido se celebrou em Praga, em janeiro de 1912. Estiveram representados nela mais de 20 organizações do Partido. Formalmente, teve, portanto, a mesma importância de um Congresso.

Na circular sobre a Conferência, depois de comunicar a reconstituição do aparelho central do Partido, que havia sido destruído, e a criação do C. C, dizia-se que os anos de reação eram os anos mais duros por que havia passado o Partido desde a constituição da social-democracia russa como organização definida. Porém, apesar de todas as perseguições, apesar dos terríveis golpes assestados de fora e da traição e das vacilações dos oportunistas dentro dele, o Partido do proletariado havia mantido de pé sua bandeira e sua organização.

"A social-democracia da Rússia não só lograra manter indenes sua bandeira, seu programa, seus postulados revolucionários, senão que havia mantido também sua organização, que poderia ter saído quebrantada e debilitada, porém que nenhuma perseguição lograra aniquilar", dizia-se na circular de convocação da Conferência.

A Conferência de Praga registrou os primeiros sinais do novo auge do movimento revolucionário da Rússia e da reanimação do trabalho do Partido.

Pelos informes dos delegados, a Conferência comprovou que

"entre os operários social-democratas de base se desenvolve em todas as partes um enérgico trabalho destinado a fortalecer os grupos e organizações clandestinas da social-democracia".

A Conferência pôde comprovar que na base se acatava por toda parte a norma mais importante da tática bolchevique durante o período de recuo, a de combinar o trabalho clandestino com o trabalho legal nas diversas sociedades e agrupamentos operários deste caráter.

Na Conferência de Praga foi eleito um Comitê Central bolchevique. Dele faziam parte: Lenin, Stalin, Ordzhonikidze, Sverdlov, Spandarian, Goloshchekin e outros. Os camaradas Stalin e Sverdlov foram eleitos na ausência deles, pois se achavam deportados. Entre os membros suplentes do C. C. foi designado o camarada Kalinin.

Estabeleceu-se um centro de caráter pratico para a direção do trabalho revolucionário na Rússia (o Bureau russo do C. C), à frente do qual se pôs o camarada Stalin. Faziam parte dele, além deste, os camaradas I. Sverdlov, S. Spandarian, S. Ordzhonikidze, M. Kalinin e Goloshchekin.

A Conferência de Praga fez o balanço de toda a luta anterior dos bolcheviques contra o oportunismo e resolveu expulsar do Partido os mencheviques.

Depois da expulsão dos mencheviques, ficou constituído, nesta conferência o Partido bolchevique independente.

Havendo liquidado ideologicamente e no terreno da organização os mencheviques com sua expulsão do Partido, os bolcheviques conservaram a velha bandeira do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, nome que o Partido bolchevique continuou usando até o ano de 1918, com a palavra "bolchevique" acrescentada entre parênteses.

Referindo-se aos resultados da Conferência de Praga, escrevia Lenin a Gorki, em começos de 1912:

"Por fim, se logrou, em que pese a canalhada dos liquidacionistas, fazer renascer o Partido e seu Comitê Central. Espero que você se alegrará disto conosco". (Lenin, t. XXXIX, pág. 19, ed. russa).

E o camarada Stalin, valorizando a importância da Conferência de Praga, dizia:

"Esta Conferência teve uma enorme importância na história de nosso Partido, pois delimitou os campos entre os bolcheviques e os mencheviques e uniu as organizações fie todo o país num Partido bolchevique único". (Atas taquigráficas do XV Congresso do P. C. (b) da U.R.S.S., págs. 361-362).

Depois da expulsão dos mencheviques e da constituição dos bolcheviques em partido independente, o Partido bolchevique aumentou em solidez e fortaleza. O partido se fortalece ao depurar-se dos elementos oportunistas: eis uma das consignas do Partido bolchevique, como partido de novo tipo, diverso do princípio dos partidos social-democratas da Segunda Internacional. Os partidos da Segunda Internacional ainda que de palavra se chamassem marxistas, de fato toleravam dentro de suas fileiras os adversários do marxismo, os oportunistas descarados, permitindo-lhes decompor e pôr a pique a Segunda Internacional. Pelo contrário, os bolcheviques mantinham uma luta intransigente contra os oportunistas, limpando o Partido proletário do lixo do oportunismo e conseguindo criar um partido de novo tipo, Partido leninista, o Partido que mais tarde havia de conquistar a ditadura do proletariado.

Se os oportunistas permanecessem dentro das fileiras do Partido proletário, o Partido bolchevique jamais teria podido marchar para seus objetivos e arrastar com ele o proletariado, jamais teria podido tomar o Poder e organizar a ditadura proletária, jamais teria podido sair vencedor da guerra civil, jamais teria podido edificar o socialismo.

Nas resoluções da Conferência de Praga se destacaram como consignas políticas fundamentais e imediatas as reivindicações que formavam o programa mínimo do Partido: a República democrática, a jornada de 8 horas e a confiscação das terras dos latifundiários.

Com estas consignas revolucionárias, os bolcheviques realizaram a campanha eleitoral à quarta Duma.

Com estas consignas se desenvolveu o novo auge do movimento revolucionário das massas operárias nos anos de 1912 a 1914-.

Resumo
O anos de 1908 a 1912 foram um período dificílimo para a atuação revolucionária. Depois da derrota da revolução, sob as condições do declínio do movimento revolucionário e do cansaço das massas, os bolcheviques mudaram de tática e passaram da luta aberta contra o czarismo à luta por meios indiretos. Sob as duras condições da reação stolypíniana, os bolcheviques aproveitaram as menores possibilidades legais para manter a ligação com as massas (desde as associações operárias de socoiTos mútuos e os sindicatos até a tribuna da Duma) e acumulavam, incansavelmente, forças para o novo auge do movimento revolucionário.

Na dura situação criada pela derrota da revolução, pela derrubada das correntes de oposição, o desengano quanto à revolução e a acentuação dos ataques revisionistas de uma série de intelectuais desertores do Partido (Bogdanov, Basarov, etc.) contra os fundamentos teóricos deste, os bolcheviques acreditaram ser a única força dentro do Partido que não enrolaram sua bandeira, que se mantinham leais a seu programa e rechaçavam os ataques dos "críticos" da teoria marxista (livro de Lenin "Materialismo e Empiro-criticismo"). A têmpera ideológica marxista-leninista e sua capacidade para compreender as perspectivas da revolução ajudaram o núcleo fundamental dos bolcheviques, estreitamente agrupados em torno de Lenin, a defender a causa do Partido e seus princípios revolucionários.

"Não é em vão que dizem que somos firmes como a rocha", escrevia Lenin, lalando dos bolcheviques.

Durante este período, os mencheviques vão-se afastando cada vez mais da revolução. Convertem-se em liquidacionistas, exigem a liquidação, a destruição do Partido clandestino, revolucionário, do proletariado, apartam-se cada vez mais abertamente do programa do Partido e de suas tarefas e consignas revolucionárias, e tentam organizar seu próprio partido, um partido reformista, que os operários batizam com o nome de "partido operário stolypiniano". Trotsky ajuda os liquidacionistas, cobrindo-se farisaicamente com a consigna da "unidade do partido", que significava, na realidade, a unidade com os liquidacionistas.

De outra parte, um grupo de bolcheviques, incapazes de compreender a necessidade de dar uma viragem para novos métodos, para métodos indiretos de luta contra o czarismo, exige que se renuncie à utilização das possibilidades legais e que se retirem os deputados operários da Duma. Este grupo, o dos "otsovistas", pressiona o Partido para romper suas ligações com as massas, entorpece a concentração de forças para o novo avanço da revolução. Disfarçando-se com frases "esquerdistas", renuncia, na realidade, à luta revolucionária, tanto quanto os liquidacionistas.

Liquidacionistas e "otsovistas" se unem contra Lenin num bloco, o Bloco de Agosto, organizado por Trotsky.

Os bolcheviques triunfam na luta contra os liquidacionistas e os "otsovistas" na luta contra o Bloco de Agosto e defendem com êxito o Partido proletário clandestino.

O acontecimento mais importantedeste período é a Conferência de Praga do P.O.S.D.R. (Janeiro de 1912). Nesta Conferência foram expulsos do Partido os mencheviques e se acabou para sempre com a convivência formal de bolcheviques e mencheviques num só partido. Os bolcheviques deixaram de ser uni grupo político para formar um partido independente: o Partido Operário Social Democrata da Rússia (bolchevique). A Conferência de Praga assentou as bases para um partido de novo tipo, para o Partido do Leninismo, para o Partido bolchevique.

A depuração do Partido proletário mediante a eliminação dos oportunistas, dos mencheviques, levada a cabo pela Conferência de Praga, teve uma grande e decisiva importância para o futuro desenvolvimento do Partido e da revolução. Se os bolcheviques não tivessem expulsado do Partido os traidores da causa operária, os oportunistas mencheviques, o Partido proletário não teria podido conduzir as massas à conquista da ditadura do proletariado no ano de 1917.

continua>>>

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Este texto foi uma contribuição do

Inclusão 15/11/2010


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