quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

3359 - GUERRA RUSSO-JAPONESA (CONTINUAÇÃO)

MIA > Temática > Imprensa Proletária > Novidades

<<< Índice

História do Partido Comunista (Bolchevique) da URSS
Comissão do Comitê Central do PC(b) da URSS
Capítulo V — O Partido Bolchevique Durante os Anos do Auge do Movimento Operário, Anteriores à Primeira Guerra Imperialista (1912-1914)

--------------------------------------------------------------------------------

1 — O apogeu do movimento revolucionário durante os anos de 1912 a 1914.

--------------------------------------------------------------------------------

O triunfo da reação stolypiniana não durou muito tempo. Um governo que nada queria dar ao povo, exeeto o chicote e a forca, não podia ser estável. A repressão, à força fartamente distribuída, acabou por não mais assustar o povo. Começou a desaparecer o cansaço que se havia apoderado dos operários nos anos que se seguiram à derrota da Revolução. Os operários tornavam a se pôr de pé para a luta. O prognóstico dos bolcheviques, quando diziam que surgiria inevitavelmente um novo apogeu revolucionário, viu-se confirmado pela realidade. Em 1911 o número de grevistas passou já de 100 mil, enquanto nos anos precedentes nunca havia passado de 50 a 60 mil. A Conferência do Partido, celebrada em Praga em janeiro de 1912, pôde registrar já a reanimação iniciada no movimento operário. Mas quando o movimento revolucionário começa verdadeiramente sua marcha ascendente é nos meses de abril e maio de 1912, ao estalarem as greves políticas de massas provocadas pela chacina dos operários do Lena.

A 4 de abril de 1912, no curso de uma greve declarada nas minas de ouro do Lena, na Sibéria, as tropas, excecutando ordens de um oficial da polícia czarista, fizeram fogo e ficaram mortos e feridos mais de 500 operários. Esta chacina em massa de mineiros inermes, que pacificamente iam parlamentar com a administração das minas, sublevou de indignação todo o país. Este novo crime da autocracia czarista tinha sido perpetrado em proveito dos capitalistas ingleses, donos das minas de ouro do Lena, com o objetivo de esmagar uma greve econômica dos mineiros. Os capitalistas ingleses e seus sócios russos tiraram destas minas lucros fabulosos, mais de 7 milhões de rublos todos os anos, à custa da exploração mais desavergonhada dos operários. Pagavam a estes um salário insignificante e os alimentavam com víveres avariados e podres. Cansados já de tantos abusos e vexames, os 6 mil operários das minas do Lena tinham abandonado o trabalho.

O proletariado respondeu à chacina do Lena com greves, manifestações e comícios de massas em Petersburgo, em Moscou e em todos os centros e regiões industriais.

"Estávamos tão perplexos e tão comovidos — escreviam em sua resolução os operários de um grupo de empresa — que não conseguíamos encontrar as palavras necessárias. Qualquer protesto que tivéssemos formulado teria sido uma sombra débil da indignação que fervia na alma de cada um de nós. Mas não remediaremos coisa alguma com lágrimas e com protestos. A única coisa que nos pode salvar é a luta organizada das massas".

A indignação e a cólera dos operários cresceram ainda mais quando o ministro czarista Makarov, respondendo na Duma a uma pergunta da fração social-democrata a respeito dos motivos da chacina do Lena, declarou insolentemente:

"Assim aconteceu e assim continuará acontecendo".

O número de operários que tomaram parte nas greves políticas de protesto contra a chacina do Lena subiu a 300 mil.

As jornadas do Lena foram um verdadeiro furacão desencadeado na atmosfera de "pacificação" criada pelo regime stolypiniano.

Eis o que a este propósito escreve o camarada Stalin no jornal "Sviesda" ("A Estrela"), de Petersburgo, em 1912.

"As matanças do Lena quebraram o gelo do silêncio e o rio do movimento popular se pôs em marcha. Pôs-se em marcha!... Tudo o que havia de mau e funesto no regime atual, tudo o que martirizava a atormentadíssima Rússia, tudo vinha se condensar em um ponto: nos acontecimentos do Lena. Essa é a razão por que foram precisamente as descargas do Lena que deram o sinal para o movimento de greves e manifestações".

Em vão os liquidacionistas e os trotskistas tinham pretendido enterrar a revolução. Os acontecimentos do Lena revelaram que as forças revolucionárias estavam vivas, que no seio da classe operária se havia acumulado uma massa formidável de energia revolucionária. Nas greves de 1º. de maio de 1912 tomaram parte cerca de 400 mil operários. Estas greves apresentavam um caráter claramente político e se desenvolviam sob as palavras de ordem revolucionárias bolcheviques: República democrática, jornada de 8 horas, confiscação de todas as terras dos latifundiários. Estas palavras de ordem fundamentais estavam concebidas no sentido de unir sob elas para o assalto revolucionário contra a autocracia, não só as grandes massas operárias, mas também os camponeses e os soldados.

"A grandiosa greve de maio do proletariado de toda a Rússia — escrevia Lenin em seu artigo intitulado "O auge da revolução" — e as manifestações de rua reunidas a ela, as proclamações e os discursos revolucionários perante multidões operárias, revelam claramente que a Rússia entrava numa fase de ascenso da revolução" (Lenin, t. XV, 533, ed. russa).

Os liquidacionistas, alarmados diante do espírito revolucionário dos operários, se manifestaram contra a luta grevista, que eles qualificavam de "jogo de azar grevista". Os liquidacionistas e seu aliado Trotsky queriam substituir a luta revolucionária do proletariado por uma "campanha de petições". Propunham aos operários assinar um papelucho, uma "petição", suplicando a concessão de "direitos" (a abolição das restrições do direito de coalizão e greve, etc.) para logo depois entregá-la à Duma. Mas os liquidacionistas só conseguiram reunir ao pé de sua "petição" 1300 assinaturas, enquanto em torno das palavras de ordem revohicionárias lançadas pelos bolcheviques se agrupavam centenas de milhares de operários.

A classe operária marchava pelo caminho traçado pelos bolcheviques.

A situação econômica do país, durante este período, apresentava o seguinte quadro: A paralisação industrial se seguira, já no ano de 1910, uma reanimação da indústria e o aumento da produção nos ramos fundamentais. A fundição de ferro, que em 1910 havia contribuído com 3.046.000 toneladas, contribuiu em 1912 com 4.193.000 e, em 1913, com 4.635.000. A extração de carvão de pedra deu em 1910, 24.930.000 toneladas e em 1913 subiu a 36.265.000.

Ao lado do desenvolvimento da indústria capitalista, cresceu rapidamente o proletariado. O desenvolvimento da indústria se caracterizava pela concentração progressiva da produção nas grandes e poderosas empresas. Em 1901, trabalhavam em grandes empresas mais de 500 operários, isto é, 46,7% de todos os operários do país; em 1910, cerca de 54%, ou seja, mais da metade do total dos operários, trabalhavam em empresas deste tipo. Isto representava uma concentração industrial sem precedentes. Inclusive, em um país tão desenvolvido industrialmente como os Estados Unidos, só trabalhava nas grande empresas, naquela época, uma terça parte, aproximadamente, do número total de operários.

O aumento e a concentração do proletariado em grandes empresas, contando com um partido revolucionário como o Partido bolchevique, convertiam a classe operária da Rússia numa força formidável dentro da vida política do país. As brutais formas de exploração dos operários nas empresas, reunidas ao insuportável regime policial dos esbirros czaristas, davam a qualquer greve um pouco séria um caráter político. E este entrelaçamento da luta política com a luta econômica infundia às greves de massas uma força especialmente revolucionária.

À frente do movimento operário revolucionário marchava o heróico proletariado de Petersburgo, e através dele vinham a região do Báltico, Moscou e sua província, depois a região do Volga e o Sul da Rússia. Em 1913, o movimento se estendeu ao território Oeste, à Polônia e ao Cáucaso. No ano de 1912, o número total de grevistas foi, segundo os dados oficiais, de 725.000, e segundo outros dados mais completos, passou de um milhão de operários; no ano de 1913, tomaram parte no movimento grevista, segundo os dados oficiais, 861.000 operários, e segundo dados mais completos, 1.272.000. Na primeira metade do ano de 1914, tinham-se declarado em greve cerca de 1 milhão e meio de operários, aproximadamente.

Como se vê, o ascenso da revolução durante os anos de 1912 a 1914 e a envergadura do movimento grevista colocavam a Rússia numa situação parecida à dos primeiros meses da revolução de 1905.

As greves revolucionárias de massas do proletariado atingiam, por sua significação, a todo o povo. Este movimento era dirigido contra a autocracia. As greves despertavam a simpatia da imensa maioria da população trabalhadora. Os fabricantes e os industriais se vingavam dos operários grevistas declarando "lockouts". Em 1913, os capitalistas da província de Moscou lançaram ao desemprego 50 mil operários têxteis. No mês de março de 1914, foram despedidos num só dia, em Petersburgo, 70 mil operários. Os operários de outras empresas e ramos industriais ajudaram os grevistas e os camaradas que sofriam represálias, vítimas dos "lockouts", com coletas em massa, e, em certas ocasiões, com greves de solidariedade.

O ascenso do movimento operário e as greves de massas também levantaram e arrastaram à luta as massas camponesas. Os camponeses voltaram a se lançar à luta contra os latifundiários, destruindo seus bens e as propriedades dos kulaks. De 1910 a 1914 produziram-se mais de 13 mil ações camponesas.

Começaram também a se produzir manifestações revolucionárias entre as tropas. Em 1912, estalou uma sublevação armada entre as tropas do Turquestão. Incubavam-se movimentos insurrecionais na esquadra no Báltico e em Sebastopol.

O movimento de greves e manifestações revolucionárias, dirigidas pelo Partido bolchevique, revelava que a classe operária não lutava por reivindicações parciais, por "reformas", mas, sim, para libertar o povo do czarismo. A Rússia marchava rumo a uma nova revolução.

Com o fito de estar mais perto da Rússia, no verão de 1912, Lenin se trasladou de Paris para a Galitizia (na antiga Áustria). Aí, celebraram-se duas conferências de membros do C. C. e militares responsáveis, presididas por ele: uma em Cracóvia, em fins de 1912, e outra, no outono de 1913, no pequeno povoado de Poronino, não longe daquela cidade. Nestas reuniões tomaram-se resoluções sobre os problemas mais importantes do movimento operário: sobre a marcha ascendente da revolução, sobre as greves e as tarefas do Partido, sobre o fortalecimento das organizações clandestinas, sobre a fração social-democrata da Duma, sobre a Imprensa do Partido e sobre a campanha dos seguros sociais.

continua>>>

Início da página


--------------------------------------------------------------------------------
Este texto foi uma contribuição do

Inclusão 18/11/2010
,

COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas