quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

3377 - GUERRA RUSSO-JAPONESA(CONTINUAÇÃO)

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História do Partido Comunista (Bolchevique) da URSS
Comissão do Comitê Central do PC(b) da URSS
Capítulo VII — O Partido Bolchevique Durante o Período de Preparação e Realização da Revolução Socialista de Outubro (Abril de 1917-1918)

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8 — O Plano de Lenin para abordar a construção do socialismo. São criados os comitês de camponeses pobres e cortadas as asas aos kulaks. — A sublevação dos social-revolucionários de "esquerda" e seu esmagamento. — O V Congresso dos Soviets e a aprovação da constituição da República Socialista Federativa Soviética da Rússia.

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Depois de concluir a paz e obter uma trégua, o Poder Soviético abordou o problema de desenvolver a edificação do socialismo. Lenin chamava ao período que vai desde novembro de 1917 até fevereiro de 1918, o período de "ataque da Guarda Vermelha contra o capital". Durante o primeiro semestre do ano de 1918, o Poder Soviético conseguiu destruir a potência econômica da burguesia, concentrou em suas mãos os postos de direção da Economia nacional (as fábricas e empresas industriais, os bancos, as estradas de ferro, o comércio exterior, a marinha mercante, etc), destroçou o aparelho de Estado burguês e liquidou vitoriosamente as primeiras tentativas da contra-revolução para derrubar o Poder Soviético.

Mas tudo isto estava ainda muito longe de ser suficiente. Para poder avançar, era necessário passar da derrubada do velho para a construção do novo. Por isso, na primavera de 1918, se iniciou a passagem para a nova etapa da construção socialista, se passou da "expropriação dos expropriadores", à consolidação organizada das vitórias conseguidas, à edificação da Economia nacional soviética. Lenin considerava necessário aproveitar-se até o "maximum" da trégua para abordar o problema de lançar os alicerces da Economia socialista. Os bolcheviques tinham que aprender a organizar de um modo novo a produção e administrá-la. Lenin escrevia que o Partido bolchevique tinha conseguido convencer a Rússia e tinha conseguido arrancá-la das mãos dos ricos para entregá-la ao povo; agora, dizia Lenin, é necessário que o Partido bolchevique aprenda a governar e administrar a Rússia.

Nesta etapa, Lenin reputava como tarefas fundamentais as de fazer a contabilidade do que se produzia na Economia nacional e controlar o consumo de todos os artigos produzidos. Na Economia russa predominavam os elementos pequeno-burgueses. Milhões de pequenos industriais e camponeses formavam o terreno que servia de base para o desenvolvimento do capitalismo. Estes pequenos empresários não reconheciam nem a disciplina do trabalho nem a disciplina geral do Estado; não se submetiam a nenhum requisito de contabilidade nem de controle. Naqueles momentos difíceis, constituía um perigo especialmente grande o elemento pequeno-burguês de especulação e mercantilismo, e as tentativas destes pequenos industriais e comerciantes de enriquecerem à custa da miséria do povo.

O Partido bolchevique desencadeou uma luta enérgica contra a desídia na produção, contra a falta de disciplina de trabalho na indústria. As massas iam assimilando lentamente novos hábitos de trabalho. Isto fazia com que a luta por uma disciplina no trabalho fosse, durante este período, a tarefa central.

Lenin assinalou a necessidade de desenvolver a emulação socialista na indústria, de implantar o salário pelo valor do trabalho, de lutar contra o igualitarismo, aplicando, lado a lado com as medidas persuasivas de educação, medidas de coação contra quantos pretendessem fraudar o Estado, contra os vagabundos e os especuladores. Achava que a nova disciplina, uma disciplina de trabalho, uma disciplina de camaradagem, uma disciplina Soviética, seria forjada por milhões de trabalhadores, na prática do trabalho diário. E fazia notar que

"esta obra encherá toda uma época histórica" (Lenin, t. XXIII, pág. 44 ed. russa).

Todos estes problemas da construção do socialismo, os problemas da criação de novas relações e produção de tipo socialista, foram esclarecidos por Lenin em seu notável trabalho intitulado "As tarefas atuais do Poder Soviético".

Os "comunistas de esquerda", pelo braço dos social-revolucionários e mencheviques, lutaram também contra Lenin, no que diz respeito a estes problemas. Bukarin, Osinski e outros se manifestaram contra a implantação de uma disciplina, contra a direção unipessoal das empresas, contra o emprego de especialistas na indústria, contra a instauração de um regime de contabilidade e controle financeiro. E caluniavam Lenin, afirmando que semelhante política representava a volta ao regime burguês. Ao mesmo tempo, os "comunistas de esquerda" pregavam a tese trotskista sobre a impossibilidade de levarem adiante na Rússia a edificação socialista e o triunfo do socialismo.

Por trás das frases "esquerdistas" dos "comunistas de esquerda" se escondia a defesa dos kulaks, dos vagabundos, dos especuladores, que eram inimigos da disciplina do trabalho e viam com hostilidade a regulamentação pelo Estado da vida econômica, o regime de contabilidade e de controle.

Depois de delinear o problemas da organização da nova indústria soviética, o Partido bolchevique atacou os problemas do campo. No campo, estava em ebulição, naquele momento, a luta dos camponeses pobres contra os kulaks. Estes tomavam à força, apoderavam-se das terras que tinham sido arrebatadas aos latifundiários. Os camponeses pobres necessitavam de ajuda. Os kulaks lutavam contra o Estado proletário, negando-se a vender-lhe o trigo ao preço taxado. Propunham-se obrigar o Estado Soviético, por meio da fome, a renunciar à implantação de medidas socialistas. O Partido bolchevique traçou a si mesmo o propósito de esmagar os kulaks contra-revolucionários. Para organizar os camponeses pobres e lutar com êxito contra os kulaks, que dispunham das sobras de trigo, organizou-se uma campanha dos operários no campo.

"Camaradas operários! — escrevia Lenin. — Recordai que a revolução passa por uma situação crítica. Recordai que sois vós, e ninguém mais que vós, que podeis salvar a revolução. Dezenas de milhares de operários escolhidos, adiantados, dedicados à causa do socialismo, incapazes de se render ao suborno ou à rapina, capazes de criar uma força férrea contra os kulaks, os especuladores, os aproveitadores, os indivíduos venais, os desorganizadores; eis aí o que nos faz falta". (Lenin, t. XXIII, pág. 25, ed. russa).

"A luta pelo pão é a luta pelo socialismo", disse Lenin, e sob esta palavra de ordem se desenvolveu a organização dos operários para a campanha nas aldeias. Baixou-se uma série de decretos, pelos quais se instaurava uma ditadura do abastecimento e se concediam aos órgãos do Comissariado de Abastecimento poderes extraordinários para comprar trigo a preços taxados.

Por um decreto de 11 de junho de 1918, foram criados os Comitês de camponeses pobres. Estes Comitês desempenharam um grande papel na luta contra os kulaks, na nova partilha das terras confiscadas e na distribuição dos instrumentos de lavoura e dos animais de tração, aquisição aos kulaks da sobra dos produtos e no aprovisionamento dos centros operários e do Exército Vermelho. 50 milhões de hectares de terras de posse dos kulaks passaram para as mãos dos camponeses pobres e médios. E foi confiscada aos kulaks, em benefício dos camponeses pobres, uma parte considerável dos meios de produção.

A organização destes Comitês de camponeses pobres representou uma etapa para a frente na marcha da revolução socialista no campo. Estes Comitês eram os baluartes da ditadura do proletariado na aldeia. E foram, além disso, numa considerável medida, o caminho pelo qual se recrutaram os quadros do Exército Vermelho entre a população camponesa.

A campanha dos proletários nas aldeias e a organização dos Comitês de camponeses pobres garantiram o Poder Soviético no campo e tiveram uma enorme importância política para atrair os camponeses médios para o lado do Poder Soviético. Em fins de 1918, depois de cumprir sua missão, os Comitês de camponeses pobres deixa existir, fundindo-se com os Soviets rurais.

A 4 de julho de 1918, se abriu o V Congresso dos Soviets. Os social-revolucionários de "esquerda" desencadearam neste Congresso uma luta furiosa contra Lenin, em defesa dos kulaks. Exigiram que se pusesse fim à campanha contra os kulaks e se renunciasse a enviar ao campo destacamentos operários encarregados do abastecimento. E quando se convenceram de que sua atitude encontrava uma resistência firme por parte da maioria do Congresso, organizaram uma sublevação em Moscou, apoderaram-se de uma rua e começaram da canhonear o Kremlim. Mas ao cabo de poucas horas, esta aventura social-revolucionária de "esquerda" foi aniquilada pelos boleheviques. E se bem que as organizações locais dos social-revolucionários de "esquerda" tentaram também sublevar-se em uma série de pontos do país, a aventura foi rapidamente liquidada em toda a parte.

Como o processo contra o bloco anti-soviético direitista-trotskista acabou de demonstrar ultimamente, a sublevação dos social-revolucionários de "esquerda" se produziu com conhecimento e de acordo con Bukarin e Trotsky, e fazia parte do plano geral de um "complot" contra-revolucionário dos bukarinistas, os trotskistas e os social-revolucionários de "esquerda" contra o Poder Soviético.

Por aqueles mesmos dias, o social-revolucionário de "esquerda" Bliumkim, que mais tarde passaria a ser agente de Trotsky, introduziu-se na embaixada alemã e, com o propósito de provocar uma guerra com a Alemanha, assassinou o embaixador alemão em Moscou, Mirbach. Mas o governo soviético conseguiu evitar a guerra e fazer fracassar a provocação dos contra-revolucionários.

No V Congresso dos Soviets foi aprovada a Constituição da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, a primeira de todas as constituições soviéticas.

Resumo
Durante os oito meses que vão desde fevereiro a outubro de 1917, o Partido bolcheviquea realiza um dificílimo trabalho: conquista a maioria da classe operária e dentro dos Soviets, atrai para o lado da Revolução Socialista milhões de camponeses. Arranca estas massas da influência dos partidos pequeno-burgueses (social-revolucionários, mencheviques, anarquistas) e vai desmascarando, passo a passo, a política destes partidos, dirigida contra os interesses dos trabalhadores. O Partido bolchevique desenvolve um trabalho político gigantesco na frente e na retaguarda, preparando as massas para a Revolução Socialista de Outubro.

Os momentos decisivos na história do Partido bolchevique neste período, foram: a chegada de Lenin da emigração, suas Teses de Abril, a Conferência do Partido e o VI Congresso deste. As resoluções do Partido infundiram na classe operária força e segurança no triunfo e lhe deram soluções para os problemas mais importantes da Revolução. A Conferência de Abril encaminhou o Partido para a luta pela passagem da revolução democrático-burguesa para a revolução socialista. O VI Congresso orientou o Partido para a insurreição armada contra a burguesia e seu governo provisório.

Os partidos oportunistas, social-revolucionários e mencheviques, anarquistas e demais partidos não comunistas, coroaram sua trajetória: todos eles se converteram, já antes da Revolução de Outubro, em partidos burgueses, defendendo a integridade e a conservação do regime capitalista. Só o Partido bolchevique dirigiu as massas na sua luta pela derrubada da burguesia e a instauração do Poder dos Soviets.

Ao mesmo tempo, os bolcheviques esmagaram as tentativas dos capituladores dentro do Partido, as tentativas de Zinoviev, Kamenev, Rykov, Bukarin, Trotsky, Piatakov e outros de desviar o Partido do caminho da Revolução Socialista.

A classe operária, dirigida pelo Partido bolchevique, aliada aos camponeses pobres e apoiada pelos soldados e os marinheiros, derrubou o Poder da burguesia, instaurou o Poder dos Soviets, fundou um novo tipo de Estado, o Estado soviético socialista, aboliu a propriedade dos latifundiários sobre a terra, entregou esta em usufruto aos camponeses, nacionalizou toda a terra do país, expropriou os capitalistas, pôs termo à guerra conquistando a paz, obteve a necessária trégua e criou com isso as condições indispensáveis para o desenvolvimento da construção socialista.

A Revolução Socialista de Outubro destruiu o capitalismo, arrebatou à burguesia os meios de produção e converteu as fábricas e empresas industriais, a terra, as estradas de ferro e os bancos em propriedade de todo o povo, em propriedade social.

Instaurou a ditadura do proletariado e entregou a direção de um imenso Estado à classe operária, convertendo-a com isso em classe dominante.

Com isto, a Revolução Socialista de Outubro abre na história da Humanidade uma nova era, a era das revoluções proletárias

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Inclusão 05/01/2011

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