segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

7529 - O MASSACRE DA FAMÍLIA IMPERIAL RUSSA

Revista "MUNDO e MISSÃO"

Testemunhos da Vida Missionária



m agosto passado, a revista Mundo e Missão esclarecia que o martírio é um fato tipicamente religioso de quem morreu por ódio à fé, ou por causa da fé ou, por professar o ensinamento de Cristo. Nesta última categoria se enquadram, na Rússia, os mártires chamados strastoterpsy i.é, que padeceram paixão por Cristo. É o caso dos príncipes Boris e Gleb, na antiga Rússia e de outros chefes civis, assassinados por serem governantes cristãos, embora sem serem forçados pelos executores a renegar a fé. No século 20, sofredores da paixão por amor a Cristo são os membros da família imperial: o czar, a czarina, as quatro filhas e o czarevitch Alexis, mortos em 1918 por serem os dirigentes dos destinos da nação fiel a Deus. Os bolchevistas que apontaram as armas não ordenaram que cada um abjurasse a fé. Mas o ex-czar era o ungido de Deus e, por isto, ele e sua família mereceram a glória dos mártires que sofreram paixão por Cristo. A família imperial teve o privilégio de ser canonizada duas vezes, a primeira pela Igreja fora da Rússia, em 1981 em Nova York, e a segunda vez, pelo Sínodo dos Bispos no Patriarcado de Moscou. No mesmo ano do massacre da família real, começou a mais sinistra perseguição nos países que formavam a única nação do mundo ¯ a Rússia ¯ que ostentava o título de nação fiel a Deus.

No mesmo artigo acima mencionado, o autor cita a Carta Apostólica de João Paulo II, Tertio Millennio Adveniente: “No final do segundo milênio a Igreja veio a ser novamente a Igreja dos mártires, cujo testemunho se tornou patrimônio comum de católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes”. Na cerimônia celebrada em maio de 2000, no Coliseu, o Papa glorificou uma plêiade de novos santos e, de modo especial, os novos mártires da Rússia. Do cerimonial em Roma participaram representantes de várias igrejas ortodoxas, inclusive da Rússia, porque o novo martirológio deve ser cristão universal, antes que romano. Ao mesmo tempo, a Igreja Russa preparava também a celebração de mais de 1000 novos santos, que seriam canonizados na Festa da Transfiguração na Catedral de Cristo Salvador, símbolo moderno do renascimento religioso.

O FATO NOVO DO ANTIGO CRISTIANISMO

No limiar do ano 2000, o mundo testemunhou assombrado os mais espetaculares episódios da história: a demolição do Muro de Berlim, a dissolução do comunismo e a abolição da pátria do ateísmo. A última década do século 20 foi de catarse da Rússia, com conseqüências benéficas para todo o mundo. A religião perseguida por 70 anos, ressurgiu das cinzas como a fênix. E surgiu um fato novo, nem sempre percebido: os novos mártires da Rússia, não são mártires só da Rússia, mas do Cristianismo supranacional. As centenas de milhares de bispos, sacerdotes, monges, pais de família, crianças, soldados e camponeses, imolados na oficina experimental do ateísmo, não derramaram o sangue só pela Rússia, pelo seu patriarcado, pela sua casa, sítio ou mosteiro, mas por Jesus Cristo, que está acima de todo patriarcado, mosteiro, cidade, nação.


Jovem Princesa
Elizabeth Feódorovna
Obviamente, o Cristianismo continua avariado pelo estigma do pecado coletivo da ruptura de comunhão, por causa da qual a canonização dos santos da igreja ortodoxa não inclui os mártires das igrejas católicas e vice-versa. A glorificação de mártires católicos, uniatas e outros, nem sempre conhece os gloriosos mártires ortodoxos. Aqui, porém, é oportuno acenar outra vez ao fato novo que, na mesma Carta Apostólica, João Paulo II menciona, ao se dar conta da atitude absurda de uma Igreja não reconhecer as testemunhas heróicas de Cristo de outras Igrejas. E o Papa foi o primeiro a corrigir um erro que dominou as Igrejas durante todo o segundo milênio.

Ao tratar do novo martirológio diz: “O ecumenismo dos santos e mártires é o mais persuasivo. A comunhão dos santos fala mais alto que os fatores de divisão...”. Não se pode negar que as igrejas locais têm sua imagem própria, seu idioma, seu culto e seus santos, mas os mártires de Cristo são ícones de Cristo, antes que de suas igrejas; eles são patrimônio do Cristianismo e não do país onde foram glorificados e, por isto, são venerados e são instrumentos de exemplo, estímulo, conversão e milagres em qualquer comunidade cristã.

O NOVÍSSIMO FATO

Para a canonização de um santo, requer-se a devoção popular e comprovação da prática heróica das virtudes. No caso dos mártires, o ato heróico é o diploma da santidade e a canonização é apenas a ratificação oficial da proclamação popular. Geralmente, os santos que conhecemos são de tempos antigos, com a vida envolta em lendas e imagem purificada por um banho iconográfico e uma biografia panegírica. Hoje, os novos mártires da Rússia são gente, cujas fotos estão em álbuns de família, jornais e revistas com biografia atestada por parentes ainda em vida. Os novos mártires ainda não tiveram tempo de subir aos altares e estão no meio de nós, olhando para nós com amor, inspirando-nos coragem. Qual a diferença entre um ícone estilizado e a fotografia real da mártir Elizabeth Feódorovna, jovem princesa alemã, de uma beleza deslumbrante, que o destino transformou em santa da Rússia?


O metropolita Vladimir de Kiev
Seu ícone, igualmente que as fotos, fala da grandeza que ela deu à vida: superar o próprio sofrimento pelo amor e serviço aos necessitados, perdoar torturadores, praticar o bem como Cristo praticou, não é ato de heroísmo só para russos, mas para toda humanidade. Lançada viva, com outros, numa mina abandonada, onde morreu dinamitada, entoando hinos religiosos, repetia: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”. Quanto aos bispos e religiosos, padres, monges e monjas, ao contemplar o retrato deles sem maquiagem nem auréola, dificilmente pode alguém acreditar que esses mártires, iguais a nós, fossem capazes de dar a vida por uma causa idealista. As torturas dos perseguidores superaram toda imaginação. O metropolita Vladimir de Kiev, assassinado no mosteiro das Grutas, mostrou firmeza e paz.

O metropolita Benjamin de S. Petersburgo, ao ser fuzilado, fez o sinal da cruz sobre os executores. Ivan Kotchurov, pastor em Tsarskoie Selô, pertinho de Petersburgo, defensor da paz e primeiro mártir da Revolução, foi assassinado na frente do próprio filho, uma criança. O arcebispo Joaquim de Novgorod foi crucificado de cabeça para baixo, dependurado na Porta Sagrada da Iconostase da sua igreja. No biênio 1937-38, agravou-se a perseguição em homenagem aos 20 anos de ateísmo. Foi a hora dos fuzilamentos em massa. O Polígono de Butovo, perto de Moscou, foi campo de fuzilamento de 20.000 pessoas. O Cemitério de Levachovo, perto de Petersburgo, recebeu milhares de pessoas de todas as classes sociais. Nas Ilhas Solovki, bispos, sacerdotes e leigos eram torturados como presos políticos.

Ali, a maior tortura era no Monte Sekira, de onde os condenados eram arremessados escadaria abaixo (365 degraus) atados a um tronco de abeto. Mas a barbárie passou e o Cristianismo ressuscitou. Quem varreu do mapa a URSS, quem encerrou a era de ódio e sangue e suspendeu o estado de sítio da fé na Rússia não foram cabeças do Partido, nem mesmo religiosos, mas sim, os mártires, cuja proximidade benéfica é sentida em todas as partes do mundo.


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