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O Soldado Americano - Os Civis em Armas
Por Otto Skorzeny*
Uma nação gigante, com economia em franca recuperação, não tendo um império colonial, e participação nos últimos anos da I Guerra Mundial, poderia gerar um soldado que se defrontasse com a tradição militar alemã, e a devoção fanática do soldado japonês? Sim, os Estados Unidos da América criaram um soldado, que de fazendeiro, professor, comerciante e taxista, passou a ser fuzileiro, piloto, tripulação de tanques e engenheiros de combate.
Claramente, houve um apelo nacional para rearmar e reaparelhar USARMY quando os acontecimentos na Europa mostravam uma inquietação por parte de grandes nações, ainda mais com regimes totalitários, totalmente contrários a concepção norte-americana de governar. Entre muitos que gritaram contra o pacifismo que imperava na nação estavam Douglas McArthur, e Billy Mitchel, percursores de uma era em que os Estados Unidos formaram a maior máquina militar da história, a qual continua até os dias de hoje.
Quando da eclosão da II Guerra Mundial, o Congresso votou a lei de ampliação do corpo militar, dando ao Estado Maior dinheiro para se aparelhar, mas como não havia serviço militar obrigatório e os salários dos militares nunca se rivalizaram com a iniciativa privada, só os idealistas vestiam farda nos EUA. Claramente mal treinados, e com armas nada sofisticadas, esses soldados se viram rodeados de recrutas de todos os lugares, após o dia da infâmia. O USARMY, menos profissionalizado do que a Marinha, carecia de peças de artilharia, tanques e até botas e fuzis para a avalanche de alistados. Claros conflitos entre oficiais de carreira e reservista logo explodiram, e foram muito graves, com muita segregação, até que o primeiro tiro fosse disparado, essas diferenças entre antigos e novos provocou muita desunião no seio da tropa.
Para tanques usavam-se carroças, cabos de vassoura no lugar de fuzis, para os Generais de carreira norte-americanos, só um milagre para que em meses se pudesse enviar uma tropa substancial para o pacífico e depois para Europa.
Mas a indústria bélica americana, poderosa e engenhosa, deu em pouco tempo uma resposta que a Alemanha passou toda a década de 30 para dar, novas armas, em quantidade enormes, e qualidade razoável.
O Aparente desleixo do norte-americano na caserna, pelo contrário ajudou quando se precisava de iniciativa, e no combate, o soldado norte-americano aprendeu rápido e decisivamente todos os detalhes e nuances que fariam a diferença entre a vida e a morte.
Dois pontos foram muito importantes para o sucesso do USARMY, sua altamente qualificada artilharia, que sem dúvida foi a melhor da II Guerra Mundial, até mesmo devido a quantidade de munições, pois como disse uma vez Lenin: A quantidade tem em sí, uma qualidade”, não havia um soldado alemão que não temesse os Piper Cub sobrevoando suas cabeças, e nem quem não tremesse antes uma barragem certeira da artilharia norte-americana.
Outro ponto importante foi a pronta ação do Alto Comando do Exército, na pessoa de George Marshal, fazendo pouco do enorme jogo político para nomear ( e demitir) oficiais generais certos, na hora certa. Inclusive, deve-se a ele o enorme prestígio dado a Força Aérea do Exército, corpo que seria futuramente a Força Aérea Norte-americana, pois Marshal, ao contrário do Alto comando em pêso tinha plena confiança no poderio aéreo.
Quando pisou principalmente em solo europeu, o modo de fazer guerra do Exército norte-americano tirou de um oficial alemão uma frase esclarecedora: É assim que os ricos fazem a guerra. Assim, com material abundante, soldados corajosos, embora por vezes imprudentes, e um corpo de oficiais dedicado, marchou da Argélia a Berlim, vencendo obstáculos e um inimigo respeitável.
Para os GI norte-americano a guerra era uma equação simples: Veja o inimigo antes que ele o veja, e o sature de bombas!! Assim nunca uma patrulha sequer fazia uma varredura sem antes um apoio aéreo cerrado, aliado a uma eficientíssima artilharia, esses fatores lhes deram as condições para escrever seu valor como um dos melhores combatentes da II Guerra Mundial.
Em treinamento, todo soldado norte-americano sabia utilizar pelo menos 04 tipos de armamento, de morteiros a fuzis, de metralhadoras a lança-chamas. Havia também uma intensa busca por talentos natos, sempre aproveitando a experiência em tempos de paz. Assim Engenheiros civis eram engenheiros de combate, taxistas pilotava imprudentemente mas eficazmente as viaturas, professores eram instrutores.
Em todo o conflito, em apenas dois episódios, Kasserine, por inexperiência, e Ardennas, pela surprêsa houve recuo ou fracasso das forças do USARMY, em todas as outras missões, inclusive na dispendiosa missão na Itália, e nas inclementes condições das selvas asiáticas, o soldado GI JOE, como era conhecido, venceu todas as batalhas, quer pelo pêso do apoio bélico, quer pela perícia de seus soldados
No dia a dia do soldado, havia uma clara diferença para com seus aliados, principalmente britânicos, que estavam a mais tempo da guerra, raspando suas últimas reservas, e claramente mais cautelosos que os “texanos malucos” que se largavam ao combate sem muito analisar a qualidade do inimigo e de suas armas, sendo inclusive dois pontos bem característicos da guerra, o fato de a MG-34 e 42 terem causado terror aos soldados, devido sua alta cadência de tiro, e dos Shermans terem sido trucidados nos estágios iniciais da Normandia, pela absoluta imprudência dos que não deram aos soldados, em treinamento, uma real perspectiva do que iriam enfrentar. Mas com a engenhosidade característica, os GI JOES mudaram táticas, aprenderam a nunca enfrentar uma “Spandau” e usar a superioridade numérica e velocidade dos Shermans, além de, é claro contarem com o maior apoio aéreo cerrado de todos os exércitos envolvidos na II Guerra Mundial.
Havia também muito rodízio, um número de missões ou um tempo de turno a ser cumprido, e o soldado retornava aos EUA para treinar outros soldados. O Serviço médico dos EUA foi sem dúvida o melhor da guerra, e o uso de penicilina contribuiu decisivamente para a alta taxa de recuperação de feridos. A dieta norte-americana também era rica em proteínas, sais minerais, dando ao soldado sempre uma substancial reserva de energia para a fatigante vida no front.
Todo o aparato bélico não seria suficiente, se o soldado norte-americano não demostrasse inequívoca coragem e abnegação, pois saíram de seus lares, para libertar povos ultramar, algo impensável em anos anteriores a guerra. No pacífico, palco onde se deu o maior número de atos de bravura, o corpo-a-corpo por vezes foi exigido, contra um inimigo fanático, e o soldado norte-americano se saiu muito bem, escrevendo nos anais da história uma legenda de bravura e profissionalismo militar, apesar de serem, quase todos, civis.
Conteudo ©
*Nick de um membro do Clube dos Generais.
O Clube dos Generais é uma entidade voltada apenas e tão somente aos estudos dos fatos históricos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial e não fazemos, em nenhuma hipótese, apologia aos regimes e ideologias vigentes à época. Desta forma, as imagens aqui apresentadas que contenham símbolos nazistas ou outros foram incluídos apenas pelo seu valor histórico e como objeto de estudo e curiosidade, não constituindo crime nos termos da Lei No 7716/89 (que define os crimes resultantes de preconceito ou discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional)."
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