quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

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29/07/2010 08h55 - Atualizado em 30/07/2010 08h20

Raio X da guerra: Afeganistão
Pouco conhecido até 2001, país abriga importante guerra da atualidade.
Entenda o que aconteceu e quais são os prognósticos futuros da nação.

Giovana Sanchez
Do G1, em São Paulo

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Militantes talibãs posam em frente à estátua de
buda destruída em 2001 (Foto: Saeed Khan/AFP)Até os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, o Afeganistão era um país quase desconhecido para o público mundial. Sabia-se, quando muito, que lá existiam líderes tribais - que bombardearam estátuas milenares de Buda - à frente de um regime fundamentalista. Hoje, é quase impossível falar de política externa dos EUA ou de relações internacionais e não mencionar a nação asiática invadida pelos americanos e agora afundada em uma crise social, política e econômica.

Com uma expectativa de vida de 44,5 anos, a segunda pior taxa de mortalidade infantil do mundo e o maior índice de refugiados, os afegãos enfrentam grandes desafios futuros - entre eles o de colocar um fim à guerra atual.

A nova série do G1 que analisa as guerras no mundo atual começa com um "raio X" do Afeganistão. Entenda o que aconteceu no país e quais são os prognósticos para o futuro da nação.

Histórico: os soviéticos e os talibãs
Para entender o Afeganistão de hoje é preciso voltar um pouco no tempo. Em 1978, em plena Guerra Fria, um golpe levou ao poder no Afeganistão um governo comunista apoiado pela União Soviética (URSS), mas que sofreu bastante resistência interna..

No ano seguinte, a URSS invadiu o país, bombardeando vilarejos e prendendo civis.

Guerrilheiros religiosos, os mujahideen, financiados pelos EUA e pela Arábia Saudita, formaram a principal resistência à ocupação, usando a 'guerra santa' muçulmana, a jihad, como grande causa. Entre esses guerrilheiros, estava o futuro líder da rede al-Qaeda, Osama bin Laden.

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Com a decadência da URSS e a saída dos soviéticos dez anos depois, em 1989, o governo do presidente afegão Mohammad Najibullah herdou uma crise política e foi derrubado em 1992, quando um acordo entre os mujahideen permitiu a governança.

Nessa época, no sul do Afeganistão, surgiu um outro grupo militante, liderado por Mullah Mohammed Omar, que envolvia aprendizes do Islã sunita que pegavam em armas: o Talibã. "De 1994 a 1996, o Talibã se tornou o ator mais importante na guerra civil com as diversas facções mujahideen e ganhou rapidamente o controle do país e da capital", explica Tobias Selge, pesquisador do Instituto Heidelberg de Pesquisas em Conflitos Internacionais.

O grupo radical dominou a capital, Cabul, em 1996, e assumiu o poder de importantes partes do país. Além de dar abrigo e proteção à rede terrorista da al-Qaeda, eles baniram as mulheres da maioria das atividades fora de casa e proibiram muitas manifestações culturais.

2001: a invasão americana
O dia 11 de setembro de 2001 mudou a história do mundo e, em particular, do Afeganistão. Depois dos atentados com aviões nas torres gêmeas de Nova York, os americanos exigiram que o Talibã entregasse o chefe da rede al-Qaeda, que havia assumido a autoria dos ataques. Com a recusa do grupo, os EUA invadiram o Afeganistão, dando início à chamada Operação Liberdade Duradoura, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, para derrubar o Talibã.

Com ajuda americana, a Aliança do Norte (grupo de tadjiques, uzbeques e hazaras que lutavam contra o Talibã desde a década de 1990) tomou a cidade de Mazar-e-Sharif e depois Cabul.

A invasão, no entanto, não acabou com os ataques dos militantes talibãs. Nove anos depois, eles ainda tentam tomar o poder. A maioria cruzou a fronteira com o Paquistão e organiza de lá a insurgência, com ataques mais complexos. Segundo um relatório da inteligência americana, citado pela agência de notícias Reuters, o número de talibãs subiu de 7 mil em 2006 para 25 mil pessoas em 2009.

Reconstrução política
No final de 2001, uma conferência na Alemanha definiu os rumos da reconstrução do país com organizações internacionais e membros da oposição - o que ficou conhecido como Acordo de Bonn. Um mandato da ONU foi instaurado para ajudar na recuperação da nação.

Após o acordo, o pashtun [etnia majoritária no país] Hamid Karzai foi escolhido para chefiar um governo transitório. O mesmo líder venceu as primeiras eleições presidenciais em 2004 e foi reeleito em 2009, em um pleito com denúncias de corrupção e condenado pelos talibãs.


Fuzileiros americanos em base no sul do país, em dezembro de 2001 (Foto: Jim Hollander/AFP)Para o antropólogo especialista em recontrução afegã e professor da Universidade de Boston Thomas Barfiel, lições podem ser aprendidas das experiências inglesa e russa. "Todos os estrangeiros entraram no país intoxicados por altas expectativas de vitórias fáceis e transformações rápidas. Todos deixaram o Afeganistão mais sóbrios, muito menos idealistas e satisfeitos em deixar os afegãos resolverem seus problemas do seu modo. [...] Todo líder colocado por um Exército estrangeiro invasor falhou, mas todo governo colocado no poder por um Exército estrangeiro de saída do Afeganistão deu certo. Karzai é do primeiro tipo - fraco, indeciso e muito próximo de seus parceiros estrangeiros. O que os EUA precisam é de um novo líder que possa administrar o país sem tropas estrangeiras, mas com ajuda estrangeira. Foi assim que os ingleses e os russos resolveram seu problema afegão."

O comando e a estratégia militar
O Acordo de Bonn também estabeleceu a criação da Força de Assistência e Segurança Internacional (Isaf, na sigla em inglês), com liderança rotativa de seis meses. Em agosto de 2003, a Isaf passou a ser comandada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

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Obama teme oposição de generais, diz ex-oficial do Pentágono Não sabemos por que lutamos, diz médica alemã que serviu no Afeganistão Em 2009, o presidente americano, Barack Obama, enviou mais soldados ao país, elevando o total de homens a mais de 100 mil. O maior reforço de tropas foi para a região sul, onde se concentra atualmente a força da insurgência talibã. Obama estabeleceu o prazo de julho de 2011 como o início da retirada das forças dos EUA do Afeganistão.

No mês de junho deste ano, o chefe da Isaf no Afeganistão foi demitido após ter criticado funcionários do governo Obama em entrevista à revista 'Rolling Stone'. Stanley McChrystal deixou o posto para David Petraeus.

Segundo o analista Tobias Selge, do Instituto Heidelberg, após um período de relativo enfraquecimento, nos anos de 2003 a 2005, o Talibã ganhou força novamente em sua luta contra o governo de Karzai e a Isaf. "A partir de 2005, a guerra se torna mais complexa, com um cenário de insurgência. Consequentemente, as forças internacionais e o governo afegão se viram numa posição de empregar táticas de contrainsurgência. Portanto, vimos uma mudança de estratégia, pois esse tipo de esforço inclui ações não apenas militares, mas também civis para 'ganhar os corações e as mentes' dos afegãos."

O conflito é classificado pelo Instituto Heidelberg como uma guerra dentro do Estado, mas que envolve atores externos, portanto, transnacional."Do lado insurgente, encontramos o Talibã, o Hezb-e-Islami e outros atores islâmicos, assim como os 'senhores da guerra', que fazem um papel ambíguo, já que são importantes para o presidente Karzai espalhar seu controle por todo o Afeganistão. Há também o fato de que o conflito não está somente limitado às fronteiras afegãs, mas se infiltrou num sistema que inclui o Paquistão. A al-Qaeda, no entanto, tem um papel menor."


Refugiada afegã segura criança em centro da agência da ONU para refugiados em Peshawar, no Paquistão, em junho deste ano (Foto: A. Majeed/AFP)As tropas estrangeiras - atualmente vindas de 45 países diferentes - atuam em conjunto com o Exército afegão, que tem aproximadamente 119 mil homens. A previsão é de que esse número seja 134 mil em 2012. Mas, mesmo assim, as tropas nacionais não parecem estar prontas para herdar o fardo de uma guerra não acabada.

Segundo um relatório da organização International Crisis Group, "apesar dos bilhões de dólares de investimento internacional, a prontidão de combate do Exército [afegão] tem sido minada pelo fraco recrutamento e as políticas de retenção, logística inadequada, treinamento e equipamentos insuficientes e liderança inconsistente".

Uma conferência internacional de doadores na metade de julho deste ano definiu, com a concordância do governo Karzai, que o governo afegão deveria assumir a responsabilidade pela segurança em todas as partes do país até o final de 2014.

Mortos
As baixas civis e militares são uma das grandes críticas da comunidade internacional e do novo governo afegão ao comando da Otan na luta contra a insurgência no país. Os comandantes ocidentais geralmente negam acusações de mortes em massa de civis, dizendo que se trata de propaganda Talibã. Nesta semana, no entanto, documentos secretos sobre a guerra vazaram e comprovaram as baixas civis em muitos dos ataques das tropas estrangeiras.

Junho de 2010 foi o mês mais mortal desde a invasão americana, em 2001, com 102 militares mortos. Nesta semana, um grupo vazou documentos secretos da guerra do Afeganistão em que mortes de civis são relatadas.

Investimentos e corrupção
Arrasado pela guerra, 90% de todo gasto público do Afeganistão vem hoje de ajuda internacional. Porém, é possível que muito do que chega ao país não seja efetivamente aplicado no que deveria, desviado por um alto índice de corrupção. O governo e ONGs de ajuda internacional são frequentemente acusados de desviar recursos ou cobrar propinas. O país ficou em penúltimo lugar no ranking 2009 de corrupção da Transparência Internacional [veja aqui a lista completa, em inglês], perdendo apenas para a Somália.

Segundo uma pesquisa feita neste ano pela organização anticorrupção Integrity Watch Afghanistan, a propina quase dobrou desde 2007 e isso afeta o PIB em US$ 1 bilhão. "Aproximadamente 1,6 milhões de adultos - um em cada sete - experimentam propina direta no Afeganistão [...] e 50% dos entrevistados consideraram que a corrupção encoraja a expansão do Talibã e um terço apontaram isso como causa do conflito em nível local, principalmente relacionado ao uso da terra ", conclui o estudo.

Segundo o texto, as principais consequências disso são a exclusão dos cidadãos do serviço público, a criação de conflitos e a erosão da legitimidade estatal.

Os investimentos externos são altos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou recentemente um empréstimo de US$125 bilhões ao país. Os EUA já gastaram, desde 2001, US$ 321 bilhões no Afeganistão e na Operação Liberdade Duradoura, segundo um relatório feito pelo Serviço de Pesquisas do Congresso. Ao todo, os americanos usaram mais de US$ 1 trilhão com a guerra ao terror - em valores ajustados para a atualidade, a mais cara guerra desde a Segunda Guerra Mundial.

A vida no Afeganistão hoje
Com todos essas dificuldades, é de se esperar que o Afeganistão seja um dos países com menor expectativa de vida, maior taxa de mortalidade infantil, pobreza e desigualdade do mundo. Apesar de melhorias realizadas - eleições democráticas, maior participação feminina, reconstrução de estradas, escolas e hospitais - ainda há muito o que fazer para estabilizar a vida dos 29 milhões de afegãos.

A pobreza é intensa - 36% da população vive abaixo dessa linha. O desemprego é crônico: a taxa de 35% [dado de 2008] coloca o país em 182º no ranking mundial.

A maioria da população não tem acesso à água potável e ao saneamento básico. A tuberculose é outra grande ameaça à saúde. O país tem a segunda pior taxa de mortalidade materna do mundo, atrás apenas de Serra Leoa. Para cada 10 mil nascimentos, 1.600 mulheres morrem no parto.

O acesso à eletricidade também é parco. Segundo um levantamento da agência de notícias Associated Press, o número de afegãos com eletricidade aumentou apenas de 6% em 2001 para 10% em 2010, muito abaixo da meta de oferecer energia a 65% da zona urbana e 25% da área rural até o final deste ano.

O país é o maior produtor de ópio do mundo, e, segundo um relatório de junho deste ano da agência da ONU para Crimes e Drogas, cerca de 1 milhão de afegãos entre 15 e 64 anos são viciados em drogas, cerca de 8% da população. A pesquisa mostra um aumento de 53% no número de usuários de ópoio e de 140% entre os usuários de heroína em comparação a dados de 2005.



* Com informações da Reuters








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