quinta-feira, 3 de maio de 2012

Assine 0800 703 3000SACBate-papoE-mailNotíciasEsporteEntretenimentoMulherShopping >> Matéria Anterior: Carestia >> Próxima Matéria: Edu Chaves PEREIRA PASSOS Ano: 1913 "A notícia da morte, a bordo do Araguaia, que partiu desta capital a 19 do mês próximo findo, com destino à Europa, do Sr. Francisco Pereira Passos, causos profunda surpresa e intenso pezar, porque nào se esperava que aquele combatente forte, bem disposto, sadio, apesár dos seus 77 invernos, tombasse tão cedo, em pleno mar, quando com sua família demandava terras adiantadas que ele ia, de novo percorrer. (...) Aceitando o convite que lhe fôra feito pelo governo do Sr. Dr. Rodrigues Alves, o ilustre engenheiro Pereira Passos, para as altas funções de prefeito do Distrito Federal, o seu primeiro cuidado foi pedir carta franca para dirigir a cidade, pois profissional que era, tinha em mente planos de sua remodelação completa, absoluta. (...) E o Sr. Dr. Pereira Passos, sem mais detença, pôs em evidência o seu plano de remodelação da cidade, dando trabalho a milhares de operários, pondo abaixo pardieiros, prédios novos e velhos, mostrando que tudo que existia e estava de pé não prestava, era um atestado do nosso atraso, da nossa vergonha, de falta de capacidade administrativa e de pusilanimidade. Um trabalho ingente, foi um movimento como jamais se viu o que se fez durante a administração do grande engenheiro. O programa do Dr. Passos para sanear e embelezar a nossa hoje formosa cidade iniciou-se sob os melhores auspícios, tendo-se trabalhado com intensa afana na abertura de três avenidas, no alargamento de doze ruas, no prolongamento de outras três e de uma travessa e na canalização dos rios Carioca, Berquó, Banana Podre, Maracanã, Joana, Trapicheiros e Comprido. Os pessimistas, os retrógados, os estacionários sorriam, zombeteiramente, dizendo ser impossível transformar a cidade em um céu aberto, mostral-a outra, muito diferente do que era e que isso custaria a ruína do país, o empobrecimento das nossas finanças. E o Dr. Pereira Passos, sereno e surdo, mas apoiado, pelo governo e com os aplausos da população, caminhava na sua obra, fazendo a Avenida Beira Mar, essa beleza e esse encanto, dando-lhe 5.200 metros de extensão com uma lagura de 39 metros. O trabalho foi indigente e porfiado." A República, 3 de março de 1913. "A morte tem sido cruel e impiedosa para o Brasil nestes últimos tempos, roubando-lhe as suas maiores personalidades, os seus mais beneméritos servidores. No ano que se findou, foram-se Rio Branco, Ouro Preto, Paranaguá e já hoje somos surpreendidos com o desaparecimento do Dr. Francisco Pereira Passos, o extraordinário velho, cujo nome ficou para sempre ligado à cidade do Rio de Janeiro, que lhe deve a sua remodelação, a sua rápida e completa transformação. Um telegrama laconico e sinistro informa-nos haver ele falecido em viagem para Europa, para onde embarcara há dias, a bordo do paquete Araguaia. É, pois, com o mais profundo sentimento que registramos o desolante sucesso. O nome do Dr. Pereira Passos não poderá nunca ser esquecido. Prefeito desta cidade, nenhum administrador revelou ainda maior tenacidade, nem tão elevada compreensão dos deveres que lhe impunham a lei e o momento. No período presidencial que ficou assinalado na história como o iniciador dos melhoramentos que a capital brasileira estava a exigir, o Rr. Pereira Passos foi a sua figura mais operosa e destacada. Enfrentando com rara energia a oposição tremenda e desleal que lhe moviam os interesses feridos e a rotina, fez-se surdo a todos os ataques, aos apodos violentos, às agressões e às ingúrias, levando a termo a obra de que o País hoje se orgulha. E assim abriu avenidas, ajardinou, com supremo gosto, as praças e largos, outrora em abandono, construiu esse passeio sem rival que é a extensa Avenida Beira Mar, introduziu os calçamentos asfaltados, cuidou das habitações do proletariado, ergueu edifícios que atestam a nossa cultura de povo adiantado e transformou a nossa Capital Federal na mais bela cidade do mundo. Com assombrosa atividade, dirigia sempre em pessoa todos os serviços, dando eloquente atestado de quanto pode uma energia de ferro, aliada à competência de superior mentalidade. Embora absorvido pela multiplicidade desses afazeres, o Dr. Pereira Passos nào esquecia outras responsabilidades do seu cargo e, encontrando desacreditada e quase falida a Prefeitura, cheia de atrazos nos pagamentos, reabilitou-a, restaurando-lhe a situação financeira. escravo da lei, sem condescendências, nem transigências, conseguiu reorganizar escrupulosamente as arrecadações, que lhe forneceram recursos para enfrentar os compromissos e pô-los em dia. Ao deixar o governo, era reconhecidamente um grande benemérito. (...)" Folha Do Dia, 3 de março de 1913. "A notícia da morte de Francisco Pereira Passos, a bordo do "Araguaia", em que viajava o grande remodelador da cidade do Rio de Janeiro, chegou como uma nota de luto e de dor, num domingo alegre e luminoso em que a sua linda, a sua encantadora, a sua estremecida cidade rebrilhava nos seus palácios e nas suas avenidas. Dos homens que ocupam altas posições na política e na administração se costuma dizer, quando deixam a vida, que é cedo para julgar a sua obra. Ela foi tão discutida e apaixonou tantos espíritos que só a anos, mais serenos e mais justos, podem estabelecer o seu veredictum inapelável. de Francisco Pereira Passos não se pode dizer o mesmo. O julgamento da sua ação na pública administração estava há muito feito, quando o Dr. Rodrigues Alves, assumindo a presidência da República, o chamou à Prefeitura do Distrito Federal, para remodelar a cidade colonial de Mem de Sá. (...) O Dr. Francisco Pereira Passos, nasceu em 29 de agosto de 1836, na cidade de São João Marcos, no Estado do Rio de Janeiro, e era filho dos barões de Mangaratiba. Formou-se na antiga Escola Central, hoje Politécnica, e foi logo após nomeado adido à legação brasileira em Paris, onde aperfeiçoou os seus estudos de engenharia, publicando, em seguida, em Londres, a "Caderneta Passos", trabalho técnico de grande valor. Voltando da Europa foi nomeado engenheiro residente da Estrada Pedro II, de onde saiu para dirigir o estabelecimento de fundição da Ponta da Areia, ocupando depois o cargo de engenheiro da Diretoria de Obras Públicas. Foi fiscal da Estrada de Ferro de S. Paulo e empreiteiro da estrada de Bagé a Uruguaiana. Foi engenheiro chefe da Estrada de Ferro de Mauá a Petrópolis, de cujo traçado foi autor, assim como da linha elétrica da Santa Teresa. Como engenheiro da Estrada de Ferro Pedro II construiu o ramal de Porto Novo do Cunha, tendo projetado e realizado trabalhos de consolidação da Serra. Exerceu os cargos de presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristovào, da Estrada de Ferro de Macaé e Campos, da Estrada de Ferro Sapucaí, cujos trilhos estendeu até a fronteira de S. Paulo, e da Estrada de Ferro do Corcovado, sendo desta também o engenheiro construtor. Foi por duas vezes diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, devendo-lhe a Estrada grandes e importantes obras, como sejam, os armazens da Maritma, estação de S. Diogo, ligação direta da Maritma com o interior por um segundo túnel, ponte da Maritma e seu prolongamento, alargamento da bitola da Estrada até Taubaté, substituição de trilhos de ferro pelos de aço, estações de Belém e de Mariano Procópio e, finalmente, a bela reconstrução da estação Central no Campo da Aclamação. Em 31 de dezembro de 1902 foi nomeado para o cargo de prefeito do Distrito Federal, cargo de que tomou posse no dia 2 de dezembro de 1903. Como prefeito do Distrito Federal realizou a remodelação da cidade pondo em prática um vastíssimo plano de embelezamento e transformando o velho Rio de Janeiro, de aspecto colonial, na bela cidade de ruas largas e esplêndidas avenidas, de que hoje nos orgulhamos. Além disso, aumentou a renda municipal e diminuiu a despezas de várias repartições da Prefeitura, sem prejuízo do serviço público: pagou todas as dívidas da Intendência Municipal e conseguiu fazer com que ficasse em dia o pagamento de todo o pessoal e fornecedores." A Notícia, 3 de março de 1913. "A notícia do passamento do Dr. Pereira Passos causou funda impressão na cidade. Engenheiro de reconhecida competência, depois de administrar proficuamente por duas vezes a Central do Brasil, e de desempenhar outras funções e comissões, foi convidado para o cargo de prefeito do Distrito Federal (...) Era como que o administrador honorário da capital,, pela sua ação benéfica e inimitável, toda de dedicação e ativiadde. Se discordamos do reformador do Rio, mais de uma vez, mesmo em sua vida reconhecemos a grandeza dos seus serviços e agora, depois de morto, rendemos justa homenagem ao que fez em benefício da cidade. O Dr. Francisco Pereira Passos deixa seu nome gravado a empreendimentos e a obras, que conseguiu ultimar nos quatro anos em que se multiplicou na Prefeitura. Assumindo as sua funções, o Dr. Pereira Passos projetou grande número de obras. (...) A obra mais importante que realizou foi a avenida Beira-Mar, por ele concluída; ela se estende do estremo sul da Avenida Rio Branco até Botafogo, sendo a sua extensão de 5.200 metros e a sua largura de 33. (...) Longa seria a enumeração de todos os seus serviços, como as avenidas Mem de Sá, Salvador de Sá, o alargamento das ruas da Assembleia, Carioca, Visconde do Rio Branco, Frei Caneca, Estácio de Sá, Marechal Floriano, Visconde de Inhauma, Treze de Maio, que antes da atividade assombrosa desse patrício ilustre só merecia louvores pela sua natureza. Este, sim, merece, como justa homenagem ao muito que fez, ter levantado a sua estátua no coração da cidade. Foi um brasileiro digno dessa comemoração." O Século, 3 de março de 1913. "O Dr. Francisco Pereira Passos que ontem faleceu em caminho da Europa foi, no meio brasileiro, uma exepção e uma surpresa: excepção, pelo contraste fulminante com a nossa educação e com o nosso temperamento; surpresa, pela valentia com que, na sua idade, realizou obras a que gerações moças inteiras não se haviam aventurado. Na antiguidade pagã e ingênua esse homem passaria a ser um herói ou um mito, pela sombra de trabalhos espantosos levados a efeito. No nosso tempo é, com Rio Branco, um ídolo nacional. São esses de fato os nomes mais populares da capital da República. Com uma visão genial das coisas, com uma incomparável capacidade de trabalho, esses dois homens agiram como duas encarnações da pátria. Não foram homens de partido. Não tiveram paixões políticas a orientá-los neste ou naquele sentido. Trabalharam pela grandeza nacional, acompanhados pela simpatia geral, prestigiados pelo apoio de todos. Por isso receberam as bênçãos de todos. O velho Dr. Pereira Passos, repetimos, era um tipo único de nosso meio pela energia superior da vontade e pela visão segura e certa das coisas. Quando lhe coube assumir o governo da cidade, ninguém acreditou realizável a obra que sem dificuldades se realizou. (...) Em quatro anos esta feita uma reforma sem igual, transformada completamente a cidade. Deixando a administração da cidade, as pedras que se atiravam sobre o demolidor implacável se transformaram em flores ao incomparável remodelador. A cidade estava uma jóia. As rendas municipais aumentadas. O funcionalismo da Prefeitura pago em dia. E quando o grande homem tomou o vapor para ir descansar na Europa, para repousar da surpreendente atividade despendida, a população carioca fez uma ardente apoteose. O Dr. Pereira Passos acaba de falecer gozando nesta cidade de uma popularidade só comparável à que cerca o nome de Rio Branco. Foi um homem." A Tribuna, 3 de março de 1913. AS MANCHETES Dr. F. Pereira Passos - O Grande Remodelador Da Cidade Morreu, Em Viagem A Bordo Do Araguaia (A Notícia) Uma Perda Nacional - Dr. Francisco Pereira Passos (Folha do Dia) Um Homem - O Dr. Pereira Passos (A Tribuna) O Remodelador Da Nossa Cidade - O Seu Falecimento (A República) Página inicial Assine 0800 703 3000SACBate-papoE-mailNotíciasEsporteEntretenimentoMulherShopping COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO

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