segunda-feira, 18 de junho de 2012

GRAMOFONE

Página inicial HISTÓRIA DA GRAVAÇÃO SONORA O INÍCIO A busca da conservação de sons vem de tempos longínquos. O facto de podermos registar a voz de alguém ou um som de um instrumento, e depois podermos ouvi-lo quando queremos e onde queremos é algo relativamente recente. Reza a lenda que cerca de 2000 anos antes de Cristo um imperador chinês recebera uma pequena caixa, oferta de um súbdito seu, quando o imperador abriu a caixa uma mensagem sonora saiu de lá de dentro. Mais de 3500 anos depois, mais precisamente em 1548, O escritor francês Francois Rabelais no seu livro “Pantagruel” descreve “Palavras congeladas”. Avançamos um pouco mais no tempo e no século XVII, outro escritor francês, Hector – Savinien Cyrano mais conhecido como Cyrano de Bergerac, descreve numa das suas obras uma complicada caixa que permitia “ler com as orelhas”. No século XVIII o barão Kempelen constrói o “Turco falante”, um boneco que se movimentava e “falava”. Em 1806 o físico Thomas Young, conhecido pelos seus trabalhos no campo da elasticidade, consegue inscrever num cilindro revestido a negro de fumo as vibrações dos sons, estas inscrições são feitas por um estilete “Inscriptor”. Em 1857 é a vez do pintor francês Leon Scott inventar o Fonautógrafo, um aparelho que registra o som, mas que não o reproduz. Leon Scott teve a ideia de gravar o som como uma série de linhas sinuosas. O seu aparelho era constituído por um funil com uma membrana esticada na extremidade estreita, no centro desta membrana estava fixada uma cerda de Porco, o estilete. Este estilete roçava contra uma folha de papel escurecida com fumo enrolada num cilindro que se movia manualmente, as vibrações do som faziam mexer o estilete inscrevendo o som no papel, a máquina não podia era reproduzir o som gravado. A GRAVAÇÃO ANALÓGICA Vinte anos depois da experiência de Leon Scott, a 18 de Abril de 1877, Charles Cros entregou na academia das Ciências Francesa um pacote selado contendo um projecto para um sistema de gravação e reprodução sonora. Charles Cros chamou-lhe “Paléophone”. A 18 de Agosto de 1877, o inventor americano Thomas Alva Edison conseguia levar a experiência de Scott mais além, ao reproduzir o som gravado, chamou ao seu invento “Fonógrafo”. Edison fez a primeira gravação com o celebre poema "Mary has a little lamb". Houve entretanto uma certa polémica em torno destes dois inventores pois as suas máquinas eram semelhantes e baseadas no modelo de Leon scott. A paternidade da primeira gravação acabou sendo atribuída a Edison. O Fonógrafo era constituído por um cilindro giratório em torno do seu eixo, este cilindro era accionado manualmente por uma manivela de progressão axial por sistema de parafuso. No ano seguinte Edison melhorou a sua invenção substituindo o papel por uma folha de estanho, e separando o estilete de gravação do da reprodução. Modelo original do fonógrafo de Edison Os cilindro de Edison tinham uma duração limitada 3 a 4 utilizações além do mau som e curta duração das gravações, cerca de um minuto. Em 1886, Chichester Bell, primo de A. G. Bell o inventor do telefone, e Charles Sumner Tainer registaram a patente de um fonógrafo aperfeiçoado a que chamaram Gramofone, e onde substituíram a folha de estanho por um cilindro de cera mineral, o ozocerito, e o estilete de aço por um de safira em forma de goiva. Cilindro de Cera Gramofone Pathé modelo Coquet O passo seguinte é dado por Emile Berliner, um imigrante americano de Hanôver, em 1888, este inventor mudou a forma dos cilindros para discos planos de 33 cm de diâmetro e 6,4 cm de espessura. Anuncio na imprensa de 1901 em Portugal de um curioso fonógrafo. Anuncio no Jornal “O Século” de 1901 Enquanto se gravava sons em cilindros e discos o dinamarquês Valdemar Poulsen patenteia, em 1898, o primeiro sistema de gravação magnético o “Telegraphone”. Na máquina original a gravação era feita em fio de aço do género usado para os pianos. O arame saía de um carreto onde estava enrolado e passava por um electroíman que o magnetizava segundo um padrão que variava de acordo com os sons captados por um microfone, enrolando-se noutro cilindro. Para reproduzir o som gravado era só passar o arame magnetizado pelo electroíman e por indução magnética geravam-se correntes eléctricas que eram transformadas no som original nos auscultadores. Este sistema, embora melhorado ao longo dos anos, manteve-se até aos anos 40, quando foi substituída pela fita de plástico revestida a oxido de ferro. A máquina de Poulsen ganhou o Grande Prémio da Exposição Mundial de Paris em 1900. A concorrência entre os Cilindros e os Discos atingiu o auge na viragem do século XIX para o século XX, acabando o Cilindro por ser totalmente derrotado em 1905, quando os Irmãos Pathé adoptaram o Disco. Discos “Pathé” de uma só face. Nestes primeiros tempos as gravações eram muito demoradas pois cada cilindro ou disco era gravado individualmente, ou seja, para fazer dez discos o artista tinha de cantar dez vezes. Esta situação terminou em 1892 quando Emile Berliner passou a usar um disco original para se fazer outros. Aqui o artista só precisava de cantar uma vez, para fazer vários discos. Com esta nova técnica os discos passaram a ser prensados com o recurso a matrizes, obtidas por galvanoplastia num composto à base de goma-laca, e que se manteria em uso até ao aparecimento da microgravação em 1943. Em 1907, a Columbia Gramophoneapresenta ao público pela primeira vez, um disco de dupla face e com a espessura de um centímetro. Esta novidade era tão espectacular, que a Columbia deu ordens aos seus vendedores para atirarem os discos ao chão, para provarem que eram inquebráveis. Os avanços técnicos sucedem-se e os discos vão aumentando de tamanho. Discos de 50 e 60 cm de diâmetro, com cerca de 15 minutos de duração, são comuns em 1910. Gramofone modelo de 1912 Gramofone portátil DECCA Os laboratórios Bellexperimentam em 1919 o registo eléctrico, gravações obtidas electricamente através de um microfone, em vez de um vocal, e o primeiro “pick-up”, testado por Lionel Gurt e H. Merriman. O “pick-up” é a célula fonocaptora e compõe-se de uma ponta, a agulha, e um sistema conversor. O sistema conversor aproveita as variações introduzidas no campo magnético de uma bobine condutora, produzindo pequenas correntes eléctricas, que ao serem amplificadas reproduzem o som original. Os Gramofones estariam em moda até finais dos anos 20, altura em que apareceram os primeiros gira-discos eléctricos. A gravação em disco era prática comum, mas paralelamente a gravação magnética ia-se impondo para outros fins que não o de fazer discos. Desde que Poulsen inventou o “Telegraphone”, que as melhorias foram muitas, mas ao chegar a década de 30, ainda se gravava em fio de aço e este ainda se manteria em uso, em muitas estações de Rádio, até aos anos 40. Em 1934, a BASF produzia na Alemanha a primeira fita de gravação magnética, para uma máquina da AEG Telefunken. A fita era de plástico revestido num dos lados com um pó de oxido de ferro, o que permitia uma diminuição no peso e no tamanho dos carretos e o aumento da fidelidade e duração da gravação. Este invento é um avanço considerável na gravação sonora, a partir de agora as estações de rádio já podiam gravar os seus programas e manipulá-los em estúdio. Se houvesse um engano, podia ser corrigido a partir do ponto em que ocorreu a gafe e não repetido na totalidade, como acontecia com os discos. Em 1935 foi transmitido o primeiro concerto registado em fita magnética, durante a exposição de Rádio de Berlim. Gravador “Magnetophon” da A.E.G. (1945) Mesmo com a II Guerra Mundial as empresas alemãs estiveram um passo à frente das suas congéneres europeias e americanas. No fim da guerra as máquinas apreendidas a estações de rádio alemãs foram entregues a firmas como a EMI na Grã-Bretanha e a Ampexnos Estados Unidos. A firma inglesa Electric & Musical Industries, mais tarde EMI, inventou em 1933 as gravações estereofónicas, gravando alguns discos de 78 revoluções por minuto. Após a II Guerra Mundial o Vinil iria sobrepor-se à goma-laca, o material de que eram feitos os discos à mais de 50 anos, e este novo material permitia que os sulcos dos discos fossem mais estreitos, o que poderia reduzir a velocidade e aumentar a duração dos mesmos tocando cerca de 23 minutos de cada lado a 33 1/3 rpm. Este novo disco foi introduzido pela Columbiarecebeu o nome de Long Playing ou simplesmente LP. A gravação manteve-se praticamente inalterável desde durante uma década, os estúdios gravavam em bobines de fita magnética em Mono e depois passavam a uma matriz, que faria vários discos de vinil iguais, para serem distribuídos por pontos de venda. Só em 1958 é que o panorama musical muda com a introdução de discos de 45 e 33 1/3 rpm, estereofónicos. A firma americana Audio Fidelity e as firmas ingleses Decca e Pyeforam as primeiras a introduzir este género de disco no mercado, 25 anos depois dos primeiros discos estéreo de 78 rpm da EMI. Disco de vinil de 45 Revoluções Por Minuto A gravação profissional avançava e, para os amadores, as empresas iam criando aparelhos mais pequenos de bobines. Nos anos 60, a empresa holandesa Philipsintroduziu no mercado a cassete, uma pequena caixa que continha os carretos e a fita magnética, transformando a gravação doméstica, e a profissional também, dos 30 anos seguintes. Cassete áudio analógica A década de setenta traz uma novidade à gravação: a quadrifonia. Este sistema grava quatro sinais de som independentes. Pretendia-se com esta solução criar um ambiente mais realista, colocando 4 altifalantes em torno do ouvinte (surround), esta solução só seria viável comercialmente em finais dos anos 90 com a introdução do DVD Vídeo, DVD Audio e Super Audio Compact Disc, mas numa versão de 5 colunas mais um sub woofer. Devido aos altos custos de produção e das aparelhagens reprodutoras o sistema foi abandonado só sendo feitas umas poucas gravações neste sistema. O DIGITAL A década de 70, assiste ao aparecimento da gravação digital, usando a técnica “PCM”, Pulse Code Modulation, num gravador de vídeo profissional, pela “Nippon Columbia” EM 1977, usou-se este sistema durante mais de uma década. Estas primeiras gravações basearam-se num trabalho desenvolvido pela B.B.C. em 1972, para ligar os estúdios aos emissores por transmissão digital. Em finais da década a Sony e a Phillips aliaram-se para desenvolver um disco digital de apenas 11,5 cm de diâmetro e com a duração de uma hora de um só lado. Em 1983, começou a comercialização deste suporte digital com o nome de Compact Disc, ou simplesmente CD. Compact Disc Digital Audio O CD era anunciado como o “som superior e eterno”, pois os fabricantes apregoavam que o disco não sofria de desgaste, não era tocado por nenhuma agulha como no vinil, e por ser digital o som era de “superior qualidade”. Dez anos depois, o CD, ainda não se tinha conseguido impor, pois a qualidade do som era inferior ao disco de vinil, sofria dos mesmos problemas de manuseamento, era preciso ter cuidado para não riscar a face gravada, e para terminar até os leitores sofriam de “microfonia”, ou seja de captar as vibrações da energia acústica emanada pelas colunas, tal e qual uma agulha de gira-discos. O CD acabou por se impor não pelas suas “qualidades” mas porque simplesmente era mais barato fabricar CDs do que discos de Vinil. Os velhinhos LPs deixaram de ser fabricados em massa, no inicio dos anos 90. Paralelamente ao lançamento do CD, e a entrada na era da gravação digital, havia que pensar na substituição das velhas cassetes e bobines de fita analógica. Trabalhando agora em campos separados a philips e a Sony, apresentam duas soluções de gravação doméstica digital. A empresa holandesa apresenta a sucessora da cassete analógica “D.C.C”., Digital Compact Cassete. Este suporte era igual às cassetes analógicas mas de gravação digital e os gravadores de DCC até podiam ler as cassetes analógicas. Não teve sucesso comercial e a philips deixou de comercializar este suporte em meados dos anos 90. A empresa nipónica apresentou em finais da década de 80, o “D.A.T.”, Digital Audio Tape, uma cassete totalmente diferente e de qualidade de som superior ao CD, mas devido ao seu preço e à falta de cassetes DAT pré-gravadas, apenas conheceu sucesso nos meios profissionais. Cassete DAT Após o fracasso comercial do DAT a Sony apresenta em 1993 um suporte digital novo, com uma qualidade próxima da de um CD: O Mini-Disc. Mini-Disc. O sucessor da cassete áudio analógica O Mini-Disc apresentou-se como uma alternativa viável à cassete analógica, que nos anos 90 era ainda o suporte mais popular, acesso directo a faixas, regravável um Milhão de vezes sem perda de qualidade, digital, etc.. Este suporte depressa ganhou adeptos, até porque o CD gravável ainda não era uma opção ao alcance de todos. Naquela altura os CD-R só gravavam uma vez, eram caros, assim como o equipamento que os gravava. Os CD-RW, apareceram depois, mas ainda eram mais caros. O CD em 1994, sofre uma melhoria, embora esta “melhoria” não seja consensual, com a introdução do “H.D.C.D.”, “High Definition Compatible Digital”, um sistema da americana “Pacific Microsonics, Inc.”. Quando os discos são gravados com este sistema soam melhor em leitores de CD convencionais, e os leitores HDCD tiram melhor partido das gravações em CDs normais, o ideal era o disco e o leitor serem HDCD. Com o abandono da DCC, por parte da Philips, esta começou a comercializar gravadores de CDs, fazendo concorrência ao MD, mas ainda assim sem grande sucesso pois a gravação de CDs estava dominada pelos computadores. Mas por esta altura a cassete analógica ainda cá estava. Em 1996, aparece um suporte novo de vídeo que traz uma novidade em som: o Surround. O “D.V.D.”, Digital Versatile Disc, foi a tecnologia que mais rapidamente teve sucesso junto dos consumidores, enquanto o CD demorou cerca de quinze anos para se impor, o DVD apenas precisou de três. O DVD-Video, trazia a novidade do surround, cinco canais de som independentes e mais um de baixas frequências, traziam para casa o som do cinema. Neste suporte três formatos de som eram concorrentes: o Doldy Digital; o DTS e o MPEG multichanel. O MPEG multichanel depressa foi abandonado, mantendo-se o Doldy Digital e o DTS como formatos concorrentes. O aparecimento do DVD-Video trouxe de novo à tona as deficiências do CD, numa altura em que os discos de vinil voltavam a aparecer nas prateleiras das discotecas, talvez por nostalgia ou porque ainda se fabricavam gira-discos. Isto fez com que Philips e Sony se juntassem outra vez para criar o sucessor do CD, já que se falava do DVD-Audio, para sucessor do CD, esta “reunião” fez surgir o “S.A.C.D.”, Super Audio Compact Disc”. O primeiro leitor SACD. O Sony SCD1 O DVD-Audio é uma melhoria em relação ao CD, tem melhor som e é multicanal, mas a gravação ainda é em PCM, como à 30 anos. O SACD é também um salto qualitativo em relação ao CD e um passo à frente do DVD-Audio, pois grava em “D.S.D.”, “Direct Stream Digital”, que é um avanço em relação ao PCM. Enquanto os sistemas de alta definição tentam ganhar posição no mercado, formatos baseados em computador e fortemente comprimidos, como o mp3 ou wma, ganham terreno principalmente nos consumidores mais jovens. A Internet proporcionou isso mesmo. Cartão Smartmedia, um dos muitos formatos em que é possível gravar música em mp3, wav, ou outro formato com compressão. Neste começo de século ainda não está decidido quem vai suceder ao CD, se o DVD-Audio se o SACD, ambos têm apresentado argumentos, embora o SACD esteja melhor posicionado, mas os formatos sem partes móveis também estão a ganhar terreno e qualidade. Jorge Guimarães Silva Esta página existe desde 12 de Julho de 2003 Ultima actualização: 10 de Abril de 2004 COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO

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