sexta-feira, 8 de junho de 2012

MOSTEIROS MEDIEVAIS

Jornal - "MISSÃO JOVEM" História da Igreja Pelo ano 400, os cidadãos do Império Romano sentiam-se parte da mais formidável, segura e sagrada estrutura política. Alguns julgavam até que o Império era o equivalente terreno do Reino de Deus. Nada poderia ser mais fascinante e abençoa do que um Império governado por um imperador cristão e não somente cristão: um Imperador protetor e preocupado com a fé de seus súditos. Mas, era ilusão: havia já trezentos anos que o Império entrara em decadência. Os povos germânicos pressionavam as fronteiras. O exército, que abrigava mercenários, não era mais a formidável estrutura protetora e garantia da ordem. A decadência começara quando Constantino mudou a sede do Império para Constantinopla, na Ásia, deixando Roma abandonada. Em 395, Teodósio dividira o Império entre seus filhos, criando um Império Ocidental e outro Oriental. Povos asiáticos e europeus sonhavam em morar no território imperial: a fama, a cultura romana, as terras férteis, tudo atraía esses povos chamados de "bárbaros" porque não romanos. Alguns deles: ostrogodos, visigodos, borgúndios, francos, anglos, saxões, eslavos, húngaros, búlgaros, hunos, etc. Em 410, o visigodo Alarico tomou e saqueou Roma. Os cristãos ficaram perturbados: seria o fim da Igreja? Por que Pedro e Paulo não protegeram Roma? Por que tantas vítimas entre crianças, virgens consagradas e monges! Haveria ainda alguma esperança para o Cristianismo? Em 430, o norte da África está assediado, prestes a cair. Agostinho, o grande romano, morre numa Hipona cercada. A Bretanha cristã é assaltada pelos anglos e saxões e praticamente desaparece 1á a fé cristã. Em 452, o huno Átila ameaça tomar e saquear Roma. O papa Leão Magno corajosamente dirige-se ao seu encontro pedindo clemência. Foi atendido. Santa Genoveva também consegue salvar Paris. Em 476, Odoacro, rei dos hérulos, conquista Roma. Os bárbaros ocupam o trono do Ocidente cristão. E guerrearão entre si para o controle e domínio do espólio imperial. Havia bárbaros pagãos e bárbaros arianos, como os germanos. Desafio duplo para a Igreja. O Império Romano do Oriente ainda resistirá por mil anos, mas com território sempre mais reduzido até que, em 1452, Constantinopla foi tomada pelos turcos. Nesta hora trágica e confusa, a fé cristã e seus pastores assumiram a defesa e organização do povo e dos novos povos. Igrejas, mosteiros e cidades estavam destruídos. Era preciso socorrer os pobres, reorganizar a vida. Os bispos, sendo que a administração imperial entrou em colapso, passam a centralizar a organização e governo dos novos povos. Por causa de sua cultura e qualidades pessoais, os bispos tinham condições naturais de exercer essa liderança. Especialmente o Bispo de Roma, o papa, vai assumir progressivamente o posto deixado pelo Imperador. O papa Gregório Magno se empenha em reconstruir a cultura e a cidade de Roma. Do meio das destruições e da decadência, surge uma nova força, primeiramente moral e depois política: a Igreja. Tem início uma nova etapa da história européia, chamada de Medieval, marcada pelo predomínio da autoridade eclesiástica. Papas e bispos são verdadeiros príncipes, refazendo a antiga prosperidade e organização legislativa do Império romano. Passado o primeiro susto, viu-se que a Igreja continuava. E então, não é nossa missão acolher os novos povos em nossas igrejas?, perguntaram-se os pastores. A resposta foi sim, mas não foi nada fácil integrar esses "bárbaros" desorganizados, supersticiosos e violentos nos quadros católicos. Grandes missionários lançaram-se à tarefa evangelizadora. Em 500, o rei franco Clodoveu recebe o batismo e com ele o seu povo. Em 587, o rei visigodo Recaredo é batizado e traz consigo a Espanha. A mais forte obra missionária, porém, veio da Irlanda católica, onde tinha missionado São Patrício (+461), Patrício estabelece um tipo de Igreja onde o centro não é a catedral, mas o mosteiro. Os missionários irlandeses, todos monges, tendo à frente Columbano (+615), partiram para o Continente europeu. Evangelizaram e organizaram igrejas Gália, Suíça, Alsácia, até alcançar o norte da Itália. Os anglo-saxões, na Inglaterra, também queriam receber a fé cristã. Seu grande missionário foi Agostinho de Cantuária, enviado pelo papa Gregório em 596, juntamente com 40 monges. No Pentecostes de 597, o rei Etelberto e a rainha Berta receberam o batismo. No Natal seguinte, mais 10 mil súditos. A fé cristã era reimplantada na Grã-Bretanha. A Bélgica foi cristianizada por Santo Amando (+679). Os povos germânicos, nos séculos IX e X, continuavam a ser o terror da Europa. Muitos deles, porém, foram evangelizados pelo maior missionário do continente europeu, Wynfrith, mais conhecido como São Bonifácio (+ 754 aprox.). Ele converteu a maior parte da Alemanha, implantando dioceses e mosteiros, conservando sempre estreita ligação com Roma. Os paises escandinavos (Noruega, Dinamarca, Suécia) receberam a fé cristã entre os séculos IX e XII. Grandes foram Santo Oscar (+865), apóstolo da Dinamarca, e o rei Santo Olavo (+ 1030), na Noruega. A partir de 780, as demais partes da Alemanha foram convertidas à força por Carlos Magno. Após a conquista militar, ficava a escolha: ou o batismo ou a morte. Com relação ao território do antigo Império Romano, podemos dizer que o retorno à fé católica estava concluído em meados do século VII, com o retorno da Gália, Espanha, Itália e Inglaterra ao mundo católico. A partir deste texto, temos uma idéia de três métodos missionários empregados na evangelização da Europa. O primeiro método é o do convencimento: o missionário anuncia o Evangelho nos povoados e cidades, convence e batiza, depois organiza as estruturas das Igreja. É o método de São Bonifácio na Alemanha, por exemplo. O segundo método é o da conversão dos chefes, reis ou príncipes, que depois trariam seu povo à nova fé. Assim foi na Gália, na Espanha e na Inglaterra. O terceiro método, sem justificação na história missionária anterior, foi o das conversões forçadas, aplicado por Carlos Magno aos saxões: ou batismo ou morte. Conversões forçadas, fingidas, por interesse, longe da mansidão e do convencimento da tradição crista. Inaugura-se ai algo que terá repercussão negativa na história: a violência a serviço do Evangelho ou da unidade da Igreja. Muitas vezes com a destruição dos lugares sagrados e dos templos pagãos. Não havia respeito pelas antigas culturas, pois isso poderia despertar a tentação do retomo ao paganismo. O que o Ocidente sofria com as invasões bárbaras, a África do norte e o Oriente passaram a sofrer a partir de 622 (Hégira, início da era muçulmana) com os seguidores de Maomé. Os muçulmanos, com o entusiasmo dos novos crentes, lançaram-se à conquista dos impérios romano do Oriente e da Síria. Em 638 conquistaram Jerusalém, em 642 Alexandria, em 651 a Pérsia. Dirigiram-se então ao Ocidente: em 670 fundaram o Cairo, em 698 tomaram Cartago e em 711 iniciaram a conquista da Espanha. Seu avanço foi contido em 718 sob os muros de Constantinopla e, em 732, em Poitiers. A derrota nestes dois combates teoricamente significaria o fim da Cristandade européia. Os locais onde tinha nascido o Cristianismo, as Igrejas mais antigas, os históricos e sagrados patriarcados de Jerusalém, Alexandria e Antioquia, caíram sob a dominação árabe. Com poucas exceções, os árabes foram tolerantes, mesmo que achassem cristãos e judeus cristãos de segunda classe. Nos paises conquistados, o cristianismo desapareceu lentamente, com exceção de comunidades que ainda hoje resistem, formando Igrejas estruturadas: os coptas no Egito e na Etiópia, os Maronitas no Líbano. No norte da África, terra de Agostinho, Cipriano, Tertuliano, glórias da Igreja, a extinção foi definitiva: no momento da conquista havia 40 bispos, em 1076 eram dois. Como conclusão, podemos afirmar que, além de um mundo cristão revolvido, surge um mundo cristão dividido: as Igrejas do Oriente e do Ocidente se distanciam sempre mais, preparando o campo para a triste divisão do ano 1054, quando o Ocidente será católico e o Oriente, ortodoxo. Pe. José Artulino Besen Prof. de História no ITESC Visite as outras páginas [P.I.M.E.] [MUNDO e MISSÃO] [MISSÃO JOVEM] [P.I.M.E. - Missio] [Noticias] [Seminários] [Animação] [Biblioteca] [Links] Voltar COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO

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