quinta-feira, 21 de junho de 2012

O NORDESTE

No início do século XIX, no Nordeste da Capitania e depois Província de São Paulo junto à divisa de Minas Gerais, ocorreu a ampliação da produção agrícola, com a diversificação passavam por um período de desenvolvimento agrícola, porém com produções e mercados diferentes. A Capitania de São Paulo foi à região do Brasil onde houve as maiores modificações demográficas, ligadas as grandes fazendas com monoculturas voltadas para o mercado externo como as plantations de açúcar nas regiões de Campinas, Jundiaí, Itu e Sorocaba, e as plantations de café no Vale do Paraíba. Na Capitania de Minas Gerais, com a diminuição das atividades mineradoras, o desenvolvimento agrícola ocorrerá em função dos mercados locais e do aumento de mercados consumidores, como o do Rio de Janeiro com a instalação da Corte. As mercadorias mineiras eram escoadas por caminhos que ligavam as Capitanias, estimulando o povoamento, gerando riquezas e comunicação entre as diferentes regiões. Esse é o caso do Sertão do Rio Pardo, que devido a Estrada dos Goyazez, (caminho que ligava o comércio do centro-sul) teve a sua povoação e dinamização da economia. O presente trabalho visa recuperar informações que permitam ampliar o conhecimento sobre a Capitania/Província de São Paulo, mais especificamente sobre o Sertão do Rio Pardo, a Freguesia e depois Vila Franca, no período de 1800 a 18321. A cidade de Franca/SP está localizada no Nordeste Paulista, situada entre os rios Pardo e Grande. Essa região teve o seu povoamento entre finais do século XVIII2 e início do XIX, ligado ao Caminho dos Goyazez, estrada que ligava a capitania de São Paulo para as minas de Goiás. O caminho partia de Mogi-Mirim e cortava os territórios dos atuais municípios de Moji-Guaçu, Casa Branca, Tambaú, Cajuru, Altinópolis, Batatis, Patrocínio Paulista, Franca, Ituverava, Igarapava até chegar ao Rio Grande. (CHIACHIRI, 1973,p.51) 1 O recorte temporal escolhido deve-se ao fato, de que, em um período de um pouco mais de 30 anos temos a possibilidade de cruzar mais de três tipos de fontes e com elas fazer uma reconstrução populacional mais completa. Também foram consideradas as futuras divisões no território e outros trabalhos já existentes para a região em períodos posteriores como os de Cunha, M. F. Fogos e escravos da Franca do Imperador no século XIX. Tese (Mestrado) Instituto de Filosofia de Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2005. Cunha, M F. Demografia e Família Escrava. Franca – SP, século XIX. Tese (Doutorado) Instituto de Filosofia de Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2009. 2 No início do século XVIII o território do Nordeste Paulista era terra de Cayapós. Ver : RAVAGNANE, Z. P. O. Dados históricos e arqueológicos dos primeiros habitantes do Nordeste Paulista. Boletim Histórico de ciências correlatas, Franca , Ano II, n° 4, P. 50-57, 1970. O povoamento dessa região no século XVIII estava ligado aos pousos destinados ao abastecimento dos viandantes do Caminho dos Goyazez , sendo no começo uma pequena população distribuída em alguns domicílios compostos da família, alguns escravos e agregados (na maioria dos casos parentes do chefe do fogo), A economia era voltada para a produção de bens – principalmente gêneros3 - destinados aos mercados locais e regionais. No final dos setecentos e início do oitocentos, verificamos a ocupação efetiva do Sertão do Rio Pardo ( Termo de Franca) com migrantes mineiros que buscavam novos espaços para a ampliação de suas atividades tradicionais de abastecimento interno. Essa afluência de mineiros para o Nordeste Paulista foi em decorrência de diversos fatores como: abundância de terras com condições favoráveis, atividades agropastoris na bacia do Rio Grande e mercado interno para o consumo dos excedentes. (OLIVEIRA,1997) A economia da Freguesia/Vila Franca4, caracterizava-se pelo seu caráter mercantil e pela sua diversificação das atividades produtivas como a agricultura, pecuária, comércio, mineração e atividades artesanais. As primeiras Listas Nominativas5, dos anos de 1801 a 1809, apresentam a maioria dos chefes de fogos como agricultores e lavradores, cujas atividades eram principalmente voltadas para a mera subsistência, de acordo com os seguintes termos encontrados: “planta para seu gasto”, “planta para o seu sustento”, “tudo consumiu” e “ planta e cria”.Por outro lado, nos documentos da segunda década do século XIX, encontra-se referências sobre a produção de bens – gêneros alimentícios e outros – destinados ao mercado, o que denota a ampliação das atividades que geravam excedentes para a comercialização. ou então a quantidade dos produtos plantados e o excedente comercializado. Os agricultores/lavradores plantavam nomeadamente milho, feijão, algodão e em menor escala arroz, mandioca, fumo e mamona. O milho era o principal produto. A predominância pode ser compreendida, devido às facilidades do plantio e os seus usos na alimentação, como canjica, fubá e farinha e também para a engorda de animais como 3 Gêneros de subsistência são os bens de consumo destinados ao auto-consumo do domicílio em que foi produzido e a venda de excedentes para comercialização. 4 Freguesia e vila 5 As Listas Nominativas são recenseamentos elaborados pelos membros das Companhias de Ordenanças e, em geral, continham os fogos (domicílios) e seus respectivos moradores, sendo livres, agregados e escravos.As informações contidas nesses documentos variam de acordo com a localidade e ao ano; mas, em geral, temos: nome, sexo , idade, cor, estado conjugal e ocupação (essa na maioria das vezes apenas para o chefe do fogo).São utilizadas Listas Nominativas de 1800 a 1832. capados (suínos) que apresentava uma criação bastante ampliada, sabendo-se que o Termo de Franca era um dos maiores produtores de suínos da capitania de São Paulo. (OLIVEIRA,1997,p.27) As potencialidades das atividades desenvolvidas e seu dinamismo foram capazes de atrair e fixar um contingente populacional importante, gerando um crescimento demográfico, passando de 174 habitantes em 1779, para 690 em 1804, elevando para 1279 em 1809 e crescendo para 3020 pessoas em 1820. (CHIACHIRI,1973, p. 135, OLIVEIRA(b), 2008, p.6) Na segunda década do século XIX, o afluxo de mineiros passou a ser mais intenso, sendo que foram recenseadas 130 pessoas como novos entrantes em 1820, sendo 82 pessoas livres e 48 escravas, formando 16 novos fogos. Os novos entrantes, em sua maioria, foram acompanhados da sua família e de pequenos e médios plantéis de escravos (predominância de 1 a 5 escravos). Até 1830, a transposição de população mineira para o Nordeste Paulista, notadamente para área que compreendia a Vila Franca, pode ser, dividida em dois momentos. No primeiro, aconteceu a chegada de famílias possuidoras de poucos (1 a 5) ou nenhum escravo; já no segundo momento, após 1810, observamos as famílias que possuíam maiores plantéis (a casos de 11,15,20 e até um caso de 45 cativos). Dentro desse contexto, procuramos desvendar e caracterizar os diferentes grupos sociais que se estabelecem no Nordeste Paulista. O deslocamento das famílias mineiras, com seus agregados e escravos, somado ao crescimento natural da gente do lugar ampliou consideravelmente o número de fogos e unidades produtivas. Os fogos somavam 111 em 1804, aumentando para 379 em 1820 e, passando a totalizar 560 em 1829.Em 1820, considerando a divisão de escravos por fogos, sabemos que cada unidade possuía em média 2,7 cativos(JUNIOR, 2002, p.37, OLIVEIRA(b), 2008, p.11) Os fogos podem ser assim descriminados: simples, múltiplos e sem famílias. Na documentação relativa a 1820 que é ao mesmo tempo chefe do domícilio, não sendo a família Predominavam aqueles designados como simples,ou seja tinham um único chefe da família. Na documentação relativa a 1820 podemos afirmar que aqueles designados como simples (88%) que é ao mesmo tempo chefe do domícilio, não sendo a família simples ou conjugal. Nesta categoria incluem-se famílias extensas com agregados solteiros ou viúvos sem filhos, com laços ou não de parentesco. Os fogos considerados múltiplos (9%) e por fim aqueles sem famílias (somente 3%) Ainda para o ano de 1820, tendo como base a população total de 3020 indivíduos identificamos: 2015 pessoas livres (67,0%) e 1005 escravos (33,0%).Os senhores de escravos eram em número de 159, o que resulta em 6,3 escravos em média por proprietário.Os donos de escravos eram divididos em 145 do sexo masculino e 14 do sexo feminino Noutros termos a grande a maioria dos livres não possuía escravos, havendo portanto, naquela década uma grande concentração de escravos nas mãos de poucas pessoas. Sabendo-se que no ano de 1830 Em suma a concentração de escravos ou de cativos por senhor permaneceu bastante concentrada . Considerando a divisão de escravos por fogos, sabemos que cada unidade possuía em média 2,7 escravos. Ao analisar por outro viés afirmamos que somente 159 fogos tinham escravos, o que altera a média para 6,3 escravos por fogo O conceito de fogo coincide com o de domicílio, no qual coabitam pessoas que mantêm laços de parentesco, ou ralações de dependência com o chefe do fogo que encabeçava o recenseamento da unidade e poderia ser ou não o chefe da família. (COSTA, 1982, p.85) nota de rodapé primeira vez fogo. copyright aut5or do texto

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