domingo, 10 de junho de 2012

OS VIKINGS INVADEM A INGLATERRA

SUPERCiênciaNotíciasArtigosNaturezaNotíciasArtigosEspaçoNotíciasArtigosCorpoNotíciasArtigosMenteNotíciasArtigosHistóriaNotíciasArtigosSociedadeNotíciasArtigosTecnologiaNotíciasArtigosSecçõesEditorialA Opinião do LeitorO Lado Escuro do UniversoCaçadores de EstrelasMotorCoisas da VidaOpiniãoLivrosHá 10 AnosA Vida Íntima das Palavras  Falta de meninas Nova teoria para a expansão viking Estudos recentes reveem as razões que levaram os nórdicos a saquear a Europa medieval e apontam como móbil principal a escassez de mulheres. Em 8 de junho de 793, um bando de vikings desembarcou em Lindisfarne, uma ilhota ao largo da costa nordeste de Inglaterra, matou à facada os monges do mosteiro local e saqueou as casas dos arredores. Foi a primeira ofensiva daqueles habitantes da Escandinávia no exterior das suas fronteiras e constituiu o início do que se tornaria conhecido como Era Viking, a qual se prolongou até ao século XI. Nesse período, milhares de nórdicos fizeram-se ao mar nos seus drakkars (barcos-dragão) e encetaram uma rápida sucessão de incursões pela Europa para atacar povoações, apoderar-se das suas riquezas e, em alguns casos, estabelecer-se em novas colónias. Os suecos cruzaram o Báltico em direção à Finlândia e ao lago Ladoga. Atravessaram a Rússia pelo rio Dnieper e chegaram ao mar Negro e a Constantinopla. No percurso, fundaram cidades como Staraya Ladoga, Novrogod e Kiev. Os noruegueses invadiram as ilhas do Atlântico Norte (Hébridas, Órcades, Faroé e Shetland), assim como a Irlanda e a Escócia. Depois, alcançaram a Islândia e, por volta do ano 1000, as costas da América do Norte, a que chamaram Vinlândia. Os dinamarqueses atacaram Inglaterra e a Frísia e navegaram pelo Elba até Hamburgo, pelo Reno e pelo Sena até Paris. Saquearam as costas da Galiza e das Astúrias, sulcaram o nosso litoral e subiram o rio Guadalquivir até Sevilha. Muitas das incursões não passaram de razias pontuais, mas a presença escandinava em Inglaterra foi uma constante durante dois séculos. Em 865, um exército dinamarquês chegou à Anglia Oriental, invadiu a Nortúmbria e tomou York, onde alguns se estabeleceram como agricultores. O rei saxão Alfredo, o Grande, conseguiu conter a invasão, mas, em 947, outra vaga de guerreiros recuperou York e, posteriormente, o rei dinamarquês Canuto, o Grande (995–1035), tornou-se rei de Inglaterra. A presença nórdica na Grã-Bretanha só terminaria com a morte do monarca Harald Hardrade da Noruega na batalha de Stamford Bridge (1066), data que assinala o fim da Era Viking. Mudança de cenário O impacto histórico da diáspora escandinava foi assinalável. As expedições por mar fizeram crescer a pirataria, o comércio, a emigração, as conquistas e a exploração marítima pela Europa e pela América do Norte e contribuíram para a formação e o povoamento de áreas correspondentes às atuais Irlanda, Escócia, Inglaterra, Rússia e Ucrânia, além das próprias nações nórdicas: Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca e Islândia. Propiciaram igualmente a fragmentação do Império Carolíngio e a criação de um estado normando (na atual região francesa da Normandia), cujos reis passaram a fazer parte das dinastias de monarcas ingleses. Alguns territórios, como as ilhas Faroé, a Islândia e a Gronelândia, passaram mesmo a ser habitados graças às incursões nórdicas. Já foram sugeridas várias razões para explicar por que motivo tantos homens (nobres, camponeses e pescadores) se transformaram em guerreiros à procura de fazer fortuna. Tratava-se, como é costume considerar, de simples grupos de origem familiar ou tribal que decidiram, afetados pelas sucessivas crises de fome, lançar razias pelo norte da Europa, próximo e acessível por mar, ou houve causas mais substanciais? Os historiadores acreditam que foi uma conjugaçãode vários fatores (tecnológicos, climáticos, demográficos, económicos, políticos e ideológicos) que favoreceu a expansão dos vikings. Todavia, segundo James Barrett, historiador e investigador do Instituto McDonald de Arqueologia da Universidade de Cambridge (Reino Unido) e talvez o maior especialista atual em vikings, há que acrescentar outro motivo fundamental: os escandinavos partiam em busca de companheiras, pois o infanticídio seletivo de recém-nascidas (documentado nas sagas islandesas) provocara uma alarmante falta de mulheres, o que levava os jovens a viajar para conquistá-las. Barret considera que foi esse o móbil primordial, embora não a única razão. Não há dúvida de que condições climáticas mais favoráveis teriam aumentado as possibilidades de os nórdicos se deslocarem, mas Barrett assinala que o período medieval de aquecimento na Europa se produziu depois do ano 1000 e foi mais acentuado no século XII, pelo que não deve ter exercido uma in­fluên­cia significativa. Ida e volta Por outro lado, a Escandinávia partilhou com o resto da Europa o boom demográfico que produziu um aumento notável da população ao longo do primeiro milénio, embora com algumas nuances. De facto, algumas zonas praticamente não se alteraram desde a época romana até ao século XIV, quando as epidemias dizimaram o continente, mas noutras zonas das atuais Noruega, Suécia e Dinamarca registou-se uma progressiva deflorestação ao longo da Era Viking, para permitir a fundação e o desenvolvimento de povoações e cidades. Teria essa pressão demográfica forçado os povos do norte a avançar para sul e colonizar territórios vizinhos? Alguns historiadores falam de uma primeira vaga que teria levado os nórdicos a estabelecer bases na Escócia setentrional, a partir da qual avançariam rumo ao resto da Grã-Bretanha, à Irlanda e à Normandia. Todavia, segundo Barrett, não existem indícios arqueológicos de semelhantes bases antes do século IX, nem de um hipotético reino viking nas ilhas do norte da Escócia, embora haja sinais da sua posterior chegada a Dublin e a diversas zonas de Inglaterra. A análise de dentes, ossos e sepulturas (as quais permitem seguir a pista das migrações) mostra que, mais do que uma guarda avançada de reconhecimento, os contingentes vikings dispunham de redes de contactos que lhes permitiam deslocar-se para lugares onde havia oportunidades económicas e dos quais obtinham informação através de vizinhos ou familiares que os tinham precedido. O objetivo dos primeiros viajantes era apropriar-se de bens que pudessem ser transportados e estes eram mais abundantes nos mosteiros da Irlanda e da Escócia do que nas quase desabitadas ilhas Órcades, Shetland e Faroé. Em suma, tratava-se de expedições destinadas à pilhagem e lançadas com o intuito de regressar à povoação de origem, não de emigrar para viver noutras regiões. Assim, segundo a tese de James Barrett, “mais do que a pressão exercida por uma hipotética sobrepopulação na Escandinávia, havia outro aspeto demográfico mais decisivo para os guerreiros louros partirem à aventura: o sexo”: boa parte do espólio que os vikings levram das ilhas britânicas foi encontrado em túmulos de mulheres, na Noruega. Em 2010, a exumação de uma rainha viking mostrou que fora sepultada juntamente com uma serva e um importante enxoval fúnebre, para além da proa de um drakkar. Egil Mikkelson, diretor do Museu de História Cultural de Oslo, e a sua equipa estão a efetuar testes de ADN que poderão proporcionar mais dados. Os jovens eram guerreiros Barrett acredita que os bens encontrados nos túmulos femininos faziam parte do dote ou do enxoval das noivas, o que induz a pensar que boa parte das incursões vikings se destinava a adquirir riquezas e atrair potenciais companheiras. Na Europa medieval, os jovens da nobreza tornavam-se guerreiros ao serviço de outros senhores ou faziam parte de irmandades militares até conseguirem casar e estabelecer-se por sua conta. Possivelmente, participar nas incursões proporcionava-lhes o dinheiro necessário para triunfar numa sociedade rural e adquirir a sua própria habitação. O sociólogo alemão Gunnar Heinsohn, especialista em genocídios ocorridos em diferentes períodos históricos, defende a teoria da “explosão juvenil”, a qual postula que a belicosidade exacerbada é própria de sociedades em que os homens jovens representam um segmento desproporcionado da população total. Não há lugar, nem cargos, nem fêmeas para todos, o que conduz a uma competição violenta. E por que teria ocorrido esse desequilíbrio demográfico a favor do sexo masculino? Segundo Barrett, porque se praticava na sociedade escandinava, tal como noutras comunidades primitivas, o infanticídio seletivo de meninas. Em suma, a escassez de mulheres e a feroz concorrência pelas poucas disponíveis teria incitado os jovens a partirem à aventura para aumentar as possibilidades de juntar um dote para conquistar uma companheira, ou de procurar mulher fora das suas fronteiras. A tese é apoiada por um estudo genético publicado, em 2010, no American Journal of Physical Anthropology, o qual veio confirmar que alguns islandeses partilham características (a linhagem C1e) exclusivas dos índios norte-americanos. Segundo Carles Lalueza-Fox, um biólogo espanhol que participou na investigação, “esses genes devem ter sido legados por uma mulher, pois foram conservados no ADN mitocondrial, transmitido por via feminina”. O mais provável, por conseguinte, é que os vi­kings que chegaram à América por volta do ano 1000 tivessem raptado uma ou várias jovens ameríndias, que levaram para a Islândia. Ainda não há provas desse infanticídio feminino generalizado que seria praticado na sociedade nórdica, mas os vestígios funerários apontam nesse sentido. Há também referências à matança de recém-nascidos, embora sem especificar o sexo, nas impressões do viajante árabe At-Tartushi, que visitou em 965 a colónia viking de Hedeby, no norte da Alemanha. “A sua alimentação consiste maioritariamente em peixe, que é muito abundante. Quando alguém dá à luz um bebé, costumam atirá-lo ao mar para poupar despesas.” É evidente que a economia desempenhou um papel fundamental na expansão escandinava. Primitivas cidades e portos, denominados viks (origem da palavra “viking”), floresceram na Europa ao longo do século VIII e tornaram-se o principal alvo das suas incursões a partir de 830. O comércio era intenso nos cais de York, Dorestad, Ribe ou Hedeby, como provam as descobertas de moedas, cerâmica e vidro. Objetos de prata, provenientes do califato abássida, chegaram às colónias escandinavas do Báltico e à povoação viking de Staraya Ladoga. De facto, os historiadores pensam que houve uma “febre da prata”. Por sua vez, fontes árabes referem que os rus (mercadores escandinavos) levavam peles e espadas para Bagdad no século IX e que havia trocas de escravos. Em resumo, participaram numa espécie de mercado global da época, além de imporem nos territórios que dominavam o chamado danegeld (literalmente, “ouro dinamarquês”, imposto pago aos reis daquele país para evitar incursões e saques nos seus territórios), uma forma de extorsão económica em troca de proteção. Seria para conquistar? Terá o domínio político constituído um objetivo das expedições vikings? Sim, até certo ponto: na época das primeiras incursões, os estados vizinhos (o império carolíngio e a Inglaterra anglo-saxã) eram mais fortes e contavam com um poder mais centralizado do que os escandinavos. Apenas a Irlanda e a Escócia, divididas em pequenos territórios com lideranças fracas, proporcionavam oportunidades de conquista. Mesmo assim, teria sido mais fácil para os vikings atacar comunidades da Noruega e da Dinamarca do que alvos remotos. Seguramente, o próprio processo centralizador interno exerceu maior influência. Segundo Bjorn Myhre, arqueólogo e co-autor da obra História Agrícola Norueguesa, a Escandinávia deixou de ser um conjunto de pequenas sociedades tribais igualitárias para formar pequenos reinos mais fortes, devido à pressão exercida pelos grandes estados da Europa. O império carolíngio ofereceu aos nórdicos um modelo de poder centralizado com capacidade para manter uma força militar organizada que impunha respeito. Nesse contexto, piratear os ricos portos europeus era uma opção viável para as elites escandinavas que competiam entre si para obter maior riqueza e poder. Há que considerar quem foram os perpetradores dos saques vikings. Entre estes, havia líderes sem sangue real que serviam os seus próprios interesses, como é o caso de Saxolb, morto na Irlanda em 837. Houve também enviados da realeza, como Tomrair de Laithlinn, membros de dinastias no exílio, como Harald da Dinamarca, que combateu na guerra civil carolíngia, e soberanos reinantes, como God­frid, conquistador da Frísia. As pilhagens permitiam a estes guerreiros de linhagem nobre investir em armas e soldados para aumentar o seu poder político. Todavia, entre os saquea­dores, havia também vassalos e camponeses, aos quais as riquezas garantiam o direito a uma mulher e a um lar. Barrett considera que o alcance das incursões, a dimensão das frotas e a importância dos protagonistas foram aumentando ao longo da Era Viking. A crescente concorrência interna na Escandinávia conduziu à libertação de escravos para cultivar novas terras e fez surgir mais grupos de homens dispostos a melhorar o seu património e reputação. Uma sociedade cada vez mais competitiva e militarizada pode ter levado a que se preferisse os filhos às filhas, com o consequente infanticídio feminino e a explosão demográfica juvenil masculina. As peças encaixam. Se somarmos a tudo isso o sentido da honra e o fatalismo religioso, completamos o puzzle sobre o que teria fomentado o expansionismo dos vikings, cuja fé ditava que uma morte heróica em combate afiançava a recompensa no Além. L.O. Sem rival A superioridade naval e, a partir do século VIII, o conhecimento técnico da navegação, constatados pelas descobertas arqueológicas, constituíram um dos segredos do êxito da expansão viking. Os restos de naves encontrados mostram que eram excecionalmente resistentes e velozes para aquele tempo (chegavam a alcançar 15 nós). Mesmo modelos antigos, como o barco de Nydam (século IV), já permitiam efetuar longas travessias com guerreiros a bordo. Dado o pequeno calado das embarcações, os drakkars podiam sulcar águas pouco profundas e subir rios. Os mastros não eram fixos e podiam ser desmontados se fosse preciso arrastar o barco por terra. Os vikings também inventaram a quilha, que lhes conferia estabilidade nas correntes rápidas. Devido à sua capacidade naval, os nórdicos puderam dar grandes saltos geográficos por mar sem necessidade de contar com bases nas ilhas do norte da Escócia próximas da Escandinávia: Faroé, Shetland... Em comparação com o esforço exigido pelo transporte terrestre, as distâncias de navegação na Europa tornavam-se exequíveis, mesmo para os barcos a remos do início da Idade Média. Por exemplo, ir da Noruega à Irlanda demorava apenas dez dias, segundo fontes medievais. SUPER 164 - Dezembro 2011 1 2 3 4 5 ( 0 Votos ) More Sharing ServicesPartilhar | Share on facebookShare on myspaceShare on googleShare on twitter Comentar JComments Últimas publicaçõesJesus em família Teve irmãos e irmãs de sangue? 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