terça-feira, 19 de junho de 2012

QUEDA DO IMPÉERIO

ORIGENS DA FAMÍLIA REAL (Fonte: Jornal da Tarde-SP - 05.11.2001) . A amarga despedida O império no Brasil terminou com o exílio imposto ao imperador Pedro II, através da "Lei do Banimento", pelos republicanos que subiram ao poder em 1889. Sua Alteza Imperial e família - a imperatriz Tereza Cristina, a princesa Isabel e o conde d'Eu - foram forçados a deixar o Brasil, rumando para a nova moradia em Paris. A imperatriz, no entanto, não chegou à capital francesa: não agüentando a dor emocional que o golpe de 15 de novembro lhe causou, faleceu apenas duas semanas depois, logo depois de aportar em Portugal. Apesar de o marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente brasileiro, ter oferecido a Sua Majestade algum dinheiro para a viagem (5.000 Contos de Réis), D Pedro II partiu no dia 18 com as roupas do corpo apenas. Triste e decepcionado com a ingratidão dos novos políticos que subiram ao poder, uma vez que nunca fora realmente um anti-republicano, mas, paradoxalmente, apoiara o movimento, o imperador nunca mais ouviria "as aves que aqui gorjeiam", nas palavras de Gonçalves Dias em Canção do Exílio. Renúncia a um trono virtual Anos depois, em 1908, d. Pedro de Alcântara, filho mais velho da princesa Isabel com o conde d'Eu, e por isso o herdeiro legítimo do trono brasileiro, tomou uma atitude posteriormente seguida por outro rei, Eduardo VIII da Inglaterra: abdicou do trono em razão de seu amor a uma plebéia. No caso do rei inglês, tio da atual rainha Elizabeth II, a consorte foi a norte-americana Wally Simpson, e o casal se tornou a coqueluche da alta sociedade nova-iorquina. Já Pedro de Alcântara apaixonou-se por uma condessa checa, d. Elisabeth Dobrzensky von Dobrzenics, que, mesmo nobre e aristocrata, não tinha a linhagem principesca necessária para casar-se com um imperador. Mesmo fora do poder, Pedro abdicou do direito de sucessão para si e seus herdeiros em favor de seu irmão mais novo, d. Luis, por meio de carta escrita de próprio punho. O documento está registrado em microfilme, no 1º Registro de Títulos e Documentos da Comarca da Cidade de São Paulo. Os principes no Brasil Anos depois o presidente Epitácio Pessoa, que governou o Brasil entre 1919 e 1922, anistiou a família real, permitindo-lhe retornar ao País. O primeiro a aqui chegar foi Pedro de Alcântara, que abdicara. Ele logo tomou posse do Palácio Grão-Pará, em Petrópolis, outrora residência de verão de seu avô, d. Pedro II. Como esta cidade serrana, que leva o nome imperial (a outra é Teresópolis, em homenagem à imperatriz), cresceu em terras particulares da família, o poder público instituiu a esse ramo de herdeiros a anfiteuse, o privilégio de receber 1% de remuneração sobre qualquer transação imobiliária realizada no município. Anos depois chegou d. Luis, então herdeiro legítimo do trono, favorecido pela abdicação do irmão. Ele se instalou em Vassouras, outra cidade fluminense, perto da divisa com São Paulo. As origens da dinastia As raízes da família real brasileira estão fincadas na remotíssima história da coroa francesa. O rei Roberto II (972-1031) foi pai do célebre duque de Borgonha (1010-1076), cuja descendência abriga a não menos lendária figura de Afonso Henriques (1109-1185), primeiro rei de Portugal. Ele fundou a Casa dos Borgonha, que por sua vez originou a Casa de Aviz, criada por Dom João I (1356-1433). Os Aviz sobreviveriam até 1580, ano em que Portugal passou ao domínio da Espanha por injunções sucessórias ligadas ao entrelaçamento de ambas as casas reais, após o trágico reinado de d.Sebastião, que morreu sem deixar herdeiro. O trono voltaria a mãos portuguesas com a ascensão de d. João (1604-1656), fundador da dinastia dos Bragança. Ele descendia do primeiro duque de Bragança, d.Afonso (1377-1461) , filho natural de d.João I – aquele que criou a casa de Aviz. Embora bastardo, ele tinha no sangue o DNA necessário para que seu descendente pudesse assumir o poder, quase 200 anos mais tarde. Dom João VI (1767-1826) , monarca da linhagem dos Bragança, foi pai do nosso Pedro I – foi, portanto, pai do sangue azul verde-amarelo. Origem carolíngea Dom Pedro I, imperador do Brasil, era também Pedro IV de Portugal. A dinastia da família Orleans e Bragança começa entre 940 e 946, ainda sem esse nome, com o famoso Hugo Capeto, rei carolíngeo. Passa por figuras como Luiz IX, rei da França entre 1214 e 1270, que se tornou o São Luiz da Igreja Católica, e os demais luizes, como o XIV, o Rei Sol, e o XV, marido de Maria Antonieta. D. Pedro II tinha cultura invulgar D. Pedro II, o velho rei filósofo, amante das artes, que foi o primeiro homem a falar ao telefone, com o inventor Alexander Graham Bell, na Exposição de Filadélfia, nos EUA, em fins do século XIX, foi também o primeiro fotógrafo brasileiro. Humanista, em visita à Itália deparou-se com uma passeata promovida pelos "sem-terra". E como tanta dela havia por aqui, convidou-os à imigração. Foram os primeiros anarquistas italianos a vir para o Brasil. O imperador foi também criador de inúmeros centros de excelência, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o Instituto Brasileiro de Estatísticas e Geografia e o Instituto Genealógico Brasileiro, entre outros. Velhinho simpático, de olhos azuis e barba branca, efígie da antiga nota de 100 cruzeiros, faleceu triste e esquecido em 1891. voltar ao capítulo . www.pitoresco.com/historia . COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas