terça-feira, 19 de junho de 2012

A REPÚBLICA VELHA

skip to main | skip to sidebar A República Velha Prof. Leonardo Castro Os militares mantiveram-se no comando da República nos primeiros quatro anos de existência do novo regime. Foi o período dos governos dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, de 1891 a 1894. Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a Constituição da República, de inspiração liberal-democratica e que tinha como pontos principais: a divisão e indenpendência dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); o regime federativo presidencialista; voto universal masculino não-secreto, com excessão dos mendigos, analfabetos, soldados e religiosos; igualdade juridica dos cidadãos (“todos são iguais diante da lei”); direito de propriedade; liberdade de crença, de associação e expressão; laicização do ensino público; separação entre o Estado e a Igreja; autonomia dos estados. Texto e Contexto “Sendo função social antes que direito, o voto era concedido àqueles a quem a sociedade julgava poder confiar a sua preservação. No Império, como na República, foram excluídos os pobres (seja pela renda, seja pela exigência da alfabetização), os mendigos, as mulheres, os menores de idade [menores de 21], as praças de pré (soldados e marinheiros), os membros de ordens religiosas. Ficava fora da sociedade política a grande maioria da população. Algumas mudanças, como a eliminação do Poder Moderador, do Senado Vitalício e do Conselho de Estado e a introdução do federalismo, tinham sem dúvida inspiração democratizante, na medida em que buscavam desconcentrar o exercício do poder. Mas, não vindo acompanhadas por expansão significativa da cidadania política, resultaram em entregar o governo mais diretamente aos setores dominantes, tanto rurais quanto urbanos.” (CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados. O Rio de Janeiro e a República que não foi. 3ª Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. pp. 43-46.) Com a posse do paulista Prudente José de Morais na Presidência, em 1894, o poder passava das mãos dos setores militares para os políticos liberais. A base político-social desses políticos eram as oligarquias agrárias do Sudeste, sobretudo de São Paulo e Minas Gerais, representadas por seus respectivos partidos, o PRP (Partido Republicano Paulista) e o PRM (Partido Republicano Mineiro). Daí até 1930 foram quase quatro décadas de hegemonia política dos dois partidos, PRP e PRM. A alternância no poder, que consagrou a hegemonia política dos dois estados, ficou conhecida como República do café-com-leite. República do Café com Leite. Caricatura de Oswaldo Storni, sobre as eleições presidenciais de 1910. As elites paulista e mineira precisavam de apoio de outros estados para governar. Ao mesmo tempo, os partidos eram organizados de forma regional, em cada estado um grupo controlava o poder. Durante a presidência de Campos Sales (1898-1902), os acordos tornaram-se em um grande pacto de dominação, conhecido como política dos governadores. Tratava-se de um acordo para garantir o controle do poder, onde o presidente dava seu reconhecimento e apoio aos candidatos dos governos estaduais nas eleições regionais e recebia em troca o apoio desses governos ao candidato oficial na eleição presidencial. Além disso, os governos estaduais se comprometiam a eleger bancadas no Congresso Nacional que apoiassem a política do governo federal. Café com Leite. Charge do desenhista Storni, Revista Careta. Em relação às eleições, vale lembrar que o voto não era secreto, como hoje. O eleitor votava sob o olhar do presidente da mesa eleitoral. Assim, o governo dominante em cada estado ganhava geralmente as eleições porque controlava todo o processo eletivo, desde o registro de eleitores e candidatos até a apuração dos votos, o reconhecimento e a diplomação dos candidatos eleitos por meio da Comissão de Verificação de Poderes, no Congresso Nacional, que era uma comissão especial controlada pelos governistas que estavam no poder que analisava se o eleito era a favor ou contra o governo, se fosse contra era impedido de tomar posse, isto se chamava de degola. Para esse mecanismo de controle funcionar, era preciso do apoio dos chefes políticos regionais e locais, os coronéis, que garantiam o voto dos eleitores de sua área de influência aos candidatos governistas. Os coronéis eram os líderes políticos do interior, geralmente grandes proprietários de terras, mas entre eles havia também comerciantes, médicos, padres ou advogados. Eles eram a base de sustentação política das oligarquias, representantes e beneficiários do governo estadual nos seus municípios. Controlavam a política nas suas localidades com a autoridade recebida do partido republicano, com poderes para obrigar o eleitorado a votar nos candidatos por ele indicado. Seus métodos de ação eram o clientelismo, ou seja, a relação de dependência entre o eleitor e o coronel por meio de proteção e favores aos clientes (emprego, escola, etc.), e a força bruta. O voto de cabresto, charge de Storni, revista Careta Rio de Janeiro, 1927. Texto e Contexto “Para os amigos pão, para os inimigos, pau...; aos amigos se faz justiça, aos inimigos se aplica a lei.” (Expressões usadas por chefes políticos da República Velha, citadas por Victo Nunes Leal em sua obra Coronelismo, enxada e voto. p. 39.). O sustentáculo da estrutura oligárquica era o pacto entre as elites agrárias, isto é, a política dos governadores. O mundo que deu origem a essa política era o agrário rural. Este teve dificuldades para lidar com os problemas nascidos do processo de crescimento das cidades e do aparecimento de camadas sociais desligados do mundo rural. O crescimento urbano criou demanda e tensões que o pacto oligárquico não resolvera. Por exemplo, as camadas médias e populares das cidades exigiam maior participação política e melhores condições de vida e de trabalho. As oligarquias não estavam interessadas em atender tais reivindicações. A resposta era invariavelmente o uso da força, as questões sociais tornaram-se em caso de policia. Na área rural, o empobrecimento da população e a luta pelo uso da terra, tendo como resposta a brutalidade dos coronéis e o descaso do poder público, deram origem a conflitos como o de Canudos e do Contestado. Nas cidades, o clima era de modernização, mas esta não beneficiava a maioria da população. Não havia leis de proteção ao trabalhador nem legislação trabalhista, e a melhoria da infra-estrutura nas cidades não beneficiavam a maior parte da população. Tal situação levou a agitação operária e a conflitos urbanos, como a Revolta da Vacina. Guerra de Canudos Chamada Guerra de Canudos, revolução de Canudos ou insurreição de Canudos, foi um movimento de fundo sócio-religioso, de caráter messiânico, reprimido militarmente, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia. Canudos foi levantada em 1893, perto do rio Vaza-Barris. Chamava-se Belo Monte, mas passou para a historia como Canudos, nome dado pelos inimigos. O episódio foi fruto de uma série de fatores como a grave crise econômica e social em que encontrava a região à época. A situação na região, à época, era muito precária devido às secas, à fome, à pobreza e à violência social. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais. Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de “Antônio Conselheiro”, nascido entre 1827 e 1830 em Quixeramobim (CE), de tradicional família que vivia nos sertões entre Quixeramobim e Boa Viagem, fora ex-professor e ex-advogado prático dos sertões de Ipu e Sobral. Foi o líder do arraial de Canudos. Acreditava que era um enviado de Deus para acabar com as diferenças sociais e com a cobrança de tributos. Acreditava ainda que a República (então recém-implantada no país) era a materialização do reino do “Anti-Cristo” na Terra, uma vez que o governo laico seria uma profanação da autoridade da Igreja Católica para legitimar os governantes. A cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a celebração do casamento civil, a separação entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade do "fim do mundo". Texto e Contexto “Apareceu no sertão do Norte um indivíduo, que se diz chamar Antônio Conselheiro e que exerce grande influência no espírito das classes populares. Deixou crescer a barba e os cabelos, veste uma túnica de algodão e alimenta-se tenuemente, sendo quase uma múmia. Acompanhado de duas professas, vive a rezar terços e ladainhas e a pregar e dar conselhos às multidões, que reúne onde lhes permitem os párocos.” (Descrição da Folhinha Laemmert, de 1877, reproduzida por Euclides da Cunha em Os sertões, em 1897.) Os sertanejos agruparam-se em torno do discurso do andarilho “Bom Jesus” (outro apelido de Conselheiro), que sobrevivia das esmolas, obtidas pela caridade pública. A maior implicação do movimento de Canudos foram as críticas contra aos impostos e a consequente queima de editais para a cobrança de impostos realizada por Antônio Conselheiro ocorrida em Bom Conselho em 1893. Em represália a este ato, um contigente militar foi enviado de Salvador para prender o beato e dispersar os sertanejos que ao seu lado estavam. Comandada pelo major Febrônio de Brito, em janeiro de 1897, uma segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos jagunços. No Rio de Janeiro, o governo federal via em Canudos um perigoso foco monarquista, assumiu a repressão, preparando a primeira expedição regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio Moreira César. Em 2 de março, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas, Moreira César foi mortalmente ferido e assumiu o comando o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira Tamarindo. Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder. Desenho de Angelo Agostini, Antônio Conselheiro rechaça a República, in Revista Ilustrada, 1896. Em abril de 1897 então, providenciou-se a quarta e última expedição, sob o comando do general Artur Oscar de Andrade Guimarães. Após várias batalhas, a tropa conseguiu dominar os jagunços. Depois da morte de Conselheiro em combate, em 22 de setembro, muitos jagunços abandonaram a luta. O arraial resistiu até 5 de outubro de 1897, quando morreram os quatro ultimos defensores. Antônio Conselheiro morto. Guerra do Contestado A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região pretendida pelos Estados do Paraná e Santa Catarina. A Guerra do Contestado teve origem em conflitos sociais, frutos de desmandos, em especial no tocante à regularização da posse de terras por parte dos caboclos. Representando, ao mesmo tempo, a insatisfação da população com sua situação material, o conflito era permeado pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos revoltados, de que se tratava de uma guerra santa. Jagunços da Guerra do Contestado por Claro Jansson, 1912. A história do conflito tem início em 1912, quando apareceu publicamente a figura de um monge, conhecido com o nome de José Maria de Santo Agostinho. Os camponeses que tinham perdido o direito às terras que vinham sendo ocupadas pela Brazil Railway, empresa ferroviária do grupo do empresário Parcival Farquhar, e os trabalhadores que foram demitidos pela companhia da estrada de ferro decidiram, então, ouvir a voz do monge José Maria, sob o comando do qual organizaram uma comunidade. O monge José Maria. Acervo de Orty de Magalhaes. O monge é, então, convidado para participar da festa do Senhor do Bom Jesus, na localidade de Taquaruçu (município de Curitibanos). Segue acompanhado de cerca de 300 fiéis. Terminada a festa, o monge se demorou nesta localidade. O monge rumou para a região de Irani, que era disputada por Santa Catarina e Paraná. As autoridades do Paraná concluíram que aquele movimento de pessoas era um ato de posse por parte de Santa Catarina. O Paraná resolveu então reprimir os sertanejos adeptos de José Maria. A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa das terras paranaenses, várias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina, em outubro de 1912. Mas as coisas ocorrem bem diferente do planejado. Tem início um confronto sangrento entre tropas do governo e fiéis do Contestado. Em 8 de fevereiro de 1914, numa ação conjunta de Santa Catarina, Paraná e governo federal, foi enviado a Taquaruçu um efetivo de 700 soldados, apoiados por peças de artilharia e metralhadoras. Estes logram êxito na empreitada, incendeiam completamente o acampamento dos jagunços. Em fins de 1915 consumou-se a liquidação dessa rebelião sertaneja. Em 1916, Adeodato, o último líder sertanejo, foi preso. O movimento operário A vida dos trabalhadores da indústria e dos transportes no começo do século XX era penoso e sofrida. A maior parte de seu tempo era dedicado ao trabalho. As jornadas de trabalho eram de 12 a 16 horas por dia. Ao salários eram mínimos e não correspondiam as necessidades dos trabalhadores. Em geral toda a família trabalhava, inclusive as crianças, que sofriam até espancamentos nos locais de trabalho. Nas fábricas, por exemplo, ocorria o emprego maciço de mão-de-obra infantil, mais barata que a adulta. Muitas crianças empregadas acabavam com membro mutilados pelas máquinas e, assim como os demais trabalhadores, não tinham direito a tratamento médico, seguro por acidentes de trabalho, etc. Essa situação levou os trabalhadores a reagir. Ainda no século XIX, surgiram associações de auxílio, com o objetivo de prestar socorro a seus membros. Na década de 1870, trabalhadores imigrantes europeus começaram a criar ligas operárias, destinadas a lutar por reivindicações trabalhistas. Nascia assim o movimento operário no Brasil. Nesse contexto, surgiram as primeiras manifestações sob influência das idéias socialistas e anarquistas, que moviam as lutas operárias internacionais, mas, sobretudo, o anarcosindicalismo. A diminuição da jornada de trabalho para oito horas foi a grande bandeira de luta do movimento operário brasileiro. Texto e Contexto As idéias do movimento operário Socialismo – no Brasil, os socialistas defendiam a participação dos trabalhadores na luta legal como caminho para a conquista de direitos. Anarquismo – os anarquistas lutavam pela libertação dos trabalhadores por meio da eliminação do Estado e da propriedade privada. Anarcosindicalismo – corrente do anarquismo que propunha a utilização dos sindicatos como instrumento de mobilização política e para a destruição do Estado e da sociedade burguesa. Comunismo – os comunistas almejavam a destruição da sociedade capitalista, propondo a substituição do Estado burguês pela ditadura do proletariado como via para se chegar ao socialismo. Panfleto comunista, cortando os males do Estado. A organização dos trabalhadores resultou na fundação de associações sindicais e de jornais operários, tornando o movimento mais forte para enfrentar as inúmeras dificuldades. Seguindo o exemplo dos trabalhadores de outros países, surgiram manifestações e greves em vários estados, destacadamente em São Paulo, onde se concentrava o maior número de indústrias. Em 1907, a cidade de São Paulo foi paralisada por uma greve que reivindicava: jornada de oito horas diárias de trabalho, direito a férias, proibição do trabalho infantil, proibição do trabalho noturno para as mulheres, aposentadoria e assisencia médica hospitalar. A manifestação iniciada por trabalhadores da construção civil, da indústria de alimentos e metalúrgicos acabou contagiando outras categorias e atingindo diversas cidades do estado. Em junho de 1917, outra grande greve também se iniciou em São Paulo. A greve de 1917 teve início em duas fábricas têxteis. O movimento se espalhou rapidamente e paralisou a cidade, contando com a adesão dos trabalhadores do serviço público. Cerca de 50.000 pessoas aderiram ao movimento. Os patrões deram um aumento imediato de salário e prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância representativa. Cavalarianos da Força Publica dispersam operarios na greve de 1917, São Paulo. Questao social era caso de policia. A revolta da Vacina A chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de Novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro. Revolta da Vacina, no centro Oswaldo Cruz, 1904. Revista O Malho. No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica. Decidido a sanear e modernizar a cidade, o então presidente da República Rodrigues Alves (1902-1906) deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr.Oswaldo Cruz para executarem um grande projeto sanitário. O prefeito pôs em prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota abaixo, em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar nos morros e na periferia. Texto e Contexto “Tiros, gritaria, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados à pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz.” (Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904). Para erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força. A aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de Novembro, a oposição criava a Liga contra a Vacina Obrigatória. A resistência popular, levou o centro do Rio de Janeiro a transformar-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a varíola. Entre os dias 10 e 16 de novembro, a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre. A semana de Arte Moderna A Semana de Arte Moderna também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, no período entre 11 de fevereiro e 18 de fevereiro no Teatro Municipal de São Paulo, na mesma cidade. Durante os sete dias que de exposição, foram expostos quadros e artes consideradas modernista, em relação a época, foram apresentadas poesia, música e palestras sobre a modernidade, que deixou alguns ilustres escritores e artistas de renome indiginados. Panfleto da Semana de arte moderna de 1922. A Semana representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora na ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas idéias e conceitos artísticos. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com “a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual”, como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922. ‘Operários’, de Tarsila do Amaral, 1933. A Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas idéias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade artistica brasileira própria e de uma maneira mais livre de expressão. O Tenentismo Tenentismo foi o nome dado ao movimento político-militar e à série de rebeliões de jovens oficiais (na maioria, tenentes) do Exército Brasileiro no início da década de 1920, descontentes com a situação política do Brasil. Não declaravam nenhuma ideologia, eram inspirados pela revolução comunista, os movimentos políticos-militares, propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto de cabresto, instituição do voto secreto e a reforma na educação pública. Os movimentos tenentistas foram: a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 1922, a Revolta Paulista e a Coluna Prestes. Em 4 de julho de 1922 ocorre a primeira revolta que tem uma forte influência dos tenentes, conhecida como os 18 do Forte, que se opunha à posse do presidente eleito Arthur Bernardes. Deste movimento participaram o Capitão Hermes da Fonseca Filho, o Tenente Eduardo Gomes, o Tenente Siqueira Campos entre outros. Os 18 do Forte. Debelada a revolta ressurge o movimento armado em 5 de julho de 1924 em São Paulo. O qual consegue dominar a capital do estado e é dirigido pelo General Isidoro Dias Lopes. Essas tropas tenentistas retiram-se da capital de São Paulo, mas de armas na mão. A Coluna Prestes, como passou a ser chamada, após dois anos de luta enfrentando tropas governistas e tropas de Polícias Estaduais, além de “Provisórios” armados às pressas no sertão do nordeste. Passaram dois anos, sempre se deslocando de um lugar para outro e terminaram se internando na Bolívia. O movimento tenentista não conseguiu produzir resultados imediatos na estrutura política do país, já que nenhuma de suas tentativas teve sucesso, mas conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias, representada na Política do café com leite. No entanto, o tenentismo preparou o caminho para a Revolução de 1930, que alterou definitivamente as estruturas de poder no país. Texto Complementar Voto de Cabresto Qualquer que seja, entretanto, o chefe municipal, o elemento primário desse tipo de liderança é o “coronel”, que comanda discricionariamente um lote considerável de votos de cabresto. A força eleitoral empresta-lhe prestígio político, natural coroamento de sua privilegiada situação econômica e social de dono de terras. Esta ascendência resulta muito naturalmente da sua qualidade de proprietário rural. A massa humana que tira a subsistência das suas terras vive no mais lamentável estado de pobreza, ignorância e abandono. (...) o roceiro vê sempre no “coronel” um homem rico, ainda que não o seja; rico, em comparação com sua pobreza sem remédio. (...) É, pois, para o próprio “coronel” que o roceiro apela nos momentos de apertura, comprando fiado em seu armazém para pagar com a colheita, ou pedindo dinheiro, nas mesmas condições, para outras necessidades. O trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. E é dele, na verdade, que recebe os únicos favores que sua obscura existência conhece. (...) O lógico é o que presenciamos: no plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural. Há ainda as despesas eleitorais. (...) São, pois, os fazendeiros e chefes locais quem custeiam as despesas do alistamento e da eleição. (...) Documentos, transporte, alojamento, refeições, dias de trabalho perdidos, e até roupa, calçado, chapéu para o dia da eleição, tudo é pago pelos mentores políticos empenhados na sua qualificação e comparecimento. É, portanto, perfeitamente compreensível que o eleitor da roça obedeça à orientação de quem tudo lhe paga, e com insistência, para praticar um ato que lhe é completamente indiferente. (LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. O município e o Regime Representativo no Brasil. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1975. pp. 19-39.) Eleições na República Velha Duas falsificações mais importantes dominavam as eleições da Primeira República: o bico de pena e a degola ou depuração. A primeira era praticada pelas mesas eleitorais, com funções de junta apuradora: inventavam-se nomes, eram ressuscitados os mortos, e os ausentes compareciam; na feitura das atas, a pena toda-poderosa dos mesários realizava milagres portentosos. A segunda metamorfose era obra das câmaras legislativas no reconhecimento de poderes: muitos dos que escapavam das ordálias, isto é, das fraudes nas mesas eleitorais, tinham seus diplomas cassados na provação final pela Comissão de Verificação de Poderes, que determinava se um candidato eleito podia tomar posse ou não. (LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. O município e o Regime Representativo no Brasil. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1975. pp. 229-230.) Postado por Prof Leonardo às 21:29 13 comentários: Camila4 de agosto de 2009 11:42 Muito boa a pesquisa! ResponderExcluir Mystic Gohan1 de setembro de 2009 17:41 Isso me ajudou muito mesmo. ResponderExcluir Débora Gonçalves12 de novembro de 2009 16:50 olá prof. Leonardo amei este blog gostaria de entrar em contato para trocarmos ideias. Também sou professora de História aqui nas Minas Gerais. Meu msn é debboramel@hotmail.com ResponderExcluir Bianca26 de novembro de 2009 19:41 Ótima pesquisa e ótimo blog. Muito obrigada. :D ResponderExcluir Marco21 de abril de 2010 09:42 A história da guerra do contestado, não ocorreu exatamente como foi narrado acima. Esta é a versão oficial e tendenciosa. Na verdade, o Brasil entregou uma faixa de 2 km de terras de largura, pelo comprimento de toda a extensão de Santa Catarina, à uma empresa multinacional americana e à uma empresa madeireira em troca da construção de uma ferrovia que ligaria o Rio Grande do Sul a São Paulo, ocorre que em determinados pontos destas terras, já existiam colonizadores, considerados invasores de terras e marginalizados, que ocupavam e trabalhavam nestas terras, tentando torná-las férteis, eram brasileiros que não tiveram êxito nos locais já explorados pelo capital estrangeiro e que pretendiam fixar-se neste local, abandonado e pouco explorado do Brasil. Qualquer cunho heróico de defesa de território, por parte dos estados do Paraná e Santa Catarina, devem ser desconsiderados, pois, na verdade, o governo lançou um ataque, com excessos e requintes de crueldade, para favorecer, isso não é novidade e acontece até hoje, para favorecer as empresas multinacionais, que até hoje depenam, e depredam nossa nação de forma extrativista e que nada acrescentam de bom para os brasileiros, senão vícios e malícias do mau viver e da tirania do poder .Há um cuidado de manter as figuras dos combatentes, de forma que o estudante veja o povo oprimido e revoltado, como jagunços, caboclos e sertanejos, de forma pejorativa e de que o estudante veja os soldados a mando dos corruptos e lobistas do governo, como homens limpos, bravos e com a dignidade imaculada. ResponderExcluir mary21 de abril de 2010 14:26 PARABÉNS!!!!!!AQUI A GENTE TIRA TODAS AS DUVIDAS DE FORMA SIMPLES E OBJETIVA. VALEU MUITO OBRIGADA VC ME AJUDOU BASTANTE. DEUS TE ABENÇOE. ResponderExcluir Patrícia e Ysmin9 de maio de 2010 18:18 Ficou muito bom, mas poderia ter falado que classe social foi mais afetada e influenciada a seguir o "Bom Jesus". Teria me ajudado mais; Mas no geral ta ótimo! ResponderExcluir Crepúsculo18 de agosto de 2010 09:59 Nossa muiito boa a pesquiza me ajudou muito! ResponderExcluir bókêr 29 de setembro de 2010 17:37 Gostei muito da relação das charges, é um ótimo meio de interpretar o assunto. :D parabéns ! ResponderExcluir wushu14 de agosto de 2011 13:22 Este comentário foi removido pelo autor. ResponderExcluir Bruno22 de outubro de 2011 08:34 Muito bom, tem coisas que não têm nem no meus livros(Degola, bico-de-pena) vlw ResponderExcluir joao pedro6 de abril de 2012 17:06 muito bom, isso me ajudou de mais no trabalho de historia, puro crtl c ctrl v kkkkkk ResponderExcluir Renata Andrade11 de junho de 2012 22:33 Obrigada por disponibilizar ótimos arquivos, que enriquecem muito o nosso conhecimento! Parabéns! ResponderExcluir Adicionar comentário Carregar mais... Postagem mais recente Postagem mais antiga Início Assinar: Postar comentários (Atom) Temas Históricos ▼ 2009 (40) ▼ 01 (40) A Grécia Antiga A Roma Antiga A Idade Média A América pré-colombiana O Absolutismo Europeu: Monarquia e Formação do Est... 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