segunda-feira, 18 de junho de 2012

TELEFONE NO BRASIL

Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] Nº 46, 15 de agosto de 1999. A IMPLANTAÇÃO DO TELEFONE: O CASO DA COMPANHIA TELEFÔNICA MELHORAMENTO E RESISTÊNCIA -PELOTAS/BRASIL. Vanda Ueda -------------------------------------------------------------------------------- A partir do século XIX as inovações tecnológicas, em geral, foram largamente difundidas em todo o mundo. Com o desenvolvimento do capitalismo elas passaram a ser traços definidores de uma nova realidade, pois caracterizavam e consolidavam os grandes progressos realizados anteriormente. Isto significa dizer que nos ofereceram elementos indicativos para as mudanças que estariam por vir. Neste sentido, não podemos ignorar que as inovações tecnológicas como as estradas de ferro, a navegação à vapor, o telégrafo, a substituição da energia à gás pela eletricidade, a invenção do automóvel e do telefone, passaram a fazer parte do cenário da vida moderna(1), transformando e modificando os espaços locais, regionais e nacionais. Ao incorporar no seu cotidiano as inovações tecnológicas, os indivíduos modificaram e alteraram seus ritmos e rotinas de vida. As pessoas começaram a familiarizar-se com a ciência e com as novas tecnologias, buscando sobretudo a sua adaptação.O telefone passou a fazer parte desse novo cotidiano, permitindo ligações instantâneas entre pessoas e atividades, independente da distância que as separasse no território(2). As mercadorias consumidas nas cidades já não são mais produzidas no próprio local, e a transmissão das informações não poderia depender somente de mensageiros ou veículos. Com o telefone elas passaram a chegar rapidamente e quase simultâneas, permitindo maior intercâmbio entre os lugares. O propósito deste trabalho é discutir e analisar quais foram os interesses econômicos e políticos de diversos agentes sociais no momento de instalação das companhias telefônicas em algumas cidades do mundo, no Brasil, no Rio Grande do Sul e em especial na cidade de Pelotas. O marco histórico compreende o final do século XIX e início do século XX, até os anos 1930, período este de grandes transformações nas legislações de concessões de linhas telefônicas, principalmente no Brasil, no Rio Grande do Sul e na cidade de Pelotas. Para um panorama mais geral, começo falando sinteticamente sobre a implantação do telefone em algumas cidades como Londres, Paris e Barcelona, em seguida trabalhamos com o desenvolvimento e os diferentes interesses na implantação do sistema de telefônica no Brasil, no Rio Grande do Sul e finalmente, sobre a implantação dos telefones na cidade de Pelotas, enfatizando a Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência e os diversos atores sociais que estavam presente em sua implantação. O telefone: encurtando distâncias O telefone contribuiu para encurtar distâncias, suplantando o papel que anteriomente era exercido pelo telegráfo. O primeiro registro mundial deste aparelho data de 1876, com Alexandre Graham Bell e Elisha Gray(3). No dia 10 de março daquele ano Graham Bell se encontrava no último andar da hospedaria Exeter Place, 5, em Boston, onde alugara duas salas. Seu auxiliar trabalhava no térreo e atendeu o aparelho telefônico. Neste momento ouviu espantado: "- Senhor Watson, venha cá. Preciso falar-lhe". Prontamente deslocou-se até o sótão, de onde Bell lhe havia telefonado. O invento estava quase pronto. A primeira ligação interurbana do mundo foi realizada por Graham Bell em 26 de novembro deste ano, ligando Boston e Salem, numa distância de 25 quilômetros(4). Em poucos anos, foram instaladas as primeiras redes telefônicas em Nova Iorque, Filadélfia, Denver, Chicago, São Francisco e outras cidades dos Estados Unidos pela Bell Telephone Company, fundada por Graham Bell. O telefone espalhou-se rapidamente por todo o mundo, pois as cidades cresciam e mudavam de natureza, conseqüentemente as funções urbanas se diversificavam. Às funções desempenhadas pelos centros urbanos em todas as sociedades, acrescentaram-se outras provenientes das mudanças provocadas pelas inovações técnicas e pela economia. A criação da uma rede telegráfica e logo o telefone permitiu a descentralização de atividades, de tal maneira que muitas empresas e pessoas poderiam realizar seus negócios distantes do centro urbano. Com todas estas mudanças alteraram-se as próprias dimensões das cidades e seus habitantes já não conseguiam cobrir a pé todos os seus deslocamentos, necessitando de meios eficazes para a circulação e para transmissão de informações. As inovações tecnológicas permitirão à sociedade o encurtamento de distâncias, ocasionando novos impulsos de crescimento às cidades e conquistando novos espaços, principalmente os que as circundam. O processo de implantação da rede telefônica ocorreu quase que simultaneamente em todo o mundo. Partindo de um plano global para chegar à instalação de linhas telefônicas mais regionais e até mesmo locais, cidades como Londres, Paris e Barcelona, foram impulsionadas pelo crescimento das indústrias, pela inovação tecnológica e com a difusão do telégrafo e, posteriormente, do telefone. O desenvolvimento do telefone como um meio de comunicação rápido permitiu que em 1878, Londres fundasse sua primeira companhia telefônica privada, a Telephone Company Ltd. sendo que a mesma estava vinculada à administração dos Correios e Telégrafos. Passado dois anos, foi constituída uma outra sociedade, a Edson Telephone Company of London que passou a ser concorrente da empresa anterior. Nesse interim ocorrereu a fusãode ambas para formar uma única empresa, a United Telephone Company(5). Já na cidade de Paris, no ano de 1879, o "Ministério dos Correios e Telégrafos da França" publicou normas para a instalação de redes telefônicas e três sociedades se candidatam para a instalação das redes na cidade, que foram as companhias que conheceram as condições para o estabelecimento das redes telefônicas nesta metrópole. No ano seguinte foi criada a Societé Génerale de Téléphones (SGT), que iniciou uma política de compra das concessões já existentes, estabelecendo, assim, o monopólio das redes telefônicas no país Nesse momento, os diretores das "companhias de estrada-de-ferro" utilizaram o discurso de que as linhas telefônicas eram importantes, pois aumentavam a seguridade dos transportes. Caso ocorresse algum problema nas linhas, os responsáveis seriam imediatamente avisados ou ainda serviam também para o envio das informações entre uma estação e outra. Estes diretores e suas empresas eram os que mais se beneficiavam com a expansão das redes telefônicas, pois os cabos telegráficos e telefônicos estavam vinculados à linha férrea. E em 1891 foi inaugurada a primeira linha telefônica ligando Paris a Londres, um grande avanço na rede telefônica mundial. (6) Em Barcelona, as primeiras linhas telefônicas foram instaladas em 1877, quando o engenheiro Narcis Xifra juntamente com Tomás Dalmau organizaram, em caráter experimental, a comunicação telefônica entre a cidade e Gerona, utilizando-se dos cabos telegráficos. Seguindo o ritmo das inovações, iniciou-se na cidade a instalação de linhas telefônicas pelo Estado, cujos serviços eram prioritariamente para os centros militares e políticos(7). Imediatamente o novo meio de comunicação despertou interesses por parte de diversos profissionais que desejavam instalar linhas telefônicas particulares. Com a expansão das redes telefônicas nas grandes cidades mundiais é interessante ressaltar que houve uma clara vinculação entre os diversos agentes privados com o Estado. O papel do Estado estava sempre presente nas normatizações da rede telefônica e os agentes inovadores atuavam intencionando expandir cada vez mais o telefone e atender seus interesses econômicos e políticos. A implantação do telefone no Brasil não foi diferente como veremos a seguir. O telefone no Brasil e no Rio Grande do Sul Em Brasil, a chegada do telefone aconteceu logo após a visita de D. Pedro II à Exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos, na Filadélfia, em 1876. Um acontecimento inusitado fez com que o telefone fosse divulgado em todo o mundo, despertando-se o interesse pela novidade. Trata-se da experiência de D. Pedro II na exposição do Centenário, quando escutou nitidamente pelo aparelho a voz de Graham Bell e, não se contendo, exclamou: "- Meu Deus, isso fala!" A seguir, prometeu a Graham Bell introduzí-lo no Brasil, pois sentira de perto os benefícios que o telefone poderia proporcionar aos homens(8). Pouco depois, em 1877, as primeiras linhas telefônicas no Brasil foram instaladas no Rio de Janeiro, as mesmas conectavam a residência Imperial - situado no Palácio da Quinta da Boa Vista - com as residências dos ministros de Estado. Ficou incumbido de realizar os projetos e os serviços de instalação de linhas telefônicas a Western and Brazilian Telegraph Company (9). A principio, os telefones eram instalados apenas para comunicação entre repartições do governo, órgãos militares e corpo de bombeiros. No Brasil, a legislação sobre a instalação e concessão de linhas telefônicas eram genéricas e estavam vinculadas ao "Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas". O que tínhamos era que o Estado era proprietário da rede, mas a exploração seria concedida à iniciativa privada, sendo a intervenção do poder público, portanto, normativa. Seguindo a normativa do Governo Imperial, em 1877, a casa comercial "Ao Rei dos Mágicos", da firma Rodle & Chaves, obteve concessão para instalar linhas telefônicas na cidade do Rio de Janeiro(10). Estabelecendo uma linha telefônica pública, desde o estabelecimento até o Corpo de Bombeiros. A referida instalação tinha os seguintes objetivos: "proteger a firma comercial em caso de eventual incêndio, com a comunicação rápida 'com os soldados do fogo' e servir de chamariz para o público". Com o sucesso da linha telefônica instalada pela firma Rodle & Chaves, em 1878, o Jornal do Comércio e a chefia de polícia conectaram-se por intermédio de linha telefônica com a loja de Antonio Ribeiro Chaves(11). O desenvolvimento das linhas telefônicas no Brasil aconteceu rapidamente e em agosto de 1878 vai ocorrer a primeira ligação interurbana em território brasileiro, quando Morris Kohn (engenheiro da corte) ficou conectado à Estação de Ferro Paulista, em Campinas, e à Estação Inglesa, em São Paulo(12). Com a expansão cafeeira no interior paulista, novas formas de transportes e comunicação eram necessárias. Os senhores de café necessitavam de um meio de comunicação que fosse eficiente, pois tinham suas residências no interior do estado e realizavam negócios com as cidades de São Paulo, Santos e principalmente com a capital da federal. Observamos um clara vinculação das redes de telefones com a rede telegráfica do Estado de SãoPaulo, pois a mesma era conectada aos fios da Estrada de Ferro. Em 15 de novembro de 1879, o imperador outorgou concessão para a exploração dos serviços telefônicos no Brasil. Foi contemplado a Charles Paul Mackie, um empresário de Boston, que representava os interesses da Bell Telephone Company, da Continental e da Tropical American(13), que estava autorizada a construir e operar as linhas telefônicas no Rio de Janeiro, em seus subúrbios e na cidade de Niterói. Essa primeira concessão iniciou com o decreto imperial no. 7589; o referido decreto continha oito cláusulas e determinava que as linhas da companhia não seriam instaladas sem a prévia aprovação da Repartição Geral de Telégrafos, a fim de não prejudicar as linhas telefônicas já existentes na corte, na polícia e no corpo de bombeiros. Os aparelhos instalados seriam fornecidos gratuitamente pela empresa, que cobraria apenas uma taxa mensal ou anual. O monopólio era firmado por cinco anos e a concessão válida por dez anos. Esse decreto oferecia ainda duas opções para o empreendedor em redes telefônicas: ou se engajaria pessoalmente ao empreendimento, ou então, organizaria uma sociedade ou uma pessoa para explorar a sua concessão. Caso o empresário não organizasse a linha telefônica em seis meses perderia a concesão e o governo imperial poderia conceder a outra pessoa ou empresa(14). O decreto estimulou as iniciativas privadas de instalação de linhas telefônicas em todo o país. Muitos foram os pedidos de concessão como o caso da Telephone Company of Brazil, que foi fundada em 1880. A empresa era formada por sete sócios com poucas ações e um sócio majoritário(15). É importante assinalar que, o governo imperial não media esforços para que se instalassem linhas telefônicas, em um outro decreto no 8.065, de 17 de abril de 1881, deu permissão para Charles Paul Mackie organizasse e instalasse linhas telefônicas por todo o Brasil, estabelecendo quatro situações de primazia ao público: chamada aos bombeiros, chamadas aos médicos; chamadas à polícia em caso de assaltos e levar recados, cartas ou encomendas por portadores afiançados(16). Outro decreto de 1881, concedera a Empresa Telegráfica Eléctrica Urbana de Serviços Domésticos a permissão por dez anos de fornecer serviço de mensageiro, polícia e avisos de incêndios no Rio de Janeiro e Niterói, passando a capital do Império a ter duas companhías telefônicas com distintas redes telefônicas. Pouco depois, a Empresa Telegráfica Eléctrica Urbana de Serviços Domésticos vai se fundir com a Companhía Nacional de Eletricidade, formando a Companhia União Telephonica do Brazil. Seguindo o ritmo das concessões e instalações de telefones em todo o Brasil, o governo promulgou diversos decretos autorizando a instalação de linhas telefônicas por todo o País. O decreto no. 8453-A de março de 1882, normatizava as cláusulas com relação a concessão, na qual o período seria de quinze anos e não de dez anos como o decreto anterior. Todavia, nenhum concessionário poderia transferir a sua concessão sem ter realizado pelo menos a colocação de 50 linhas telefônicas ligadas a uma estação central. Caso não instalasse linhas telefonicas em seis meses os direitos eram revertidos para a Câmara Municipal e ela distribuiria a concessão. Com relação as características técnicas, os fios quer fossem eles interiores ou exteriores e os próprios aparelhos seriam estabelecidos e mantidos com material do concessionário, sendo que o mesmo deveria obter dos proprietários cujos imóveis tivessem que receber os fios condutores a devida autorização para instalá-los. Neste sentido, consideravam as linhas telefônicas em iguais condições às linhas telegráficas, pertencendo como estas, ao domínio exclusivo do Estado, cabendo ao Governo Imperial o "direito de concessões", ainda que para uso particular das localidades(17). Com uma gama de decretos e leis o governo imperial autorizava a distintas companhias e empresarios a instalação de linhas telefônicas. O Decreto no 8.457 autorizou a Companhia Telefônica do Brasil a prestar serviços telefônicos nas cidades brasileiras de Salvador, Maceió, Porto Alegre, Rio Grande , Pelotas e Petrópolis, o de número 8458, concedeu a Arthur Teixeira a prestar serviços telefônicos nas cidades de Campos, São Paulo, Campinas e Desterro (hoje Florianópolis), já o de número 8459 autorizou a José Lepold Bougard a instalar linhas telefônicas em todo o estado de Pernambuco e finalmente, o de número 8460 concedeu a Morris N. Kohn, as cidades de Santos, Ouro Preto, Curitiba e Fortaleza. As mais importantes cidades brasileiras receberam a concessão para explorar linhas telefônicas de acordo com a normatização do governo imperial(18). Contudo, em 1883 o governo imperial permitiu que a Companhia Telefônica do Brasil realizasse serviços telefônicos com fins comerciais. Poderiam vender a quem quisesse os serviços telefônicos, ou seja, para diferentes atores sociais e não somente com a finalidade de estar conectado com a corte, a polícia, etc. As pessoas mais abastadas teriam mais uma vez o privilégio de adquirir linhas telefônicas. Nesse mesmo ano, o governo imperial recebeu de Graham Bell uma "carta patente" reforçando a sua autorização às companhias telefônicas Tropical American e Continental, das quais teriam todos os direitos de sua invenção. Manifestando surpresa com a concorrência desleal a Companhia Telefônica do Brasil, através de seus diretores publicou diversas notas em jornais protestando sobre o assunto. O jornal Correio Mercantil, de 11 de junho de 1883, publicou a notícia de que seus diretores estavam descontentes com a forma de como o governo imperial tratou do assunto. Diziam que era desleal, pois estariam em desvantagem com relação a empresa de Graham Bell e que a maioria das pessoas gostariam de estar conectados a uma empresa cujo diretor era o descobridor de tal invento, pela qual teriam melhores condições de instalação das linhas telefônicas. Diante desse conflito, em 1885, os diretores da Companhia Telefônica do Brasil venderam a maioria de suas ações à Tropical American, pois a mesma já havia comprado grande parte das ações de outra companhia a União Telephonica do Brasil, tornando assim a grande proprietária privada de linhas telefônicas no Brasil. Desconhecemos a decisão que tomaram os diretores e acionistas das outras companhias após as fusões, mas é seguro que o representante da Bell Company conseguiu seu intento de explorar o maior número possível de linhas telefônicas em todo o mundo, pois eram no momento os que possuíam as melhores técnicas em telefonia do mundo. Com a mudança do regime político brasileiro, do Império para a República, foi realizada uma nova constituição federal que normatizava e tentava acabar de vez com os conflitos existentes entre a rede telegráfica, as redes telefônicas e os agentes privados(19). O Estado pretendia com a nova normativa ordenar e estabelecer algum tipo de controle sobre a concessão de linhas telefônicas. Com a nova legislação ficavam para o governo federal os serviços interurbanos interestaduais, aos governos estaduais, os interurbanos municipais e estaduais e ao município a área do próprio município. Caberia ainda à Repartição dos Correios e Telégrafos os serviços referentes a telegrafia e as linhas telefônicas, tendo a competência inclusive de eliminar ou vetar qualquer linha telefônica particular que prejudicasse as federais. Aos Estados caberia o direito de construir linhas entre pontos distintos de seu território e também de construir novas linhas em Estados que não contassem com telefones. Beneficando-se de tal normativa, Juan Ganzo Fernandes instalou linhas telefônicas em várias cidades do Rio Grande do Sul e também, na cidade de Florianópolis. Com uma demanda social crescente no Estado, foi fundada em 1908 a Companhia Telefônica Riograndense, um ano depois é inaugurada a primeira estação telefônica que funcionava à bateria central. Aparecendo aqui o papel da telefonista, pois tratava-se de um sistema semi-automático. Com relação as inovações tecnológicas começaram a ser construídos os cabos subterrâneos, algo inovador para sua época. Porto Alegre ficou sendo a quinta cidade no mundo a possuir o serviço sem-automático. O investimento em linhas telefônicas por parte do governo do Estado e por particulares não pararam por aí, em 1912 foi criada a primeira linha de longa distância que uniria a cidade de Pelotas a Porto Alegre (distantes 220 quilômetros). Cabe ressaltar que o desenvolvimento das indústrias nas duas cidades era evidente e os interesses de seus empreendedores também, pois precisavam estar conectados com a capital do estado, como é o caso de Pelotas e os empresários portoalegrense com suas filiais em Pelotas. No mesmo período as cidades do Rio de Janeiro, chegava a ter 30 mil telefones e a cidade de São Paulo já contava com 22 mil telefones. Com o avanço das inovações técnicas em todo o mundo se desenvolveu a partir de 1922 a telefonia automática que foi instalada na cidade de Porto Alegre, onde foi inaugurada a primeira central automática do Brasil e a terceira na América (após Chicago e Nova Iorque). A segunda cidade brasileira a possuir uma central automática foi a cidade de Rio Grande que recebeu sua central em 1925. Pouco depois inicia-se a substituição dos fios de ferro por um circuíto metálico e de cobre e aparecem no Brasil as primeiras escolas com preparação técnica no setor elétrico, nas quais aparecia uma disciplina chamada "telecomunicações".(20) As inovações tecnológicas no Brasil foram largamente difundidas desde um primeiro momento com todo o entusiasmo do Imperador do Brasil e mesmo depois, com a proclamação da República, os diversos agentes sociais não abriram mão das facilidades do telefone. Pois através do mesmo poderiam dirigir e realizar seus negócios localizados em pontos distantes do centro urbano. Com o crescimento urbano-industrial os inovadores investiram em novas tecnologias para facilitar e intercambiar telefonemas. As inovações tecnológicas como conhecemos conseguiram ter um impacto graças aos homens de negócios da cidade, que foram clientes do telefone e permitiram seu desenvolvimento"(21). A implantação da telefonia na cidade de Pelotas A implantação do sistema de telefonia na cidade é uma clara vinculação dos diferentes agentes sociais com o mercado nacional. Essa integração vai ocorrer num primeiro momento através da indústria saladeiril, que, entre 1860 e 1890, atingiu o auge de seu desenvolvimento e produção. A cidade de Pelotas, vai assumir assim, a posição de centro econômico polarizador da zona da campanha, ao desenvolver o primeiro ramo industrial vinculado ao setor pastoril/charqueador. Uma atividade própria e quase exclusiva no cenário nacional. No início do século XX, a indústria local, que se caracterizava pela produção do charque, passou a diversificar sua produção (com poucos ramos). Com a chegada dos imigrantes europeus, o processo de industrialização no Rio Grande do Sul consistiu em substituir paulatinamente os artigos importados por produtos manufaturados localmente, provendo o crescimento da indústria local(22). Com o crescimento da indústria local, a cidade de Pelotas permaneceu como líder da produção industrial e principal escoadora da produção gaúcha, ou seja, constitui-se a principal área industrial do sul do Estado junto com a cidade de Rio Grande(23). As duas cidades formavam um centro regional de produção e as indústrias que nelas se estabeleceram não visavam apenas ao mercado regional, mas sobretudo ao mercado nacional. Em essa conjunta de expansão de capitais, os charqueadores, os industrialistas e os comerciantes, juntamente com o município investiram em infra-estruturas urbanas. A mobilização de capital para sua implantação era de menor custo e exigia menos recursos, daí a presença de muitas empresas de origem municipal na provisão das infra-estruturas urbanas. Com o investimento em novas infra-estruturas a cidade tem seu cenário urbano modificado. As obras e os novos investimentos passaram a fazer parte do desenho da cidade. Em 1868 os agentes sociais da cidade vão conhecer os benefícios do telégrafo, entre 1870 e 1882, as pessoas serão beneficiadas, com a Hydráulica Municipal, a agência de bondes, a ligação ferroviária entre Rio Grande-Bagé, com uma importante estação na cidade e a fundação de clubes ligados aos comerciantes. Foi neste contexto de investimentos em infra-estruturas urbanas que surgiram as primeiras notícias de instalação de telefone na cidade. Data de 1882, com o decreto imperial que concedia a instalaçãao de linhas telefônicas em Pelotas e outras cidades do país. Nada mais se soube dessa concessão. Tivemos notícias novamente em 1883, quando Narciso José Ferreira & Cia pediu autorização para instalar uma linha telefônica desde sua casa, situada à Rua São Jerônimo, até ao porto da cidade. O sistema de comunicação despertava interesses de muitas pessoas e em 1884, foi fundado a empresa Correio Mercantil, por Antonio Joaquim Dias, que obteve a permissão de oferecer ao público e instalar linhas telefônicas, campainhas elétricas, pára-raios e porta-vozes(24). Frente a esses benefícios muitos proprietários de empresas comerciais vão se conectar com a empresa do Correio Mercantil, através de uma linha telefônica. Pois, por telefone chegavam todas as novidades e notícias do porto da cidade. O Correio Mercantil criou uma coluna diária, chamada Telephones que através dela tinham a possibilidade de saber da reação da população com relação aos telefones e sobre seu uso, além de notícias de concessões e instalações de outras companhias telefônicas. Os interesses do proprietário do Correio Mercantil, entre o período de 1884 a 1888, ficaram evidentes, e este jornal publicou diversos artigos sobre a importância e os benefícios que teriam as pessoas da cidade com um centro telefônico. Nesses artigos publicavam o que outros jornais estavam escrevendo sobre tal inovação e as condições de pagamento de cada assinante. Os conflitos sobre os preços e as taxas de pagamento de cada assinante geraram muitas discussões na cidade e o proprietário do jornal utilizou a seguinte estratégia, lançando uma nota em que falava dos preços cobrados em Paris, Buenos Aires, Montevidéo e Rio de Janeiro, reforçando que o valor cobrado não era excessivo. Diziam que para tal inovação e melhoramento era preciso que tivessem assinantes. A não instalação do centro telefônico por parte do proprietário do Correio Mercantil esbarrava, sobretudo, na legislação da Repartição Geral dos Telegráfos, que afirmava que era de competência exclusiva do governo imperial a concessão para o estabelecimento de linhas telefônicas. Ressaltando ainda que as linhas telefônicas que não tivessem o caráter geral e forem destinadas a serviços particulares caberia às assembléias provinciais conceder tal privilégio. Neste sentido, o proprietário do Correio Mercantil não conseguiu instalar um centro telefônico sólido. É importante assinalar que no ano de 1888, instalou-se na cidade o Centro Telephonico Pelotense, que era mantido por José Bernadino de Souza. O mesmo conseguiu uma cláusula para explorar os serviços de linhas telefônicas por dez anos. Um dos aspectos mais importantes neste centro telefônico é que o governo provincial autorizou a câmara municipal a conceder tal prerrogativa. As condições eram que ao instalar linhas telefônicas o centro telefònico estivesse instalado na câmara municipal e que proibisse qualquer empresa ou particulares de instalar novas linhas na cidade. O governo imperial, através do engenheiro-chefe da Repartição Geral de Telégrafos escreveu um artigo que foi publicado no Correio Mercantil falando que era "um absurdo esse boicote" com relação as instalações de novas linhas telefônicas, pois a Repartição Geral de Telegráfos poderia muito bem instalar seus fios telefônicos nos postes telegráficos. O missivista termina seu artigo dizendo que poderia o Sr. José Bernadino de Souza ter influências e conhecimentos dentro do governo provincial para ter tais concessões, mas que ele trabalhava com dignidade, transparência, sem privilégios e lutava pelos interesses da empresa que dirigia(25). Todos os conflitos existentes na concessão de linhas telefônicas na cidade de Pelotas, recebem um novo trato com a nova constituição que normatizou alguns aspectos essenciais no que se refere as redes telegráficas e telefônicas. Pouco depois da mudança de legislação o sistema de telefonia na cidade passou a pertencer a Companhia Industrial e Construtora do Rio Grande do Sul, com sede administrativa na cidade de Porto Alegre (capital do Estado). As notícias sobre telefones são escassas pois, sua sede não estava na cidade de Pelotas e a imprensa local não publicava quase nada sobre esta companhia. O que encontramos foram algumas notícias referentes a reparação e troca dos postes que caiam ou danificavam conforme uma forte chuva ou vendaval. No ano de 1895, o governo do Estado percebendo a ineficiência da companhia que atuava em Pelotas, concedeu o direito de exploração do serviço telefônico para a Empreza Uniâo Telephônica. Essa concessão era para explorar os serviços em linhas telefônicas também nas cidades de Rio Grande e Porto Alegre. A companhia anterior concedeu todos os materiais de manutenção, assim como as propriedades e os trabalhadores. A nova empresa passaria a ter sede na cidade de Pelotas e também a diretoria era composta por pessoas da cidade. Com o passar dos anos a Empreza União Telephônica passa por uma série crise financeira e consequentemente não conseguiu investir em novas tecnologias. Com a criação da Companhia Telefônica Riograndense, em 1908, muitos proprietários que possuiam telefones da Empreza União Telephônica mudaram para a Companhia Telefônica Riograndense que apresentarou novas tabelas de preços e uma proposta de melhores serviços. De todas as maneiras, os diretores da União Telephonica convocaram uma reunião para sanear os problemas da empresa, como uma última tentativa de recuperar o prestígio da mesma. Em reunião descobriram que os estatutos estavam ultrapassados e que no período de sua existência verificou-se uma série de fraudes e erros no livro de escrituras. A única solução possível foi fusionar-se com a Companhia Telefônica Riograndense(26). A atuação da Companhia Telefônica Riograndense na cidade foi de um primeiro momento satisfatória para os que utilizavam tal serviço. Pois a empresa de Juan Ganzo Fernandes representava os interesses do estado e segundo os proprietários de telefones eram bem atendidos pela nova empresa(27). O mais interessante é que, em publicação nos jornais da cidade os proprietários notificavam a mudança para a empresa Ganzo, alegando o seviço eficiente da empresa. Em várias notas - à pedido da empresa - notificavam os nomes dos proprietários e o tipo de profissão de cada um deles, em sua maioria comerciantes, profissionais liberais e industriais. Com o passar dos anos, a Companhia Telefônica Riograndense normatizou seus serviços fixando os preços dos serviços da empresa. Com a constate elevação das tarifas, muitos proprietários começam a perceber que os serviços prestados a cidade eram deficientes, pois alegavam que as normas e preços de tarifa vinham de Porto Alegre e era incompreensível que as cidades tivessem a mesma tarifa. Pois a Companhia Telefônica Riograndense não tinha o capital da cidade e alegavam que tudos os benefícios com relação ao pagamento de taxas eram revertidos para outros locais e pouco ficava na cidade de Pelotas. Descontentes com os serviços prestados pela empresa de telefonia existente, os principais sócios da Associação Comercial resolveram, após várias reuniões e grandes debates, fundar sua própria companhia telefônica, formada a partir de capital pelotense. Segundo o jornal Diário Popular, o descontentamento dos proprietários vinha desde agosto de 1917, quando ocorreram várias reuniões com o proprietário da Companhia Telefônica Riograndense(28). Em dezembro de 1918, a Companhia Telefônica Riograndense distribuiu circular para seus assinantes com nova tabela de preços, causando grande repercussão entre as pessoas e principalmente os comerciantes da cidade. Imediatamente os diretores da Associação Comercial convocaram uma reunião para solucionar tais problemas. Em reunião na sede da Associação Comercial, o Coronel Alberto Rosa, diretor do Banco Pelotense e ex diretor da Associação Comercial, afirmou que a única solução para melhorar os serviços telefônicos da cidade era a fundação de uma companhia telefônica com capital pelotense(29). A Associação Comercial de Pelotas, por meio de seus sócios, seria a principal incorporadora da nova companhia telefônica(30). Assim, nasceu em 1919, a Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência (CTMR), cujos objetivos eram: melhorar os serviços e resistir ao capital que não fosse da cidade. O processo de implantação da CTMR seguiu a legislação das sociedades anônimas e aconteceu rapidamente. Em menos de um mês a Associação Comercial de Pelotas declarou ter depositado no Banco do Brasil a importância de quarenta contos de réis, correspondente a dez por cento do capital declarado(31). Após sua fundação, a CTMR pretendia explorar a indústria telefônica na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul e onde mais lhe conviesse. Iniciou-se assim, uma nova fase de expansão da rede telefônica. Os diretores da CTMR contratram ainda, em 1919, a companhía norte-americana Western Campany e os estudos técnicos foram realizados no escritório da companhia localizado em Buenos Aires. Com o sucesso da expansão da rede telefônica na área central da cidade de Pelotas, seus diretores resolveram estender os serviços para a cidade de Rio Grande (vizinha de Pelotas). Mas, não conseguiram o intento, pois a ITT (International Telephone and Telegraph), que era a operadora da Companhia Telefônica Riograndense havia incorporado também os serviços daquela cidade. Aquela, através da Companhia Telefônica Riograndense vai tentar diversas vezes comprar as ações da CTMR e não conseguindo seu intento resolveu bloquear o acesso ao tráfego interurbano. Dessa forma os serviços telefônicos eram prestados por duas empresas telefônicas. Durante algum tempo quem precisava comunicar-se com outras cidades, utilizava o telefone da Companhia Telefônica Riograndense. Por isso muitas empresas comerciais e industriais possuíam dois telefones, um de cada companhia. Podemos perceber que de 1919 até o ano de 1930, final do período que estamos estudando, a Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência resistiu a todas as pressões para que suas ações não passassem para o capital estrangeiro. Aplicou todos os recursos em ampliação da rede telefônica levando também linhas telefônicas para os lugares mais afastados do município. Criou os centros telefônicos na zona rural do município como: Capão do Leão, Hydráulica, Retiro, Monte Bonito, Cascata e Santo Amor. Locais estes onde os acionistas da CTMR, na sua maioria, possuíam suas casas de verão ou eram proprietários de terras. Em todos esses centros, a Prefeitura Municipal possuia um escritório que estava conectado por linha telefônica. Mesmo com as dificuldades burocráticas e concorrenciais em expandir linhas telefônicas para outras cidades, observamos o crescimento de linhas telefônicas: 2.121 em 1923, 2.475 linhas particulares em 1926, sendo que 57 telefones pertenciam as repartições públicas, além de 12 telefones privativos da empresa. Na década de 1930, a Companhia possuía 2.830 aparelhos colocados nos municípios de Pelotas e região. Neste sentido, a expansão da rede telefônica, nas primeiras décadas do século XX em Pelotas, demonstrava todo o dinamismo da sua economia, sendo necessário investir em infra-estrutura básica. Pois, é interessante observar que os acionistas eram empresários, para os quais a nova companhia telefônica traria grandes benefícios para seus negócios e precisavam, portanto, de um serviço eficiente, para reduzir as distâncias e ter maior lucratividade nos seus empreendimentos. Conclusão Impulsionado pelo Estado, o telefone começou a ser instalado e difundido em todo o mundo (e também na cidade de Pelotas) no momento em que o telégrafo estava difundido, bem servido tecnicamente e com uma rede estável. O Estado, como vimos a princípio, teve como objetivo controlar e normatizar a concessão e instalação do telefone. O governo mudou legislações e políticas referentes à telefonia de acordo com os interesses econômicos e políticos de sua época e na cidade de Pelotas, os conflitos entre o Estado e as empresas particulares eram evidentes e muitas vezes de difícil solução. Percebemos que, os usuários do telefone eram pessoas de alta renda e os primeiros que utilizaram os serviços telefônicos foram os comerciantes, os profissionais liberais e os industriais que normalmente uniam através do telefone seus locais de residencia e seus locais de negócios e trabalho. Ao estudarmos a instalação do telefone, pretendemos contribuir para aclarar questões de interesse geral, através de uma perspectiva econômica, social, política e sobretudo, geográfica. Todavia, concluímos que as redes telefônicas por si só não protagonizam a estruturação do espaço, ou seja, que as mesmas estão no espaço urbano para atender interesses de grupos dominantes que, em última instância, presidem sua produção e organização. NOTAS 1. HOBSBAWAN, E. J. argumenta que a revolução tecnológica foi a terceira característica da economia mundial da era dos impérios. A era dos impérios, 1992, p. 81. Detalhes dessas mudanças e adaptações, no capítulo 2 - Uma economia mudando de marcha. 2. PARDO M. M. Nuevas tecnologias, territorio y espacio local. Reflexiones y experiencias, 1989, pp.37-55. 3. No dia 14 de fevereiro de 1876, Alexandre Graham Bell chegou ao "escritório de patentes" dos Estados Unidos com o memorial descritivo do invento para registrá-lo às 14 horas e obteve a patente no 174.465. Elisha Gray, eletricista de Chicago, lá chegou por volta das 16 horas para registrar invento similar, portando também seu memorial descritivo, mas não obteve a patente do telefone. Alexandre Graham Bell chegara antes dele, consagrando-se como seu inventor. LIBOIS, L.J., Genèse et croissance des télécommunications. 1983, p. 36 e p. 306. 4. Idem, nota no. 3, p.307. 5. LIBOIS, L.J., op. cit. Nota no. 3, p.272. 6. BERTHO, C. Pneumatique, télégraphe, téléphone. Les réseaux de télécommunications à Paris-1879-1927. Les Annales de la recherche urbaine, nº 23-24, pp.143-155 e LIBOIS,L.J, destacam a importância do telefone e a trajetória das telecomunicações da rede criada na França. Na segunda parte do livro, Libois fala sobre a evolução e organização administrativa das telecomunicações neste país. 7. Para saber mais sobre as inovações tecnológicas na Espanha ver de CAPEL, H. (1994.) Las Tres Chimeneas. Implantación industrial, cambio tecnológico y transformación de un espacio urbano barcelones, 1994. 3 vols. 8. BRITO, M., Subsídios para a história da telefonia no Brasil, NEC, 1976. p.2. 9. Uma das empresas dirigida por Alexandre Graham Bell, com sede nos Estados Unidos. 10. A casa comercial Ao rei dos Mágicos situava-se na Rua do Ouvidor -116, na cidade do Rio de Janeiro, e pertencia a Ferdinand Rodle e Antonio Ribeiro Chaves. 11. BRITO, M., op. cit. Nota no. 8, p. 2. 12. EMBRATEL. Pequena cronologia das telecomunicações. 1994, p. 2. 13. Empresas de Alexandre Graham Bell, Francis Blake, George Leo Andrews, Thomas Augusto Watson Hilborne Roosevelt e John Ceever Fuller. 14. KROETZ, L.R. A história da telefonia no Paraná ,1982, p. 14. 15. A companhia foi registrada em Nova Iorque e seus estatutos continham treze artigos. A empresa era composta por sete sócios, possuindo um capital inicial de 300.000 dólares, distribuídos em 3.000 ações, no valor nominal de 100 dólares cada uma. O maior acionista, e praticamente seu dono, era Henry S. Russell, que subscreveu 2.940 ações; os demais sócios, 10 ações cada um. SILVA P. A. de O. "Pequena História da Telefonia no Ceará". Teleceará, 1982, p. 22. 16. . KROETZ, L. R, op. cit. Nota no. 14, p. 15. 17. Segundo o Decreto 8453A, de 11 de março de 1882. Colleção das leis do Imperio do Brazil de 1882. Parte I. Tomo XXIX. Vol. I, Typographia Nacional, pp.313-315. 18. Idem.,nota no. 17, p. 366. 19. A Proclamação da República ocorreu em 15 de novembro de 1889 e a nova Constituição Federal passou a vigorar em 1891. 20. MAGALHÃES, G. Telecomunicações, 1994. 21. DUPUY, G. Les effets spatiaux des techniques de télécomunications: ovrons la boite noire!.1982, p.78. 22. SINGER, P. Desenvolvimento econômico e evolução urbana: análise da evolução econômica de São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife,1977. 23. A indústria local estava vinculada em um primeiro momento a indústria saladeiril e também aos gêneros alimentícios e texteis. 24. A permissão foi obtida da "Casa Reis dos Mágicos", casa esta citada anteriormente. 25. Correio Mercantil, 8 de julho de 1888. 26. Correio mercantil, 15 de julho de 1908. 27. UEDA, V. Inovação tecnológica e espaço urbano: a implantação da Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência em Pelotas/RS, 1998. E UEDA, V. La instalación del teléfono en la ciudad de Pelotas-Brasil. Apresentado no Colóquio Geocrítica: Iberoamérica ante los retos del siglo XXI. Barcelona, maio de 1999. 28. Tratava-se do Coronel Juan Ganzo Fernandez, com o qual tentaram várias vezes solucionar os problemas. As reuniões encerravam sempre com a promessa de melhoria dos serviços, o que nunca ocorria. Diário Popular de 02 de agosto de 1917. Fundado em 1890, este jornal continua em circulação até hoje. 29. A reunião aconteceu no dia 31 de dezembro de 1918, às 19 horas. Os interesses comerciais, industriais e do Sul, atingindo também os grandes centros urbanos como a capital da República. Observamos que, para manter seus interesses, os associados se articularam rapidamente e na véspera da passagem do ano. A convocação para a reunião foi publicada no Diário Popular do dia 31 de dezembro de 1918, p. 02. 30. Ficou a cargo do Sr. Bruno de Mendonça Lima, advogado da Associação Comercial e um dos fundadores da Faculdade de Direito de Pelotas, a redação dos estatutos da nova entidade e de todos os documentos necessários para a fundação da nova sociedade anônima. 31. O capital social foi de quatrocentos contos de réis, representado por duas mil ações de duzentos mil réis, todas nominativas. Os estatutos não permitiam dividendos superiores a 6% ao ano, e os lucros seriam aplicados na expansão e no melhoramento da rede telefônica. Chamou-nos atenção que os depósitos para a incorporação da CTMR foram realizados no Banco do Brasil e não no Banco Pelotense. Não se sabe os motivos. FONTES E BIBLIOGRAFIA BRASIL. Leis, Decretos, etc. Colleção das Leis. Rio de Janeiro:Typographia Nacional, 1880. BRASIL. Colleção das Leis do Imperio do Brazil. Parte I. Tomo XXIX. Vol. I. Rio de Janeiro:Typographia Nacional,1882. Companhia Telephonica Melhoramento e Resistencia. Ata de Fundação. Pelotas, 1919. EMBRATEL. Pequena cronologia das telecomunicações. 1994. Município de Pelotas. Relatórios da Intendência Municipal apresentados ao Conselho Municipal - 1918 à 1928 . Revistas e jornais Almanaque de Pelotas - 1920, 1927, 1930. Correio Mercantil - Pelotas - 1884 a 1891 Diário Popular - Pelotas - 02 de agosto de 1917 a 1997. Livros e artigos BERTHO, C. Pneumatique, télégraphe, téléphone. Les réseaux de télécommunications à Paris-1879-1927. Les Annales de la recherche urbaine, no 23-24. p.143-155 BRITO, M. Subsídios para a história da telefonia no Brasil. Rio de Janeiro: NEC do Brasil, 1976. 193p. CAPEL, H.(dir.). Las Tres Chimeneas. Implantación industrial, cambio tecnológico y transformación de un espacio urbano barcelones. Barcelona, 1994. 3 vols. CAPEL, H. Estado, administración municipal y empresa privada en la organización de las redes telefonicas de las ciudades españolas -1877-1923. Geocrítica no100. Universidad de Barcelona. dezembro 1994. 65p. CAPEL, H. Desarrollo científico, innovación tecnica y crecimiento económico em la ciudad contemporánea. Conferência no 6o Encuentro de Geógrafos de America Latina. Buenos Aires: março de 1997. Também disponível em:http://www.ub.es/geocrit/sn-23 CAPEL, H e TATJER, M. La organización de la red telegráfica española. In: Ciencia e ideología en la ciudad II. Valencia: Generalitat Valenciana - Conselleria d'Obres Públiques, Urbanisme i Transports, 1994. DIAS, L. C. D. Réseaux d'information et réseau urbain au Brésil. 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