quinta-feira, 13 de setembro de 2012

14983 - GIORDANO BRUNO

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GIORDANO BRUNO













CONTEÚDO







•A FILOSOFIA DE BRUNO





•A COSMOLOGIA DE GIORDANO BRUNO









Giordano Bruno, nascido em Nola, província de Nápoles, na Campônia, Itália Meridional, (motivo de ser chamado “o Nolano” ou Bruno de Nola — morto em Roma, 17 de fevereiro de 1600), Bruno nasceu pouco tempo depois da publicação do Revolutionibus (de Newton). Foi um teólogo, filósofo, astrônomo e matemático italiano. Filho do militar João Bruno e de Flaulissa Savolino, seu nome de batismo era Filippo, tendo adotado o nome de Giordano quando ingressou, ainda muito jovem, na Ordem Dominicana (no convento de Nápoles em 1566), onde foi ordenado sacerdote, em 1572. Lá, estudou profundamente a filosofia de Aristóteles e de São Tomás de Aquino, doutorando-se em Teologia. Bruno foi um dos grandes pensadores do seu tempo.





Foi para Nápoles em 1562 (aos 14 anos), estudar humanidades, lógica e dialética (Nápoles era baluarte espanhol contra os mouros). Em 1565, aos 17 anos, Bruno recebe hábito de São Domingos, no convento de San Domenico Majore, em Nápoles, ocasião em que muda o nome para Giordano. Ordenado sacerdote em 1572, continuou no convento seus estudos de teologia, que concluiu em 1575.







É especialmente atraído pelas novas correntes de pensamento, entre as quais as obras de Platão e Hermes Trismegistus, ambos muito difundidos na Itália ao início do Renascimento. É a época dos mais acesos debates no Concílio de Trento (1545-1563), convocado pelo papa Paulo III para discutir estratégias na contra a Reforma Protestante. Mente inquieta e muito independente, Bruno teve sérios problemas com seus superiores ainda quando estudante no convento. Intolerante com a ignorância dos colegas de claustro; aborrecia-se com as discussões de sutilezas teológicas. Leu dois comentários proibidos de Erasmo e discutia a heresia de Ariano, que negava a divindade de Cristo.







Bruno participava de um movimento chamado “Hermetismo”, que se baseava em escrituras que, de acordo com o que era dito, teriam se originado no Egito na época de Moisés, esse grupo interessava-se pelas obras de Platão e também a “Hermética”, que é o conjunto dos segredos revelados por Toth [o deus escriba dos egípcios, que os gregos identificaram com Hermes Trismegisto] que constituem as ciências ocultas e astrologia a nível popular, e certos postulados de filosofia e teologia a nível erudito, - introduzidos em Florença por Marsilio Ficino ao final do século anterior. A iluminação pessoal, com a conseguinte salvação da alma, segunda esta doutrina, depende do grau de conhecimento (gnosi) e maturidade a que chega o homem em sua luta por compreender o porquê da existência terrena. Outra influência sobre Bruno, versando o mesmo campo, supõe-se que foi a de Giovanni Battista Della Porta, um erudito napolitano que publicou um livro importante sobre mágica natural. O pensamento de Bruno é gnóstico em essência, profundamente mesclado ao pensamento hermético e neoplatônico que o sustenta.







Suas obras principais são: Da causa, do princípio e do Uno e Do universo finito (1585).







Sempre contestador, era tão séria a largueza de visão de Bruno quanto aos defeitos do pensamento intelectual de sua época, não tarda a atrair contra si próprio opiniões contrárias e perseguições, a ponto de em 1576 ter que fugir de Nápoles para escapar a um processo da Inquisição por heresia - acusado de heresia por duvidar da Santíssima Trindade - instaurado pelo Provincial da ordem (nesse mesmo ano abandona o hábito), dirigindo-se para Roma e, depois, para a Suíça, onde freqüentou ambientes calvinistas, que logo abandonaria julgando o pensamento teológico dos protestantes tão restrito quanto o dos católicos.





Em 1576 abandona o hábito, e deixou a cidade para Inicia, então, uma peregrinação que marcou sua vida. Fugiu para Roma onde foi vítima de uma acusação improcedente de assassinato. Um segundo processo de excomunhão em Roma fez com que fugisse novamente. Deixou o hábito dominicano e perambulou pelo norte da Itália por mais de um ano. Discorda da tese calvinista da justificação por meio da fé e não das obras. A reação dos calvinistas foi rigorosa: foi preso e excomungado, porém retratou-se e assim lhe foi permitido deixar a cidade de Genebra (Suíça). Vai para a França. A corte francesa era bastante livre, quanto aos costumes. Bruno gozava a reputação de um mágico que podia dotar a pessoa de uma grande retenção de memória, mas demonstrou ao rei (Henrique III) que seu sistema era baseado em conhecimento organizado. O rei concede-lhe uma renda especial, nomeando-o um de seus "Leitores reais". Passa 2 anos (1579-1581) em Toulouse, onde consegue nomeação para uma cátedra de filosofia; lá tentou, sem sucesso, ser absolvido pela Igreja Católica. A esta altura é um homem sem pátria e sem Igreja.







Fiel a sua primeiras leituras sobre a teoria luliana, quando professor na universidade de Toulouse Bruno escreve um livro: Clavis Magna ("A grande chave") sobre o assunto. Não era incomum para os eruditos vagar de lugar para lugar, buscando alunos e protetores abastados.







Na primavera de 1583, não obstante a cordial acolhida que lhe fora dispensada em Paris pelo rei e pelos espíritos desvinculados do aristotelismo, Bruno resolve sair da França. Seja porque não pudesse mais sustentar sua popularidade em Paris, ou por que, a cada dia, se tornava mais grave a ameaça de uma renovação da guerra civil.







Em abril de 1583 Bruno mudou-se para Londres (Inglaterra), com uma carta de apresentação de Henrique III para seu embaixador para as ilhas britânicas, Michel de Castelnau. Sob a rainha Isabel, a Inglaterra vivia um Renascimento tardio. É possível que o brilho do período elisabetano tenha atraído Giordano Bruno à Inglaterra.







Pronunciou em Oxford uma série de conferencias no verão do mesmo ano nas quais expunha a teoria de Copérnico reafirmando a realidade do movimento da Terra. Oxford, como as demais universidades européias da época, cultivava a reverência escolástica pela autoridade de Aristóteles. Bruno, ao seu modo impetuoso, pregava que não se deveria acreditar no que Aristóteles havia afirmado, quando a simples observação da natureza demonstrasse o contrário. Devido à recepção hostil dos professores desta universidade às suas idéias, ele voltou para Londres onde permaneceu como hospede do embaixador da França, Castelnau.







Em Helmstadt, em Janeiro de 1589, ele foi excomungado pela Igreja Luterana local.







Uma dupla de livreiros, atendendo a um desejo de um nobre veneziano chamado Giovanni Mocenigo, ao encontrar Bruno na Feira do Livro de Frankfurt (que já existia naquela época) na Alemanha em 1590, convidou-o para vir a Veneza a pretexto de ensinar a mnemotécnica, a arte de desenvolver a memória, na qual ele era um perito. Como Mocenigo quisesse usar as artes da memória com fins comerciais, segundo alguns, ou para prejudicar seus concorrentes e inimigos conforme outros, Bruno negou-se a lhe ensinar. Em maio de 1592, Bruno havia terminado um outro trabalho e preparava-se para viajar a Frankfurt para publicá-lo, quando se viu preso por Mocenigo no sótão da sua casa. Mocenigo chamou os agentes do tétrico tribunal para levarem-no preso, acusado de heresia. Levado pelo Santo Ofício com todos os seus papéis, Bruno foi preso no San Castello no dia 26 de maio de 1592.







Bruno defendeu-se admitindo alguns erros teológicos menores, insistindo, no entanto, nos seus postulados básicos. O palco do julgamento veneziano parecia proceder de modo favorável a Bruno, quando então a Inquisição Romana pediu sua extradição. O tribunal de Veneza encaminha o prisioneiro para Roma, e em janeiro de 1593 Bruno entrou na cadeia do palácio romano do Santo Ofício, onde é submetido a novo processo que a Inquisição lhe moveu. Durante os sete anos do julgamento romano, Bruno a princípio desenvolveu sua linha defensiva prévia, negando qualquer interesse particular em questões teológicas e reafirmando o caráter filosófico de suas especulações. Essa distinção não satisfez os inquisidores, que pediram uma retratação incondicional de suas teorias. Depois de extenuantes e desumanas tentativas de convencê-lo a retratar-se de algumas de suas teses mais básicas e revolucionárias pelo método inquisitorial, Bruno foi levado ao palácio do Grande Inquisidor para ouvir sua sentença de joelhos, diante dos acólitos assistentes e do governador da cidade. No último interrogatório não se submete, mostra força e coragem. Por não abjurar, é condenado à morte na fogueira, mas antes de morrer afronta ainda mais uma vez seus inquisidores. Ao ser anunciada a sentença de que seria executado piamente, sem profusão de sangue (que em verdade significava a morte pela fogueira) disse: "Teme mais a Força em pronuciar a sentença do que eu em escutá-la" Significando que a Força - a Igreja Católica saberia do crime contra a humanidade que estaria cometendo criando um mártir do pensamento. Lhe foram dados mais oito dias para ver se ele se arrebentai.







Entre as acusações, as quatro mais graves são duas teológicas e duas filosóficas: Teológicas: (a) negaria a transubstanciação; (b) prioridade ideal e real do Pai e da subordinação do Filho, este originado de um ato da vontade do Pai, que lhe é preexistente. Filosóficas: (a) pluralidade dos mundos (os atos divinos devem corresponder à potência infinita de Deus) implicaria também várias encarnações de Cristo um número infinito de vezes...(raciocínio tipicamente escolástico), e (b) alma presente no corpo como o piloto no barco.







O lúgubre cortejo saindo da prisão da Inquisição ao lado da Igreja de São Pedro seguiu pelas ruas de Roma até chegar no Campo dei Fiori, uma praça onde uma enorme pilha de lenhas amontoava-se ao redor de uma estaca. Era a fogueira que iria abrasar vivo o filósofo Giordano Bruno. Trouxeram-no com uma mordaça na boca por temerem que ele pudesse dirigir algumas palavras perigosas ao povo que se juntou a sua passagem. Ao oferecerem-lhe o crucifixo para o beijo derradeiro, revirou os olhos. Em minutos, ao embalo das preces dos monges de San Giovanni Decollato, o verdugo jogou uma tocha na base da pira que num instante devorou o corpo. Estava feito. Era o dia 17 de fevereiro de 1600.







Bruno, morto aos 52 anos, tornou-se um mártir do livre-pensamento e um símbolo da intolerância da contra-reforma da Igreja Católica. Ao final Seus trabalhos foram colocados no Índex em agosto de 1603 e seus livros tornaram-se raros.







Giordano Bruno foi, sem dúvida, um pioneiro que acordou a Europa de um longo sono intelectual. Ele cunhou a frase "Libertas philosophica", o direito de pensar, sonhar e filosofar, e foi martirizado devido ao seu excessivo entusiasmo. A idéia do universo infinito foi uma das mais estimulantes idéias do Renascimento. Giordano Bruno morreu sem renegar seus pontos de vista filosófico-religiosos. Sua morte acabou por causar um forte impacto pela liberdade de pensamento em toda a Europa culta. Como diz A. Guzzo: "Assim, morto, ele se apresenta pedindo que sua filosofia viva. E, desse modo, seu pedido foi atendido: o seu julgamento se reabriu, a consciência italiana recorreu do processo e, antes de mais nada, acabou por incriminar aqueles qua o haviam matado".





Apesar das freqüentes comparações entre Giornano Bruno e Galileu Galilei, a condenação de Bruno, em 1600, nada teve a ver com seu suporte à cosmologia de Copérnico. Na época não havia uma posição Católica oficial acerca do Heliocentrismo e defendê-lo certamente não era considerado uma heresia. Por outro lado, Bruno (1548 — 1600) pode ter contribuído para iniciar a controvérsia da Igreja Católica com Galileu (1564-1642).













Monumento erguido em 1889 por círculos maçônicos italianos,



no local onde Giordano Bruno foi executado. Campo de Fiori, Roma, Itália











A FILOSOFIA DE BRUNO - Embora tais campos não existissem ainda na ciência, pode-se dizer que Bruno está interessado na natureza das idéias e do processo associativo na mente humana. Mas toda a sua construção gira em torno dos gonzos de um princípio filosófico platônico, isto é, que as nossas idéias por serem sombras das idéias eternas, estão vinculadas reciprocamente, como essas, em cadeias cujos elos são partes de um sistema único total e por isso podem iluminar-se mutuamente, pois é uma só a luz que resplandece em todas. (Leibniz depois retoma essa linha). Bruno é considerado um pioneiro da filosofia moderna, tendo influenciado decisivamente o filósofo holandês Baruch de Espinoza e o pensador alemão Gottfried Wilhelm von Leibniz.







A característica básica da filosofia de Giordano Bruno é a sua volta aos princípios do neoplatonismo de Plotino, e ao hemetismo da Europa pré-crstã, notadamente nos trabalhos que conhecemos como "O Corpus Hermeticum". Defensor do humanismo, corrente filosófica do renascimento (cujo principal representante é Erasmo), Bruno defendia o infinito cósmico e uma nova visão do homem. Embora a filosofia da sua época estivesse baseada nos clássicos antigos, dentre os quais principalmente Aristóteles, Bruno teorizou veementemente contra eles. Sua forma e conteúdo são muito semelhantes às de Platão, escrevendo na forma de diálogos e com a mesma visão.







Baseou sua filosofia apoiado nas suas intuições e vivências fora do comum. Defendeu teorias filosóficas que misturavam um neoplatonismo místico e panteísmo.



Bruno vem à tona pregando um reconhecimento da herança pagã antiga e da liberdade de pensamento filosófico-relgioso, o que, por si, era uma ameaça e uma atitude por demais revolucionárias para serem suportadas pelo poder de Roma. Ele conduz a magia renascentista às suas fontes pré-cristãs e as demonstra serem tão válidas e ricas quanto a cristã, tendo, inclusive, o mérito de se enriquecerem mutuamente. É necessário aceitar o diferente, segundo Bruno, com suas riquezas e pontos de vista complementares ao modo de ver do mundo cristão. Tal como Galileu e Kepler, Bruno acreditava que a Bíblia era um texto moral e salutar, onde os autores haviam adotado uma linguagem adequada às pessoas comuns. Para eles, a Bíblia nunca havia sido pensada como meio de ensinar Astronomia ou a filosofia da Natureza. Faz uma forte crítica da ética Cristã - particularmente o princípio calvinista da salvação exclusivamente pela fé, à qual Bruno opunha uma visão exaltada da dignidade de todas as atividades humanas.







No seu terceiro livro: De architetura et commento artis Lulli ("Sobre a Arte de Lúlio e comentário"), argumenta que Lúlio havia tentado provar os dogmas da Igreja por meio da razão, Bruno, porém, nega o valor desse esforço mental. Ele argumenta que o Cristianismo é inteiramente irracional, que é contrário à filosofia e que contraria outras religiões. Salienta que nós o aceitamos pela fé, que a assim chamada revelação não tem base científica.







Bruno coaduna com os poderes humanos extraordinários, mas enfrentou abertamente a Igreja Católica ridicularizando os milagres de Cristo e outras tantos dogmas católicos, tais como a virgindade de Maria.







Ele também formula sua visão averroísta da relação entre filosofia e religião, de acordo com a qual existe a religião dos ignorantes e a religião dos doutos. A primeira é considerada como um meio para instruir e governar o povo ignorante. É um conjunto de superstições contrárias à razão e a natureza, "útil para governar os povos incultos", que é válido enquanto a humanidade não atingir um grau superior de evolução. A religião dos doutos ou dos teólogos, que o processo histórico enriquece, é esclarecida, na qual se integra a filosofia como a disciplina dos eleitos que estão aptos a se controlar e governar os outros.







Ensinou e publicou uma variedade de trabalhos menores, incluindo o Articuli centum et sexatinta ("160 Artigos") contra os filósofos e matemáticos contemporâneos, no qual ele expôs sua concepção de religião - uma teoria da coexistência pacífica de todas as religiões baseada no conhecimento mútuo e liberdade recíproca de discussão. É uma crítica contra a intolerância e o sectarismo religioso, que diz contrariar a lei divina do amor. Faz uma reivindicação da dignidade própria da liberdade espiritual humana (sem liberdade não haveria essa dignidade).







Dentre suas idéias especulativas, destacamos a percepção de uma sabedoria que se exprime na ordem natural, onde todas as coisas, quer tenhamos idéia ou não, estão interligadas e se inter-relacionam de maneira mais ou menos sutil (holismo); a pluralidade dos mundos habitados, sendo a Terra apenas mais um de vários planetas que giram em volta de outros sistemas, etc. Por tudo isso, por essa ousadia em pensar, Bruno - que estava séculos adiante de seu tempo - pagou um alto preço. Mas sua coragem serviu de estopim e incentivo ao progresso científico e filosófico posterior.







Quanto aos métodos de memorização (menemotécnicas), Giordano Bruno foi muito influenciado pelo pensamento de Raimundo Lúlio (1235-1316), de Maiorca, místico catalão e poeta autor de um manual da cavalaria, Ars Magna ("A grande Arte"), "A Árvore da Ciência", Liber de ascensu et descensu intellectus ("O Livro da subida e da descida do intelecto") descrevendo estágios do desenvolvimento intelectual no entendimento na compreensão de todos os seres através do método da sua arte.









A COSMOLOGIA DE GIORDANO BRUNO - Um dos pontos chaves de sua teoria é a cosmologia. Ele apresentava uma visão filosófica do Universo diferente de todos os seus contemporâneos, contendo idéias que apenas vieram a ser retomadas no século XX.







Bruno teria abraçado a teoria de Copérnico porque ela se encaixava bem na idéia egípcia de um Universo centrado no Sol. Ao final do século XVI aparentemente não havia um único professor que ensinasse o universo segundo Copérnico, exceto Giordano Bruno. Galileu apresenta suas provas no início do século seguinte, e mesmo então é obrigado a abjurar a teoria. Galileu nunca encontrou Bruno em pessoa e não o menciona em seus trabalhos, sendo bastante esperto de sua parte evitar citar um herege condenado, em suas obras.







Bruno afirmava que não havia posição absoluta no espaço, como dissera Aristóteles, mas que a posição de um corpo "era relativa à dos outros corpos". “Em toda parte ocorre mudanças relativas incessantes de posição por todo o universo, e o observador está sempre no centro das coisas". Infinidade e relatividade. Os astros giram também sobre seu próprio eixo para perpetuar em si a vida, para expor sucessivamente todas as suas partes ao Sol (como seres que tem vida, animismo). São afirmações ousadas em uma época em que o pensamento teológico filosófico medieval era ainda predominante, e tinha como uma de suas peças básicas a astronomia de Ptolomeu que afirmava ser a Terra um ponto imóvel privilegiado, centro do movimento circular de todos os corpos celestes, teoria que afinava tanto com os textos bíblicos quanto com o pensamento racional aristotélico que a escolástica integrava num todo unitário.







Seguindo deduções tipicamente aristotélicas, diziam os mestres escolásticos que, se a Terra se movesse, as nuvens seriam deixadas para trás, as folhas mortas voariam sempre no mesmo sentido; uma pedra solta do alto de uma torre se afastaria do pé da torre. A esse pensamento juntava-se a concepção de que, excetuando-se o movimento circular uniforme, impresso por Deus aos corpos celestes, todos os demais movimentos são imperfeições, constituindo transgressões ou reparações de transgressões da ordem divina. A refutação de Bruno a esse argumento, em "O Banquete das Cinzas", é que a Terra e tudo que nela se encontra formam um sistema. Os objetos de um navio se movem com ele. Do mesmo modo, as nuvens, os pássaros, as pedras são levados com a Terra. No mesmo diálogo ele se antecipa ao seu colega italiano o astrônomo Galileu Galilei sustentando que a Bíblia devia ser seguida pelos seus ensinamentos morais e não por suas implicações astronômicas.







Em De la Causa, (também de 1584) ele elabora a teoria física na qual estava baseada sua concepção do universo: "forma" e "matéria" estão intimamente unidas e constituem o "Uno" [antecipando a teoria de Einstein – E=m.c2]. Bruno é animista. Em sua filosofia o Universo é um sistema em permanente transformação, um todo no qual nada existe imóvel. Não apenas um movimento mecânico e passivo, segundo as leis da física, mas um movimento anímico que o faz transformar-se permanentemente. Tudo que existe estaria reduzido a uma única essência material provida de animação espiritual.







No De l'infinito universo e mondi ("Sobre o Infinito, Universo e Mundos") ele desenvolveu sua teoria cosmológica criticando sistematicamente os físicos aristotélicos. Argumentava que o Universo era infinito e continha um número infinito de mundos, e que estes eram todos habitados por seres inteligentes, no que rejeitou a teoria geocêntrica tradicional e ultrapassou a teoria heliocêntrica de Copérnico que ainda mantinha o universo finito com uma esfera de estrelas fixas. Pois o universo inteiro está vivo, existe uma vida que anima tudo o que existe, como por exemplo os astros, os minerais, sendo Deus, criador do mundo, necessariamente um ser infinito; seria contraditório que a uma causa infinita não correspondesse um efeito infinito. O Universo, pois, como efeito de uma causa infinita não pode conceber-se senão como infinito. Acreditava que o Universo é infinito, que Deus é a alma universal do mundo e que todas as coisas materiais são manifestações deste principio infinito; Deus seria a força criadora perfeita que forma o mundo e que seria imanente a ele. Para esta perspectiva bebeu na fonte de Nicolau da Cusa, Copérnico e também de Giovanni Della Porta. Mas é original. Afirma que tudo que existe na Terra forma um sistema. Os erros de teorização provém do fato de sermos espíritos limitados no universo ilimitado. Tal como Nicolas de Cusa, Bruno retoma a idéia que as estrelas do céu são sóis. Bruno ia mais longe, afirmando mesmo no seu livro, Del Universo Infinito et Mondi, que em torno desses sóis haveria planetas como aqueles que giram à volta do Sol.



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