terça-feira, 25 de setembro de 2012

PÓS- ESTRUTURALISMO

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E-mail: dlulguim@yahoo.com.br



TITULO: A DISTINÇÃO ENTRE PÓS-MODERNISMO E PÓS-ESTRUTURALISMO.



RESUMO.



Este estudo tem importância contemporaneamente porque há enormes dificuldades para o jovem estudante estabelecer diferenças entre modernismo e pós-modernismo, entre estruturalismo e pós-estruturalismo, ou entre pós-modernismo e pós-estruturalismo. A confusão estendeu-se para o campo das metanarrativas, coisa muito diferente do que sejam as categorias anteriores. Tomaz Tadeu da Silva confirma: “Como já se sabe pós-estruturalismo e pós-modernismo são conceitos amplos de definições pouco precisas. Eles tendem também a se confundir, ligados que estão a um mesmo conjunto de contestações aos fundamentos do pensamento, da filosofia, das ciências sociais, das artes”. (Silva, 1996: 236).1 A primeira parte do artigo foi baseada numa resenha sobre dois capítulos do livro “Documento de identidade: uma introdução às teorias do currículo”, de Tomaz Tadeu da Silva, precisamente os que levam os títulos “O fim das metanarrativas: o pós-modernismo”; e o outro: “A crítica pós-estruturalista do currículo” na pequena, mas excelente, obra de Michael Peters: Pós-estruturalismo e filosofia da diferença.. A segunda parte do artigo também será uma resenha, tendo como base Michael Peters como o cerne de nossos estudos na sua obra “Pós-estruturalismo e filosofia da diferença”, mais precisamente a segunda parte cujo titulo é “A filosofia da diferença, Nietzsche e a crítica da razão”, onde daremos tratamento prioritário aos seguintes capítulos: “Hegel, a modernidade e a lógica da identidade”, “Nietzsche contra Hegel no pensamento francês contemporâneo”, “Nietzsche e a crítica da modernidade”, e por fim “O pós-estruturalismo, Habermas e a questão da pós-modernidade”. Na última parte chegaremos a um momento em que se procederá a uma conclusão cuja tentativa será a realização de um contraste entre os filósofos e as categorias a que se correspondem uns com os outros. A profundidade da conclusão será equivalente a profundidade do conteúdo e não passará disto uma vez que este estudo tem o objetivo apenas de servir como um instrumento de fácil manuseio limitando-se apenas a distinção entre conceitos usados em teoria do currículo.



PARTE I.



1.2 – ESTRUTURALISMO, PÓS-ESTRUTURALISMO.



1.2.1- ESTRUTURALISMO.



Saussure, Heidegger são os maiores representantes do estruturalismo da primeira geração. Vieram depois, numa segunda geração, Romam Jakobson, Claude Lévi-Straus e Louis Althusser. Com efeito, Michael Peters ensina: “O estruturalismo francês tem sua origem na lingüística estrutural, tal como desenvolvidas por Ferdinand de Saussure e por Romam Jakobson, na virada do século”. (Peters, 2000: 20). 2



Para Peters, Romam Jakobson é a figura central no desenvolvimento histórico da lingüística estrutural. Ele foi instrumental no estabelecimento do Formalismo Russo, ajudando a fundo tanto o Círculo Lingüístico de Moscou quanto a Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética (OPOJAZ), em São Petersburgo, antes de se mudar para a Checoslováquia, em 1920, para fundar o Círculo Lingüístico de Praga. Conforme Peters em outro momento da obra: “Pós-Estruturalismo e filosofia da diferença”, foi Jakobson que primeiramente cunhou em 1929, o termo “estruturalismo”, para designar uma abordagem científica dos fenômenos, cuja tarefa básica consistiria em revelar as leis internas de um sistema determinado. (Peters, 2000: 21 - 22).



Ainda na mesma obra Peters assinala um momento especial quando Jakobson (1973), após o sucesso do Primeiro Congresso Eslavo Internacional de Praga, expressou seu programa nestes termos:



Se tivermos que escolher um termo que sintetize a idéia central da ciência atual, em suas mais variadas manifestações, dificilmente poderemos encontrar uma designação mais apropriada que a de estruturalismo. Qualquer conjunto de fenômenos analisado pela ciência contemporânea é tratado não como um aglomerado mecânico mas como um todo estrutural, e sua tarefa básica consiste em revelar as leis internas – sejam elas estáticas, sejam elas dinâmicas – desse sistema. O que parece ser o foco das preocupações científicas não é mais o estímulo exterior, mas as premissas internas do desenvolvimento: a concepção mecânica dos processos cede lugar, agora, à pergunta sobre suas funções.



Conforme Peters destaca é importante observar que Jakobson definiu sua teoria da estrutura da linguagem em contraste com a de Saussure que ele considerava tanto demasiadamente abstrata quanto demasiadamente estática (Peters, 2000: 22).



No inicio dos anos 40, Lévi-Straus conheceu Jakobson em Nova York, na New School for Social Science Research, e através dele também a lingüística estrutural publicando posteriormente em 1945 um artigo sobre lingüística estrutural com a etnologia na própria revista Word de Jakobson. Artigo que mais tarde se torna um capítulo do seu livro Anthropologie Structurale que publicou em 1958. (Peters, 2000: 23). Lévi-Straus reconhece sua dívida com Saussure e Jakobson e descreve seu método antropológico por meio da noção central de estrutura inconsciente:



Se, como cremos, a atividade inconsciente do espírito consiste em impor formas a um conteúdo, e se as formas são fundamentalmente as mesmas para todos os espíritos, antigo e moderno, primitivo e civilizado [...] é preciso e basta atingir a estrutura inconsciente, subjacente a cada instituição ou a cada costume, para obter um princípio de interpretação válido para outras instituições.



O estruturalismo é uma forma particular de um gênero teórico ou teorização social. Ele não se confunde, nem pelo nome, com o modernismo. O estruturalismo dá privilégio a noção de estrutura e na análise teórica a estrutura é uma característica das relações entre o fenômeno e o objeto não se tratando de elemento nem de um e nem de outro (fenômeno e objeto). Aquilo que mantém os elementos individuais no seu lugar também sustenta todo o conjunto. O estruturalismo parte da investigação das regras de formação estrutural da construção da linguagem. Para o estruturalismo é fundamental a oposição entre a língua e a fala. A língua é a estrutura, a fala é o concreto do conjunto de regras.



Em Althusser o sujeito é o produto da ideologia, mas ainda se vislumbra uma possibilidade de sua modificação ou formação de um outro sujeito quando removido os obstáculos que impedem a formação deste novo sujeito. Para Peters um outro expoente do estruturalismo, Lévi-Straus entende que se pode chegar às estruturas inconscientes através do emprego de um método estrutural desenvolvido pela lingüística estrutural, argumentando que a fonologia, ou seja, a lingüística estrutural, não poderia deixar de desempenhar ante as ciências sociais o mesmo papel renovador que a física nuclear desempenhou no conjunto das ciências exatas. (Peters: 2000, 22)3



1.2.2- PÓS-ESTRUTURALISMO.



São representantes de primeira geração do pós-estruturalismo Michel Foucault e Derrida. Na segunda geração dos pós-estruturalistas encontramos Gilles Deleuze, Félix Guatarri, Kristeva e Jacques Lacan.



O pós-estruturalismo é muitas vezes confundido com o pós-modernismo, o que se trata de um grande equívoco porque o pós-estruturalismo não se trata de uma época histórica, mas sim de um sistema teórico ou uma sistematização teórica. Desse modo limita-se a uma sistematização teórica sobre as regras de linguagem e significação. Já o pós-modernismo abrange um campo bem mais amplo. O pós-estruturalismo, embora não se trate de uma época histórica, representa uma continuação no tempo, e também uma transformação e transição do paradigma do estruturalismo. O pós-modernismo é pois uma resposta filosófica ao estado que se diz científico. Com efeito, tem razão Peters ao dizer:



“Devemos interpretar o pós-estruturalismo, pois, como uma resposta especificamente filosófica ao status pretensamente científico do estruturalismo e à sua pretensão a se transformar em uma espécie de megaparadigma para as ciências sociais. O pós-estruturalismo deve ser visto como um movimento que, sob a inspiração de Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger e outros, buscou descentrar as ‘estruturas’, a sistematicidade e a pretensão científica do estruturalismo, criticando a metafísica que lhe estava subjacente e estendendo-o em uma série de diferentes direções, preservando, ao mesmo tempo, os elementos centrais da crítica que o estruturalismo fazia ao sujeito humanista”. (Peters, 2000: 10).4



Nele o processo de significação contínua e central, mas a fixidez suposta do estruturalismo adquire uma grande flexibilidade, fluidez e incerteza. O conceito de diferença se radicaliza e se estende ao alcance deste conceito a ponto de parecer não existir diferença. No pós-estruturalismo se radicaliza a crítica do sujeito do humanismo e da filosofia da consciência. Neste paradigma o sujeito é uma ficção, ou seja, o sujeito não passa de uma invenção social e histórica; mas radicaliza o caráter inventado deste sujeito.



No pós-estruturalismo não existe sujeito, a não ser como simples resultado do processo de produção da cultura social. Nele, não se pode falar de sistematização; o pós-estruturalismo rejeita qualquer sistematização. O pós-estruturalismo vê o processo de significação basicamente como indeterminado e instável. Ele enfatiza a indeterminação e a incerteza. O significado não é pré-existente porque é cultural e socialmente produzido onde é importante o papel das relações de poder na sua produção.



No pós-estruturalismo um significado é o que é, não porque corresponde a um “objeto” que existe fora do campo da significação, mas porque foi socialmente produzido. A ênfase no processo de significação é ampliada para focalizar as noções correntes de “verdade”, pois a perspectiva pós-estruturalista desconfia das definições filosóficas desta “verdade”.



Ele questiona a verdade e abandona essa ênfase destacando, ao contrário, o processo pelo qual algo é considerado verdadeiro. A questão principal não se trata da verdade, mas “saber porque esse algo se tornou verdade”. A concepção pós-estruturalista questiona a formação do sujeito unitário, racional, autônomo, centrado no que tem base em todo empreendimento pedagógico ou curricular denunciando-os como construção histórica particular.



O pós-modernismo coloca em questão a própria noção de emancipação e libertação. Para o pós-modernismo, é o próprio projeto pedagógico sobre a formação do sujeito que se coloca em cheque, porque este projeto se ampara na visão modernista de sujeito, que ele, pós-estruturalismo combate.



Com efeito, para Peters entretanto, “... o pós-estruturalismo não pode ser simplesmente reduzido a um conjunto de pressupostos compartilhados, a um método, a uma teoria ou até mesmo a uma escola. É melhor referir-se a ele como um movimento de pensamento – uma complexa rede de pensamento – que corporifica diferentes formas de prática crítica. O pós-estruturalismo é, decididamente, interdisciplinar, apresentando-se por meio de muitas e diferentes correntes”. (Peters, 2000: 29).5



PARTE II.



2.1 - PÓS-MODERNISMO, MODERNISMO E METANARRATIVAS.6



2.2 - O MODERNISMO.



Filosoficamente o modernismo começa com o pensamento de Francis Bacom na Inglaterra e René Descartes na Franca e distingue-se do estruturalismo, historicamente na Rússia associado ao formalismo europeu quanto com o futurismo nunca foi predominantemente uma performance, uma pratica ou uma estética artística. Em vez disso desenvolveu-se como uma forma de poética, de crítica, literária e de análise lingüística do discurso, substituindo o modelo humanista que interpretava textos particulares como sendo a expressão singular de um determinado autor.(Peters, 2000: 13, 14, 15) 7.



Um detalhe importantíssimo se trata do modelo lingüístico elaborado por Saussure e Jakobson:



“O modelo lingüístico, tal como concebido por Saussure e Jakobson, permitia a análise científica da linguagem como um sistema de diferenças, como um sistema sem quaisquer termos positivos, iniciando uma ciência das estruturas que abalava os tradicionais pressupostos humanistas e românticos que se baseavam nas idéias de intencionalidade, de criatividade e de autoria”. (Peters, 2000: 15).8



Para Peters, o termo modernismo pode ser visto na forma de duas acepções distintas:



modernismo no sentido de movimentos artísticos dos meados do século XIX;



modernismo no sentido de uma acepção histórica e filosófica que faz referência ao termo “moderno” e significando “modernidade” – época que se segue à época medieval. (Peters, 2000: 12).9



É, neste sentido, então, uma época histórica iniciada no século XIX que se representa por teorias coerentes e unificadas através de regras e cânones que são considerados idéias da razão, da ciência e do progresso constante e que estão no centro do pensamento moderno. Michael Peters entende que o modernismo pode ser visto, na filosofia, como um movimento que tem base na crença do avanço do conhecimento, desenvolvida a partir de experiências por meio do método científico. O cume do modernismo, para Peters, se dá provavelmente com a filosofia “crítica” de Imamnuel Kant e com a idéia de que o avanço do conhecimento exige que as crenças sejam submetidas à operação da crítica. (Michael Peters, 2000: 13).10



O modernismo tenta transmitir o conhecimento cientifico e com ele formar um sujeito racional e autônomo. Ele tenta moldar o cidadão moderno da sociedade racional, progressista e democrática. Outro ponto muito interessante relativo aos termos “modernismo” e “pós-modernismo” foi bem ressaltado por peters:



“É importante observar que os significados dos termos ‘ modernismo’ e ‘pós-modernismo’ não são fixos ou estáveis: eles têm mudado historicamente, como resultado da atividade teórica, criando-se, assim, novos significados e interpretações. Nesse sentido, podemos dizer que não existe qualquer fechamento em torno de uma definição única. Seus significados são, sempre, questionáveis, estando abertos à interpretação, sobretudo na medida em que as pessoas que estudam estes movimentos utilizam estes termos de forma a torná-los teoricamente produtivos. De fato poder-se-ia argumentar que quando essas definições e significados tornam-se fixos é porque o discurso teórico esgotou-se”



2.2 - O PÓS-MODERNISMO.



Primeiro tentar-se-á elaborar um conjunto de palavras e frases que transmitam com melhor fidedignidade a categoria do pós-modernismo. Assim, nesta categoria poderíamos iniciar falando nos seguintes termos: pós-modernismo se trata de uma nova época histórica que foi iniciada no século XX, diferente da modernidade (uma época histórica passada). Tratam-se de um conjunto de perspectivas que abrangem diversos campos intelectuais, políticos, estéticos e epistemológicos. Tratando-se, pois, de uma transição do modernismo tem destaque na arquitetura Hudnut, Toynbee e Mills.



Assim, Michael Peters entende que o pós-modernismo se trata de uma continuação da época histórica do modernismo para ao mesmo tempo se relacionar e avançar em relação ao modernismo; também pode ser entendida sob duas acepções:



ele pode ser utilizado esteticamente para se referir especificamente às transformações nas artes ocorridas após o pós-modernismo ou em reação a ele;



em outra acepção no sentido histórico e filosófico, para se referir a um período ou um ethos – a “pós-modernidade”. (Peters, 2000: 13,14).11



Fundamentalmente refere-se a uma oposição ou transição com a modernidade e com o iluminismo; contra as regras e cânones do classicismo. O pós-modernismo rejeita categorias absolutas e prefere uma interpretação parcial e localizada da ciência, do conhecimento ou da técnica. O pós-modernismo é, também, a mistura, o hibridismo, a mestiçagem de culturas, estilos e modos de vida. Por si mesmo, o pós-modernismo desconfia dos impulsos emancipatórios e libertadores. É possível que a origem dos impulsos seja à vontade de domínio e controle da epistemologia moderna.



O pós-modernismo questiona as noções de razão e racionalidade fundamentais para o iluminismo da modernidade, porque em nome delas instituíram-se sistemas brutais e cruéis de opressão e exploração. Assim, o pós-modernismo trás consigo noções de pureza, abstração e funcionalidade nos diversos campos do conhecimento e mais ainda no campo das artes.



2.3 - METANARRATIVAS.



De fato são as grandes narrativas ou narrativas mestras expressões da vontade de domínio e controle da sociedade moderna. Para Tomaz Tadeu da Silva o campo educacional “... é um campo minado de metanarrativas. Impossível andar nele sem esbarrar em uma. Usa-se metanarrativas para construir teorias filosóficas da educação; utilizam-se metanarrativas para analisar sociológica e politicamente a educação; nossos currículos educacionais deixariam de existir sem as metanarrativas – metanarrativas históricas, sociais, filosóficas, religiosas, científicas”. Seguindo a explicação, para ele o golpe “...contra as metanarrativas é, portanto, um golpe contra o edifício teórico educacional, seja aquele tradicionalmente construído, seja o da teorização crítica”. (Silva, 1996: 248 – 249).12



Nesta ânsia de controle e ordem o modernismo elabora teorias, teleologias, e explicações amplas e universais que compreendem num único sistema a compreensão do mundo e universo. O pensamento moderno é grande adepto das grandes narrativas.



Para Tomaz Tadeu da Silva as metanarrativas já têm seu fim demarcado: “Parece que o abandono das metanarrativas é irreversível. As metanarrativas, em sua ambição universalisante, parecem ter falhado em fornecer explicações para os multifacetados e complexos processos sociais e políticos do mundo e da sociedade”. Ele prossegue em seu raciocínio, a dependência “... em relação as metanarrativas políticas tem revelado uma tendência a produzir regimes totalitários e ditatoriais”.



E finaliza dizendo que o apego “...a certas metanarrativas tem servido apenas de justificação para que certos grupos conservem outros sob opressão”. (Silva, 1996: 249).13



Peters salienta: “As grandes narrativas são pois, histórias que as outras culturas contam sobre suas próprias práticas e crenças, com a finalidade de legitimá-las. Elas funcionam como um [?] história unificada e singular, cujo propósito é legitimar ou fundar uma série de práticas, uma auto-imagem cultural, um discurso ou uma instituição”. Peters apud Peters, 2000: 18).14



PARTE III.



3 - HEGEL, NIETZSCHE E HABERMAS; DISCUSSÕES FILOSÓFICAS.15



Este parte é uma resenha de um capítulo do livro de Michael Peters, Pós-estruturalismo e Filosofia da diferença: uma introdução, onde se destaca, principalmente a segunda parte da obra.



3.1- HEGEL.



Conforme ensina Peters, Hegel entende que “consciência” é “autoconsciência” ou “consciência de si” e daquilo que chama de “verdade da autocerteza”. Hegel desenvolve um modelo da consciência, do eu e da identidade que inaugura uma nova forma de pensar, desenvolvendo conceitos que irão influenciar os maiores pensadores de esquerda da era moderna como: Marx, Kojève, Sartre, Lacan, Fanon e outros.



Em Hegel, o desenvolvimento da idéia de Eu é definido como a negação do Outro; há uma descrição hegeliana de “consciência-de-si” relacionando-a com dependência/independência, “senhor” e “escravo”. A dialética hegeliana incrementa uma influência enorme nos pensadores modernos, fundamentalmente sua obra da “teoria da consciência” elaborada como uma “luta por reconhecimento”, e sua descrição do “espírito” entendida como progressão em direção a liberdade. A redescoberta da dialética hegeliana foi um grande fato filosófico no pós-guerra. Conforme Peters a partir da década de 30 ressurge o interesse em Hegel que se deve à influência do marxismo na esteira da revolução Russa e também pela influência de Alexendre Kojève que ensinava na École Pratique des Hautes Études. Segundo Peters, Kojève ensinava que a dialética deveria ser compreendida tanto em termos existencialistas, concebendo-a como processo de autotransformação e em termos de classe vendo-a como a “negação absoluta” do mundo do Senhor. A ênfase na dialética como superação da alienação; processo no qual o Eu entra em luta com o Outro por reconhecimento mútuo. Ainda conforme Peters, o PCF, partido Comunista Francês, num processo de desestalinização defendia um retorno ao primeiro Marx, onde o impulso teórico estava em acordo com a interpretação existencialista de Hegel e com os Manuscritos de 1844.



3.2 - NIETZSCHE.



Alan Schrift, citado por Peters, sugere que o pós-estruturalismo está baseado na crítica que Nietzsche faz da “verdade” e em sua análise das relações diferenciais de poder e saber que questionam os pressupostos que dão origem ao pensamento binário. Há uma problematização do sujeito humanista que coloca em dúvidas os pressupostos da autonomia e da transparência da autoconsciência concebendo o sujeito como uma complexa intersecção de forcas discursiva, libidinais e de práticas sociais. E mais ainda, eles resistem ceder as pretensões de universalidade e unidade preferindo enfatizar a diferença e a fragmentação.16



Peters assinala que em “Nietzsche e a Filosofia”, Deleuze deu fundamento para a filosofia da diferença. Deleuze demonstra através de Nietzsche o poder puramente positivo da afirmação inerente na diferença quando elege como base um pensamento não-hegeliano. Também se nota a presença de Nietzsche na crítica da cultura da Ilustração feita por Max Horkheimer e Theodor Adorno fundadores da Escola de Frankfurt, na obra “A dialética do esclarecimento”. Segundo Peters é evidente a influência de Nietzsche em Horkheimer e Theodor Adorno quando da análise do “lado escuro” do Iluminismo. Eles argumentam que o mito já é iluminismo e que o Iluminismo voltou-se para a mitologia. Para Adorno e Horkheimer a razão é “... despida de seus aspectos normativos, ressurge na forma da ciência moderna, cujo melhor exemplo é o positivismo lógico – uma razão científica interessada apenas em questões de utilidade técnica”.



É claro que para Peters esta análise está na base da crítica da razão instrumental feita por Horkheimer e Adorno. Na modernidade a razão se confunde com a pura força, por isso o iluminismo ficou reduzido a uma forma de dominação sobre o mundo externo e a arte, fundida com a cultura de massa perdendo sua força crítica. Para Peters, Foucault deixa ressaltada sua própria relação com a Teoria Crítica e que uma série de analistas tenham detectado fortes paralelos entre as preocupações do pós-estruturalismo e a dos fundadores da Escola de Frankfurt.17



Ainda; Michael Peters coloca de forma inteligente que a filosofia pós-nitetzscheana consegue extrair sua substância intelectual da crítica que Nietzsche fez da modernidade e dos valores do Iluminismo, do liberalismo e do humanismo secular. O método nietzscheano é genealógico e Nietzsche desconstrói as pretensões universalistas afirmadas pelos vários sistemas e indica que a verdade é o produto discursivo de um sistema que produz esta própria verdade, bem como produz o falso através das proposições verdadeiras e falsas.



3.3 - HABERMAS.



O excelente livro de Michael Peters, em poucas folhas, consegue ser objetivo fazendo ótimas colocações e colocando pensamento de autores de forma sucinta e clara. No capítulo “O pós-estruturalismo, Habermas e a questão da pós-modernidade” peters inicia com a Escola de Frankfurt colocando-se nos seguintes termos:



Após a Segunda Guerra Mundial e a repatriação para a Alemanha para reestruturar a Escola de Frankfurt, Horkheimer e Adorno (1972) estavam dispostos a abandonar a teoria social marxista em favor de uma crítica total do Esclarecimento. Eles estavam em sintonia com tendências filosóficas bastantes diferentes como, por exemplo, a “destruição” (conservadora) da metafísica ocidental, feita por Heidegger, e o radical Cercle Communiste Democratique, fundado por Georges Bataille.18



Citando David Ingram, Peters diz que o pensamento pós-estruturalista é inspirado pelo sonho nietzscheano de superar a modernidade por intermédio da vontade de potência que forja seus próprios valores e projeta interpretações sobre uma experiência caótica. O pensamento pós-estruturalista ao vincular a liberdade subjetiva à razão “científica” sustenta que o esclarecimento esconde uma vontade de potência que em última análise, prende o indivíduo ao aparato tecnológico. 19 A escola de Frankfurt também se opõe a colonização burocrática do mundo-da-vida e a subordinação e assimilação das culturas dissidentes à cultura científica dominante. E como o pós-estruturalismo atribui esse impulso social em direção ao fechamento sistêmico e a homogeneidade social à demanda racional por unidade, pureza, objetividade, universalidade e finalidade também nisso se baseia Habermas para argumentar que pós-estruturalistas franceses justapõe à razão instrumental um princípio apenas acessível por meio da evocação, seja à vontade de potência ou soberania, o Ser ou a forca dionisíaca do poético.



Ao citar Habermas, Peters alega que ele atribui o termo “pós-modernidade” à corrente francesa de pensamento, à tradição, como ele diz, que “conduz de Bataille a Derrida, via Foucault” comparando filósofos franceses na crítica da razão aos “Jovens Conservadores” da República de Weimar embora possa ter se apressado ao colocar Foucault como Pós-modernista.



Para Peters, a questão que separa Habermas de Foucault, ao menos tal como visto pelo próprio Habermas tem a ver com suas próprias avaliações sobre a modernidade. Habermas situa a si mesmo na tradição da crítica social marxista, refletida no trabalho da Escola de Frankfurt, argumentando que deveríamos tentar preservar o “impulso emancipatório” que subjaz ao esclarecimento.



Ainda conforme Peters (2000) a retórica de Habermas esconde as reais diferenças entre ele e os pós-estruturalistas franceses, a qual diz respeito ao tema do discurso e aos pressupostos últimos sobre a natureza da própria linguagem. Peters cita o argumento de Wellbery que diz que diz que a visão pós-estruturalista da linguagem ou do discurso está em oposição radical ao ideal de Habermas, de uma norma de ação comunicativa, vista como imanente à própria fala e que capacitaria os participantes as chegar a um consenso sem qualquer distorção ou constrangimento externo. Os filósofos pós-modernos rejeitam o sonho da linguagem inocente que contrasta com a visão modernista e universalista de Habermas com uma esfera de comunicação limpa e sem ruídos plenamente transparente. Dificuldade que vai ao cerne do problema uma vez que de um lado o pós-estruturalismo e a crítica francesa da razão, e por outro, a Teoria Crítica, o projeto da modernidade de Habermas e seu objetivo de preservar o impulso emancipatório subjacente ao esclarecimento. Também as dificuldades e questões que ela gera concentram a discussão na racionalidade e nas respectivas avaliações da modernidade e da pós-modernidade.20



PARTE IV.



4 - CONCLUSÃO.



Finalmente chega-se ao momento de conclusões em que se deve tomar como referências às categorias aqui tratadas. É obvio que não retomaremos a pontuação porque isso já não teria mais sentido. Aqui é mais importante lembrar apenas as distinções fundamentais que respondam satisfatoriamente nossos problemas de questões.



Por exemplo na questão: o que são metanarrativas? Bastaria como diferenciador principal à resposta: são narrativas mestras que são expressões da vontade de poder da sociedade moderna. Esta distinção por si só já seria suficiente para diferenciá-la de estruturalismo, modernismo, pós-estruturalismo e pós-modernismo.



Assim também se pode referir no que diz respeito ao modernismo. Para a questão “O que é modernismo?” seria interessante a seguinte resposta: modernismo no sentido de uma acepção histórica e filosófica é o que faz referência ao termo “moderno” e significando “modernidade” – época que se segue à época medieval. É, neste sentido, então, uma época histórica iniciada no século XIX que se representa por teorias coerentes e unificadas através de regras e cânones que são considerados idéias da razão, da ciência e do progresso constante e que estão no centro do pensamento moderno.



Pode-se proceder do mesmo modo para a questão: “O que é pós-modernismo?” E assim teríamos a resposta seguinte: pós-modernismo se trata de uma nova época histórica que foi iniciada no século XX, diferente da modernidade (uma época histórica passada). Tratam-se de um conjunto de perspectivas que abrangem diversos campos intelectuais, políticos, estéticos e epistemológicos; o pós-modernismo também se trata de uma continuação da época histórica do modernismo para ao mesmo tempo se relacionar e avançar em relação ao ele.



Por outro lado para a questão “O que é estruturalismo?” poderíamos ter a seguinte resposta: o estruturalismo é uma forma particular de um gênero teórico ou teorização social. Ele não se confunde nem pelo nome com o modernismo. O estruturalismo dá privilégio a noção de estrutura, e na análise teórica a estrutura é uma característica das relações entre o fenômeno e o objeto não se tratando de elemento nem de um e nem de outro (fenômeno ou objeto).



Aquilo que mantém os elementos individuais no seu lugar também sustenta todo o conjunto. O estruturalismo parte da investigação das regras de formação estrutural da construção da linguagem. Para o estruturalismo é fundamental a oposição entre a língua e a fala. A língua é a estrutura, a fala é o concreto do conjunto de regras.



Também, do mesmo modo, para a questão “O que é Pós-estruturalismo” bastaria uma resposta simples como: o pós-estruturalismo é muitas vezes confundido com o pós-modernismo o que se trata de um grande equívoco porque o pós-estruturalismo não se trata de uma época histórica, mas sim de um sistema teórico ou uma sistematização teórica. Desse modo, ele limita-se a uma sistematização teórica sobre as regras de linguagem e significação. Enquanto o pós-modernismo se trata de uma época histórica, o pós-estruturalismo não, mas se trata, sim de representar uma continuação no tempo de uma transformação e transição do paradigma do estruturalismo.



Finalmente, para a questão “Quais são os filósofos que se encontram por trás destas categorias?”, bastaria uma resposta com apenas os principais deles para cada uma delas.



Por exemplo: no modernismo os filósofos que dão fundamento se tratam de René Descartes e Bacon; no estruturalismo quem tem destaque é Saussure e Jakobson; no pós-estruturalismo os principais filósofos são Michel Foucault, Gilles Deleuze, e Felix Guatarri; no pós-modernismo os que mais aparecem são Hudnut, Toynbee e Mills.



Assim, para nosso trabalho estas respostas são suficientes, mesmo que sejam objetivas, porque o fundamental aqui, neste artigo, é apenas saber distinguir entre as categorias e entre seus filósofos; ocorrendo isso nossos objetivos foram alcançados.



Assim alcançados estes objetivos, o estudante não terá mais o direito de confundir estas categorias e poderá utilizá-las lendo os livros que tratam do assunto, sem confundir-se, porque os filósofos e autores que se utilizam delas, não utilizam-nas da mesma forma que as tenho utilizado-as neste trabalho. Eles em geral misturam os conceitos uns com os outros, entrelaçam-nos, mesmo que muito bem como suas figuras e teorias proeminentes que dão sustento às categorias. Depois o estudante poderá estender, com estes autores, os seus conhecimentos sobre estas categorias, porque estão seria muito simplório continuar com um conhecimento tão limitado a este respeito.



1 Tomaz Tadeu da Silva. Identidades Terminais. Petrópolis, RJ. Vozes: 1996, 236.



2 Michael Peters. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Belo Horizonte, 2000, pág. 20.



3 Ibidem, 22.



4 idem, pág. 10.



5 Idem, 29.



6 Tomaz Tadeu da Silva. Documento de Identidade. Belo Horizonte. Autêntica: 2002, 111-124.



7 Idem.



8 Idem.



9 Idem, 12.



10 Idem, 13.



11 Idem, 13,14.



12 Tomaz Tadeu da Silva. Identidades Terminais. Petrópolis, RJ. Vozes: 1996, 248-249.



13 Ibidem.



14 Michael Peters. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Belo Horizonte, 2000, pág. 18.



15 Michael Peters. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Belo Horizonte, 2000, pág. 49-76.



16 Alan Schrift, citado por Peters in Op. Cit.



17 Michael Peters. Pós-estruturalismo e Filosofia da diferença. Belo Horizonte. Autêntica: 2000, 62.



18 Ibidem.



19 Idem.



20 Idem, 71-76.

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O trabalho tem a modéstia pretensão de dar uma visão sucinta sobre a diferença entre Pós-modernismo e Pós-estruturalismo ao estudante novato na área da teoria do currículo.

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