"Um dia,
lá para o fim do futuro,
alguém escreverá sobre mim um poema,
e talvez só então eu comece a reinar no meu Reino."
Alberto Caeiro
“Nascido em 16 de Abril de 1889 e mestre de todos os heterônimos”, Alberto Caeiro é o poeta que foge para o campo, tentando viver na mais absoluta depuração, como as flores, os regatos, os prados, etc., os quais obviamente são incapazes de refletir e questionar o mundo. Portanto, são felizes em sua própria inconsciência. Caeiro admira a Natureza e busca atingir a mesma impassibilidade dos elementos naturais. Para este heterônimo o mundo não encerra mistérios: Deus, metafísica, “sentido último das coisas”, nada disso importa, as coisas são apenas as coisas. E é esta realidade pura, sem símbolos de qualquer espécie, que constitui o alvo de sua criação poética, como se vê no fragmento do poema V de O Guardador de Rebanhos:
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério. [...]
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
“Constituição íntima das cousas”…
“Sentido íntimo do Universo”…
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. [...]
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Observe este outro trecho de O Guardador de Rebanhos, poema XX:
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. (…)
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe disso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio de minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se ao Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Compartilhe:
20 Comentários to “Alberto Caeiro”
Bill,
amo esse trecho:
“Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa
Despe meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é”
Alberto Caeiro é o meu preferido!!!
beijinhos pra ti
Marie
15th agosto, 2006
Alberto Caeiro com certeza é um mestre em poesia, pois ele consegue transformar em versos as coisas mais simples do viver, como a natureza, o amor e outros sentimentos.
Marcelle Romanine
2nd dezembro, 2006
Fernando Pessoa apresenta em seus poema uma confusao de alguem que nao tem muita certeza do seu presente e se perde em palavras
celestina moreira carinhanha
24th março, 2007
é um poeta sem pessamento
viviane cristina
28th maio, 2007
é um poéta engenuo nascido no campo humilde sem pensar no metafisica
viviane cristina
28th maio, 2007
ele é uns dos principais heterõnimos de Fernando Pessoa dos 53
víví
28th maio, 2007
“Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa
Despe meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é”
ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICO!
Ernesto
26th agosto, 2007
estudei muito sobre Alberto Caiero e percebo sua inteligencie e seu auto controle de quase tudo!!!!!!!!!!!
ethienne monick
18th setembro, 2007
Alberto Caeiro soube descrever a vida da maneira mais sábia ,bebeu da fonte de Deus e eu fiel a ambos também quero provar dessa àgua viva e se for preciso afogar-me na sua fonte.
Flávia Botelho
18th setembro, 2007
adorei conhecer as famosas letras escritas por Caeiro.
bjsss
ass:railania
Railania dos santos
23rd março, 2008
Amei todos os poemas de Caeiro!!!!!!sao um mais lindo q o outro em lingua portuguesa quando se fala dele paro sempre de conversar pois seus poemas sao muitos mais muitos lindos!!!!!bjux
gleiga athyla
10th junho, 2008
Alberto Caiero,
Caeiro alberto,
se o alberto
não fosse o Caeiro
o Caeiro
não seria o alberto…
kkkkk
fabio
20th junho, 2008
Achei muito interessante a proposta do site, de reunir, de forma sintética e intensa, as produções de Fernando Pessoa.
Michelle Nina
23rd junho, 2008
Caeiro é o poeta. Ano tds os seus poemas
Dayane de Lima
18th agosto, 2008
ele era muito bom
gleinilson mirada freitas
2nd setembro, 2008
‘Alberto Caeiro‘….faz qualquer um do alto de sua ignorancia sentir o mais imtimo perfumes das coisas nesses dias que tão cheiram mal…..
wallace
3rd setembro, 2008
Alberto Caeiro: despindo o gosto da rosa somente em vela e sentindo-a…´
provando sempre que naum presisava provar nada pra ninguem ….
WALLACE DE JESUS
4th setembro, 2008
o poema ´´A GUERRA´´ilustra muito bem os dias de hoje.
joel pereira
7th setembro, 2008
Tudo comentado acima é de muita emportante para cada um de nós alunos e leitores pois é de suma importancia para nossa formação…..
João da Costa Lima
8th setembro, 2008
Simplesmente um dos melhores escritores do mundo: Fernando Pessoa
Bah
27th outubro, 2008
Deixe seu Comentário
Nome (requerido)
E-Mail (requerido)
Website
Comente
Páginas
■Inicial
■Bibliografia
■Biografia
■Contato
■Cronologia
■Imagens
Categorias
■Alberto Caeiro
■Apócrifos
■Álvaro de Campos
■Cartas
■Ensaios
■Fernando Pessoa
■Heterónimos
■Ricardo Reis
Recentes
124 anos!
Aniversário: Álvaro de Campos
75 anos de saudades…
Recentemente
321
320
319
318
317
316
Completos
■Barrow-On-Furness
■Cancioneiro
■Chuva Oblíqua
■Episódios - A Múmia
■Ficções do Interlúdio
■Mensagem
■O Guardador de Rebanhos
■O Pastor Amoroso
■Odes De Ricardo Reis
■Passos da Cruz
■Poemas Inconjuntos
■Poemas Ocultistas
Busca
Meta
■Valid XHTML
■XFN
■WordPress
■Blog Blogs
■UFP
■Casa Fernando Pessoa
Assine Feed Rss
Apoiamos:
.Fernando Pessoa is powered by Pra Hoje
COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário