domingo, 7 de outubro de 2012

CAMILO CASTELO BRANCO














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Camilo Castelo Branco

(1825-1890)

Camilo Castelo Branco e Ana Plácido





É o grande romancista do Romantismo português (Romance de um Homem Rico, 1861), experienciando também as novas técnicas da escola realista com intuitos jocosos (Eusébio Macário, 1879) e num texto de final de carreira que é um dos seus mais belos romances: A Brasileira de Prazins, 1882.





Casa de S. Miguel de Seide onde Camilo viveu e se suicidou em 1890

Magistral nos lances arrebatados e místicos da paixão exacerbada e dos laços familiares conflituosos (O Retrato de Ricardina, 1868), assim como na sátira social (A Queda dum Anjo, 1866) e na autocrítica, nomeadamente literária, é figura dominante nas nossas Letras.



Quando, à meia-noite, o Alma negra entrava em casa pela porta do quintal, encontrou a mulher ainda de joelhos diante da estampa do Bom Jesus do Monte. Ao lado dela estavam duas filhas a rezar também, a tiritar, embrulhadas numa manta esburacada, aquecendo as mãos com o bafo.



O Melro mandou deitar as filhas, e foi à loja contar à mulher, lívida e trémula, como o Zeferino morreu sem ele pôr para isso prego nem estopa. Ela pôs as mãos com transporte e disse que fora milagre do Bom Jesus; que estivera três horas de joelhos diante da sua divina imagem. O marido objectava contra o milagre - que o compadre não lhe dava a casa, visto que não fora ele quem vindimara o Zeferino; e a mulher - que levasse o demo a casa; que eles tinham vivido até então na choupana alugada e que o Bom Jesus os havia de ajudar.



Ao outro dia, o Joaquim Melro convenceu-se do milagre, quando o compadre, depois de lhe ouvir contar a morte do pedreiro, lhe disse:



- Enfim, você ganha a casa, compadre, porque mátava Zéférino, se os outros não matam ele, hem?



A Brasileira de Prazins (excerto)











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