sexta-feira, 19 de outubro de 2012

JOSÉ GASPAR SIMÕES




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Introdução

A Arqueologia portuguesa ainda não conseguiu uma autonomia e um vigor científico que favorecessem a dignificação do Património pré-histórico em território português...

Foi durante a Renascença que disparou pela Itália o interesse por obras de arte e monumentos da Antiguidade clássica. André de Resende descreveu as Antiguidades quer de Évora, quer de Cola no Alentejo, tendo publicado várias inscrições. Resende estudou em Alcalá, Paris, Salamanca e Lorvaina, onde frequentou um circúlo de amigos de Erasmo de Roterdão.



O seu interesse pela Pré-História levou a que escrevesse sobre dólmenes e castros. Mas o bom Resende não tinha espírito científico, chegando mesmo a falsificar inscrições epigráficas.



Ainda no século XVI, o humanista João de Barros, na sua Geografia de Entre-Douro e Minho fez relatos da Citânia de Briteiros. Nos Diálogos – Glória e Triunfo dos Lusitanos, editados por Amador Arraes em 1598, o autor menciona as inscrições e textos epigráficos em ruínas de antigos burgos.



Frei Bernardo de Brito, 1598, em Monarchia Lusitana; Gaspar Estácio, 1625, em Várias Antiguidades de Portugal e Manuel Pereira de Novaes em Anacrisis de Portugal (manuscrito datado do século XVII), fazem também várias referências à Citânia de Briteiros.



Frei Martinho de São Paulo faz em 1571 a descrição mais antiga que se conhece sobre antas.



O século XVII não traz evoluções significativas à Arqueologia.



Já o século XVIII é uma época de fomento; procede-se à inventarização, institucionalização e regulamentação.



A Cartografia Portuguesa foi publicada em 1706 por António Carvalho da Costa.



Em 1720 é fundada uma perniciosa Academia Real da História Portuguesa Eclesiástica e Secular. Aos sócios (académicos, por vezes sacerdotes), era destinado uma etapa da História para desenvolverem a devida pesquisa. Mau sistema, pois os resultados obtidos foram pouco ou nada científicos.



Alexandre Herculano referia, “que se tratava de uma História deturpada em que se inventavam inscrições e se fazia uma História pouco isenta.”



Protecção do Património

Foi decretada por alvará de João V em 1721 uma primeira lei de protecção aos monumentos em Portugal. Martinho de Mendonça e Pina apresenta à Academia um volumoso trabalho sobre dólmenes em Portugal, um ano mais tarde o padre António da Madre Deus Guerreiro apresenta uma lista de 315 antas, que infelizmente se perdeu.



Ainda no reinado de João V, o padre Luiz Cardozo organizou um Dicionário Geográfico.



Em 1761 o abade José Gaspar Simões descreveu num manuscrito algumas antas do Alentejo e das Beiras.



1779: Real Academia das Ciências

Em 1779 é fundada a Academia Real das Ciências, tendo como ambição ser mais prática que a Academia Real da História.



Dos fundadores realça-se António do Amaral, historiador e Cónego da Sé de Évora. Foi sócio e secretário da Real Companhia das Ciências.



Vilas Boas, o primeiro arqueólogo português

Frei Manuel do Cenáculo Vilas Boas (1724-1814), coleccionador de antiguidades e bibliófolo, foi o primeiro a utilizar a escavação arqueológica, começando a escavação da Oppidum de Cola (próximo de Ourique, Alentejo). Apresentou as suas descobertas na obra Monumenta Linguæ Iberæ, publicada em 1793. Com o seu espólio, formou-se o Museu de Évora.



Nos fins do século XVIII, Joaquim de Santa Rosa de Viterbo apresenta em 1798 o seu Elucidário e António Pereira de Figueiredo publica em 1781 as Memórias da Academia Real das Ciências, continuando simultaneamente estudos sobre antas e sobre Etnologia.



Século XIX

O século XIX é cunhado por grandes vultos como os de Martins Sarmento, Estácio da Veiga, Carlos Ribeiro, Nery Delgado ou F.A. Pereira da Costa.



F.A. Pereira da Costa preparou em 1867 uma exposição para o Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-histórica, em Paris, intitulada Noções sobre o Estado Prehistorico da Terra e do Homem seguida da Descripção de Alguns Dolmins ou Antas de Portugal, que publicou no ano seguinte.



1849: A Sociedade Arqueológica Lusitana

Funda-se em 1849 a Sociedade Arqueológica Lusitana, que foi a primeira associação arqueológica nacional. À Real Sociedade de Archeologia aderem personalidades importantes, como Almeida Garrett, Feliciano Castilho e Alexandre Herculano; Manuel da Gama Xero foi um dos dinamizadores.



Comissão Geológica do Reino

A Origem das Espécies de Charles Darwin é publicada em 1859; entre 1852 e 1857 é criada a Comissão Geológica do Reino, organismo dependente da Academia das Ciências de Lisboa, e que mais tarde seria denominado Serviços Geológicos, dirigida por Filipe Folk e subordinada à Direcção-Geral de Trabalhos Geodésicos.



Esta Comissão Geológica não estava direccionada para o estudo da Pré-História, mas funcionava interligada a esta disciplina. Na Comissão pronto chocaram diferentes personalidades com diferentes ideias.



A rivalidade entre Carlos Ribeiro e Pereira da Costa levou a que se extinguisse esta comissão em 1868, passando as colecções aí presentes para Lisboa, guardadas na Escola Politécnica, onde Pereira da Costa era professor docente. No ano seguinte, reaparece a Comissão Geológica, desta vez sob a direcção de Nery Delgado e Carlos Ribeiro, não podendo estes contar com a colecção que tinha ficado na Escola Politécnica.



É em 1863 que Carlos Ribeiro descobre na margem de um afluente do Tejo os célebres Concheiros de Muge, que relaciona com descobertas semelhantes da Dinamarca.



Carlos Ribeiro, grande impulsionador da actividade arqueológica da Comissão Geológica, fez outras descobertas importantes: as grutas do Poço Velho (Cascais) as Antas do Monte Abraão (Belas) — e o povoado fortificado de Leceia (Oeiras).



Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses

É também em 1863 que se constitui a Associação dos Arquitectos Civis e Archeólogos Portugueses, presidida por Joaquim Possidónio da Silva, arquitecto de formação francesa e defensor de uma arqueologia reducionista, vocacionada ao Belo & Bonito.



Mas de França veio também a preocupação de conservar monumentos e sítios arqueológicos. A partir deste período, começa-se a viver uma “consciência social”, atitude que fomentou o progresso da Arqueologia.



Estácio da Veiga: o parteiro da Arqueologia portuguesa

Sebastião Philippes Martins Estácio da Veiga foi um dos protagonista da “Idade de Ouro” da Arqueologia portuguesa. Ao arqueólogo algarvio, nascido em 1828 em Tavira, devemos as Antiguidades Monumentaes do Algarve – a primeira documentação sistemática dos sítios arqueológicos do Sul.



Hoje, esta magnífica obra continua a ser uma importante referência – e uma emocionante leitura. 229 Arqueologia em Portugal Até 2003 foram detectados na necrópole de Alcalar um total de 29 túmulos; os primeiros e mais importantes forma descritos em 1880, passando depois a ocupar cinco gerações consecutivas de arqueólogos.



Em 1880 e 1891, Estácio da Veiga alerta contra os perigos de uma excessiva centralização desta área da cultura, preconizando um programa de regionalização, com divisões coordenadoras da actividade arqueológica, com museus, bibliotecas e programas editoriais próprios, com a finalidade de estabelecer as respectivas Cartas Arqueológicas regionais e zelar pelos patrimónios locais. Propõe introduzir o ensino da Arqueologia na Instrução Pública. Tais advertências e projectos, porém, não encontraram o merecido eco...





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